segunda-feira, 14 de novembro de 2011

Hegemonia Mundial - Século XXI : Áreas Periféricas





Geografia Newton Almeida


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        Quem terá  hegemonia no Século XXI  ? 

                 Áreas periféricas 

    As nações da América Latina, da Ásia em geral (exceto Japão, China, Índia e os Tigres Asiáticos) e, principalmente, da África são vistas como os eternos candidatos a retardatários, a perdedores na nova ordem mundial. 
      Existem alguns problemas comuns nesses países : governos incompetentes (com frequência corruptos) e que investem muito mal os seus recursos, sistemas escolares precários, populações em  geral com baixíssima  escolaridade e enormes desigualdades sociais, o que limita bastante o poder aquisitivo da imensa maioria da população. Por outro lado, há grandes diferenças entre essas nações e entre elas e outras regiões do globo.    
     A África  ao sul do Saara é a região com maiores problemas. Os níveis de pobreza, subnutrição , baixa escolarização, etc. são em média os mais elevados do mundo. Aí é preciso começar quase do  zero: criar boas universidades e institutos de pesquisas, construir sistemas escolares para a maioria da população,  reformar e modernizar completamente a agricultura para que ela alimente adