As Regiões Costeiras : Recifes : Praias Arenosas : Mangue

 As  Regiões Costeiras

           Os oceanos acabam se encontrando, formando uma massa única de água. Porém, nas zonas costeiras do continente, encontramos regiões que constituem ecossistemas diferentes. Elas têm características próprias, diferentes das do mar, e apresentam fatores ambientais e comunidades biológicas específicas. A nossa costa , por  exemplo mede 8.400 Km de extensão, constituídos por vários ecossistemas, cujos limites não são bem definidos. Praias arenosas, dunas, baías fechadas, costões rochosos, mangues e estuários fazem parte da costa brasileira.

           Recifes 

           Os maiores recifes de coral do Brasil estão ao longo da costa sul da Bahia, principalmente no arquipélago de Abrolhos. Eles são formados por animais simples, os corais, que possuem um exoesqueleto calcário  - eles secretam  carbonato de cálcio ao redor do corpo. A colônia de coral, que é formada por organismos vivos, geralmente ocupa o topo de uma estrutura calcária grande e sem vida (proveniente de antigos corais). 

          Ao longo dos anos, forma-se um ambiente cheio de reentrâncias, onde se estabelece grande variedade de peixes e invertebrados.  Os recifes são resistentes à ação das ondas e correntes marinhas e são tipicamente tropicais, desenvolvendo-se em águas rasas, quentes e afastadas da desembocadura de grandes rios. Como a costa brasileira apresenta essas características apenas em poucos locais, não temos grandes recifes de coral .

          Os recifes de coral abrigam uma das maiores biodiversidades do planeta, comparável apenas a das florestas tropicais, pois são hábitat de uma série de organismos, como crustáceos e moluscos. Só de peixes, estima-se que existam cerca de 50 espécies endêmicas brasileiras, isto é, que só existem aqui. Mas, nem todo recife é de origem biológica e, portanto, orgânica. Há recifes de origem inorgânica, como os arrecifes. Alguns são formados por arenito e também apresentam grande diversidade de flora e fauna. 

          Há também os recifes artificiais, que são estruturas construídas pelo ser humano para os mais diversos fins e que acabam servindo de base para o estabelecimento de organismos, como uma ponte ou partes de um barco afundado. ambientes desse tipo atraem peixes em busca de abrigo e alimento.

         A Praia Arenosa 

          A vegetação natural das praias arenosas desenvolve-se em condições ambientais diferentes das de uma floresta, por exemplo. Há salinidade (presença de sais), forte insolação e falta de água, já que em solo arenoso ela escoa rapidamente depois das chuvas. Então, como as plantas sobrevivem nessas condições, que parecem inóspitas à primeira vista ? 

          As plantas da praia são rasteiras e suas raízes são superficiais e espalhadas, de modo a ajudar na fixação do vegetal, bem como a absorver a água rapidamente. Entre a vegetação da praia e a mata, geralmente encontramos uma faixa de transição, com espécies maiores, arbustos e pequenas árvores. Nesse trecho, localizam-se os mangues e os estuários. 

         O Mangue e o Estuário

         Atualmente, muitas pessoas reconhecem a importância dos mangues e aprenderam a enxergar sua beleza, mas nem sempre foi assim ! No passado, e ainda hoje, eles são vistos como ambientes feios, escuros, desconfortáveis (devido à presença constante de borrachudos, mosquitos-pólvora e mutucas) e associados a doenças (febre amarela e malária) e sujeira (por causa do mau cheiro). Por isso, os manguezais e os estuários eram considerados inúteis e usados para recolhimento de esgoto, lixo e detritos industriais, substâncias que os poluíram gradativamente. Eles também foram destruídos por aterros e dragagens mal planejados, construção de casas, portos, estaleiros, balneários e rodovias, além dos derramamentos de petróleo, que têm acontecido com certa frequência. 

         O Brasil tem uma das maiores extensões de mangue do mundo, que começa no Amapá e se prolonga até Santa Catarina. 

         O mangue  é um tipo  especial de floresta tropical, encontrado geralmente próximo a estuários e que só se desenvolve em temperaturas por volta de 20°C. Uma das suas principais características é que ele sofre a influência das marés. A água do mar se dilui na água doce que vem dos rios  que nele desembocam, sem haver erosão da ação das ondas porque a região é semiabrigada. 

         O estuário é essa massa de água proveniente da mistura do rio com o mar. Com o fluxo e refluxo dessas águas, a salinidade e a quantidade de oxigênio dissolvido na água variam, o que controla a distribuição da fauna . 

         O solo do mangue é constituído por partículas muito pequenas (de argila). Ele é uma espécie de lodo escuro, alagadiço, movediço, com muita salinidade, pouco oxigênio e uma mistura de raízes e material vegetal parcialmente decomposto, rico em nutrientes, que serve de alimento a muitas espécies. O cheiro característico do mangue se deve a essa grande quantidade de matéria orgânica em decomposição.   

         Para viver nesse ambiente,  a pouca variedade de plantas que aí se desenvolve necessita de adaptações especiais. Uma delas são as raízes de aeração, chamadas de pneumatófaros, que são pontas de raízes que crescem para cima, saindo da lama. Além de fixarem a planta na terra  e diminuírem o impacto das ondas da maré, elas auxiliam na absorção de oxigênio para a respiração, retirando-o do ar sobre a lama.  Pelo fato  de esse solo ser rico em matéria orgânica, há pouco oxigênio devido à intensa ação dos decompositores, que consomem grande parte desse gás. Além disso, a drenagem do solo não é adequada, o que o torna encharcado e também colabora na falta de aeração. 

       Outra adaptação a esse ambiente são as raízes aéreas, chamadas de raízes-escora, que  crescem a partir de caules e ramos acima do solo alagadiço e instável e sustentam a planta. Depois de chegarem ao solo, essas raízes participam da absorção de água e minerais, além de terem estruturas que permitem a respiração, possibilitando trocas gasosas com o ambiente. 

       Muitos animais, como os peixes, procriam na água dos estuários. As larvas e os  filhotes encontram abrigo e alimento nesse ambiente enquanto crescem, até poderem ir para o mar. O alimento, aliás, existe em abundância, o que faz desse ecossistema um dos mais produtivos do mundo, junto com os recifes. Dessa forma, até mesmo a vida em mar aberto depende da manutenção de mangues e estuários, assim como a vida dos pássaros migratórios, que neles encontram alimento e local de descanso. Não há muita variedade de espécies, porém as populações são numerosas.

         Nas raízes aéreas das árvores, na parte coberta pela maré, há grande variedade de algas. Várias espécies de caranguejos podem ser vistas escondendo-se no lodo ou mesmo nas árvores. Há ostras, mexilhões, mariscos e cracas que se alimentam filtrando, da água, fragmentos vegetais ricos em bactérias. A região é abundante em camarões, que buscam alimento. Podemos encontrar também espécies maiores, como tubarões, golfinhos e cações, que vão atrás de suas presas.   

 Fonte : SANTANA, Olga ; FONSECA, Aníbal . Ciências Naturais 8º ano . Editora Saraiva. 3ª edição. São Paulo : 2009 .


   Fonte das imagens : http://pt.wikipedia.org/wiki/Recife_de_coral
                                             http://pt.wikipedia.org/wiki/Manguezal

 GEOGRAFIA Newton Almeida