Brasil - População - Formação Étnica
Formação Étnica Brasileira
Os ameríndios (primeiros habitantes do Brasil, povos indígenas), os negros (trazidos como escravos) e os brancos (europeus, principalmente) formam os três grupos básicos da população brasileira. A intensa miscigenação ou mestiçagem entre esses grupos originou os mulatos (brancos com negros); cafuzos (indígenas com negros) e os caboclos ou mamelucos (indígenas com brancos).
As regiões geográficas brasileiras apresentam diferenças na distribuição da população, segundo a cor, o que pode ser explicado pelos diferentes processos de povoamento e de ocupação dessas regiões.
BRASIL – DISTRIBUIÇÃO DA POPULAÇÃO POR COR (%) - IBGE, 2005
BRASIL e GRANDES BRANCOS PRETOS PARDOS OUTROS
REGIÕES
BRASIL 49,9 6,3 43,2 0,6
Norte 24 3,8 71,5 0,7
Nordeste 29,5 7 63,1 0,4
Sudeste 58,5 7,2 33,4 0,9
Sul 80,8 3,6 15 0,6
Centro-Oeste 43,5 5,7 49,9 0,9
Encontramos maior concentração de pardos (nomenclatura usada pelo IBGE para definir os mestiços) na região Norte, em razão da mestiçagem entre os primeiros habitantes (indígenas), o colonizador europeu branco (português) e a mão-de-obra nordestina.
Os negros concentram-se no Sudeste e no Nordeste, respectivamente, pelo fato de a escravidão ter sido mais intensa nessas regiões.
A maior concentração de brancos na região Sul é explicada, entre outros fatores, pela necessidade que Portugal tinha de ocupar todo o território brasileiro para garantir sua posse efetiva e pela menor utilização da mão-de-obra escrava nas atividades econômicas da região. A imigração de europeus para o Sul, principalmente a partir do século XIX, também contribuiu para o predomínio da população branca na região.
O Mito da Democracia Racial
Um dos aspectos levantados pelos CENSOs brasileiros é a distribuição da população segundo cor ou raça. Para realizar esse levantamento, o IBGE apresenta cinco grupos étnicos, definidos, de modo geral, pela cor da pele, para que as pessoas se auto classifiquem .
Durante muito tempo acreditou-se que a “mistura” de povos fazia do nosso país uma democracia racial, isto é, um país sem racismo, onde todos seriam tratados da mesma forma e teriam as mesmas oportunidades. No entanto, em nosso país há um racismo disfarçado contra negros e indígenas, levando grande parte da população a não reconhecer sua própria origem. Prova disso é que muitas pessoas que poderiam ser classificadas como pardas ou negras se auto declaram brancas.
Ao comparar, por exemplo as taxas de analfabetismo da população brasileira, dividida pela cor ou raça, verificamos a enorme desigualdade : 7% da população branca é analfabeta, e entre a população parda e negra esse valor dobra, sendo 15,6% e 14,6% respectivamente. Abaixo, a figura mostra o analfabetismo por região, demonstrando que as diferenças relacionadas à cor da pele somam-se às diferenças regionais.
Um País Marcado pela Diversidade
Essa diversidade aparece em características culturais, como língua, religião, música, hábitos alimentares, e também nas características físicas das pessoas, como cor da pele, dos cabelos, estatura, etc. Entre os elementos mais evidentes da presença de culturas diversas na formação de nossa população, está a língua falada. Dos portugueses, herdamos nossa língua oficial. No entanto, nossa língua portuguesa não é falada da mesma forma por toda a população. Há diferenças regionais que aparecem, por exemplo, no sotaque das pessoas. Além disso, na língua portuguesa falada no Brasil, há muitas palavras de origem indígena e africana.
Os Povos Indígenas
Muitos diferentes povos indígenas habitavam nosso território antes da chegada dos colonizadores europeus, no século XVI. Mesmo tendo sido quase dizimados, principalmente na costa leste do Brasil, os indígenas influenciaram hábitos da população não indígena, como banhar-se todos os dias, usar redes e consumir mandioca e seus derivados.
Ainda hoje, os grupos indígenas do Brasil, que vivem em sua maioria nas Terras Indígenas (leia o apêndice abaixo), resistem e lutam para preservar a sua cultura. Mesmo os grupos que vivem em terras demarcadas enfrentam problemas, como as invasões de terras que geram conflitos com não indígenas. Outros grupos vivem aculturados nas cidades, em precárias condições de vida, sem recursos para a saúde, alimentação ou educação.
Segundo o CENSO realizado pelo IBGE em 2000, os indígenas constituíam apenas 0,4% da população brasileira, fortemente concentrados na região norte. Pode-se constatar um crescimento da população indígena nos últimos anos: segundo levantamento feito pela FUNAI (Fundação Nacional do Índio), esse aumento foi em média de 250%, passando de 100 mil na década de 1970 para aproximadamente 350 mil no fim de 2003. O CENSO de 1991 registrou 306.245 índios no país. Hoje, a taxa de natalidade, segundo estatísticas da FUNAI, chega a ser 10% acima da média nacional. Segundo o CENSO de 2010 a população de indígenas do Brasil é de 817 mil.
Pelo menos 70% das 429 áreas indígenas estão invadidas por madeireiros e garimpeiros. Podemos citar três pontos onde os conflitos entre índios e brancos provocaram mortes dos dois lados :
- Reserva Raposa Serra do Sol , em Roraima . A demarcação da área desta reserva está sendo disputada por fazendeiros e posseiros
A Raposa Serra do Sol foi demarcada pelo Ministério da Justiça, através da Portaria Nº 820/98, posteriormente modificada pela Portaria 534/2005. A demarcação foi homologada por decreto de 15 de abril de 2005, da Presidência da Republica. Mais da metade da área é constituída por vegetação de cerrado, denominada regionalmente de “lavrado”. A porção montanhosa culmina com o Monte Roraima, em cujo topo se encontra a tríplice fronteira entre Brasil, Guiana e Venezuela. É uma das maiores terras indígenas do país, com 1.743.089 hectares e 1000 quilômetros de perímetro.
- Limão Verde , em Mato Grosso. Demarcada em 1928 pelo extinto Serviço de Proteção ao Índio (SPI), esta reserva está invadida há trinta anos por 26 famílias de brancos. No rio Javari, os corubos, mais conhecidos por “ caceteiros”, mataram mais de 200 pessoas desde 1996. Muitos eram seringueiros e madeireiros, que entraram nas terras indígenas sem saber que eles estavam ali.
- Reserva Roosevelt, em Rondônia. Nesta área, em 2004, 29 garimpeiros que agiam de forma ilegal na região foram massacrados pelos índios Cintalarga.
Apêndice : “ ... A definição de terras tradicionalmente ocupadas pelos índios encontra-se no parágrafo primeiro do artigo 231 da Constituição Federal : são aquelas por eles habitadas em caráter permanente, as utilizadas para suas atividades produtivas, as imprescindíveis à preservação dos recursos ambientais necessários a seu bem-estar e as necessárias a sua reprodução física e cultural, segundo seus usos, costumes e tradições . ... Grandes partes das Terras Indígenas no Brasil sofre invasões de mineradores, pescadores, caçadores, madeireiros e posseiros. Outras são cortadas por estradas, ferrovias, linhas de transmissão ou têm porções inundadas por usinas hidrelétricas “ (Instituto Socioambiental. disponível em www.socioambiental.org.br ).
O Brasil tem atualmente cerca de 600 terras indígenas, que abrigam 227 povos, com um total de aproximadamente 480 mil pessoas. Essas terras representam 13% do território nacional, ou 109,6 milhões de hectares. A maior parte das áreas indígenas - 108 milhões de hectares - está na chamada Amazônia Legal, que abrange os Estados de Tocantins, Mato Grosso, Maranhão, Roraima, Rondônia, Pará, Amapá, Acre e Amazonas. Quase 27% do território amazônico hoje é ocupado por terras indígenas, sendo que 46,37% de Roraima correspondem a estas áreas.
Os Povos Africanos
Assim como os indígenas, os povos africanos pertenciam a diferentes grupos étnicos, vindos de várias regiões da África, e representavam, numericamente boa parte do total da população no período da colonização. Aproximadamente 4 milhões de africanos foram trazidos para trabalhar como escravos no Brasil, entre os séculos XVI e XIX .
Apesar da repressão sofrida pelos povos africanos durante o período de escravidão, suas manifestações culturais, tais como a música, a religiosidade, a dança e a comida, compõem a cultura brasileira. Basta lembrarmos de duas das “marcas registradas” do Brasil : a feijoada e o samba.
Hoje, milhares de famílias de descendentes dos povos escravizados vivem nas comunidades remanescentes de quilombos (onde se localizavam os antigos quilombos), existentes em muitos estados brasileiros. Até novembro de 2008, haviam sido tituladas 87 terras quilombolas, nas quais vivem cerca de 9 mil famílias. A Região Norte, principalmente o Pará, concentra a maior parte das comunidades.
Os Imigrantes
Grande parte da população brasileira é formada por imigrantes ou descendentes destes. A chegada desses imigrantes se deu principalmente entre meados do século XIX e meados do século XX , quando muitos europeus (principalmente portugueses, italianos, espanhóis e alemães) e asiáticos (sírios, libaneses, japoneses, entre outros) chegaram ao país.
Os italianos, que formaram um dos grupos mais numerosos de imigrantes estabelecidos no Brasil, a partir do final do século XIX , dirigiram-se principalmente para o estado de São Paulo. Na capital desse estado, a influência italiana pode ser notada, por exemplo, nos hábitos alimentares dos paulistanos.
A imigração, ou seja, a vinda de estrangeiros para residir no Brasil, foi resultado tanto da crise em outros países (da Europa, e o Japão, em especial no final do século XIX e nas primeiras décadas do século XX) como dos esforços do governo brasileiro em incentivar a vinda de imigrantes para cá. Este segundo fator decorreu da necessidade de o país atrair mão de obra para as lavouras cafeeiras, em um momento em que escravidão tornava-se ilegal no Brasil. A partir de 1850, quando o tráfico de escravos cessou ( a lei Eusébio de Queirós proibiu a vinda de novos escravos ) a imigração se intensificou, mas em um número pouco expressivo.
O período áureo da imigração para o Brasil ocorreu entre 1850 e 1934. A Constituição promulgada em 1934 estabeleceu medidas restritivas à vinda de estrangeiros, razão pela qual a imigração para o Brasil diminuiu consideravelmente. Uma dessas medidas foi o sistema de cotas , de acordo com o qual, a cada ano, não poderiam ingressar no país mais de 2% do total de entradas de imigrantes de cada nacionalidade nos últimos cinqüenta anos.
O momento de maior incentivo à vinda de imigrantes foi a abolição da escravatura, em 1888, que impulsionou o governo brasileiro a buscar nova força de trabalho na Europa e no Japão. As maiores entradas anuais de imigrantes ocorreram no período entre 1888 e 1914-1918 (anos da Primeira Guerra Mundial). Após a guerra, com o avanço da indústria paulista, que já se tornava a mais importante do país e expandia seu mercado consumidor a outras partes do Brasil (do nordeste ao Sul), o deslocamento de migrantes nordestinos para a cidade de São Paulo e áreas cafeeiras passou a ser mais numeroso do que a entrada de imigrantes estrangeiros. Isso ocorreu porque a expansão da indústria paulista, em virtude da concorrência de mercado, provocou a falência de diversas empresas têxteis nordestinas. Por causa disso, as atividades tradicionais do Nordeste (como a produção do açúcar e o cultivo do algodão, que dependiam do mercado externo) entraram em declínio, elevando o índice de desemprego e gerando, consequentemente, a saída de pessoas dessa região.
Assim, do fim do século XIX até princípios do século XX, o Brasil foi um país que registrou intensa imigração. Porém, não podemos comparar a realidade brasileira com a dos estados Unidos, por exemplo (onde ingressaram cerca de 40 milhões de imigrantes), do Canadá, da Austrália ou mesmo da Argentina. O total de imigrantes que entraram no Brasil de 1850 até 2005 é superior a 5 milhões, dos quais aproximadamente 3 milhões fixaram-se aqui. O restante deixou o país.
Fonte : ALMEIDA, Lúcia Marina Alves de ; RIGOLIN, Tércio Barbosa . Geografia , Série Novo Ensino Médio, Volume Único. Editora Ática . 3ª edição. São Paulo : 2008.
DANELLI, Sonia Cunha de Souza. Projeto Araribá Geografia 7º ano. Editora Moderna. 2ª edição. São Paulo : 2007 .
VESENTINI, J. William ; VLACH, Vânia. Geografia Crítica 9º ano. Editora Ática. 4ª edição. São Paulo: 2010.
Internet : http://pt.wikipedia.org/ , pesquisado em 15 de novembro de 2011 .
Geografia Newton Almeida
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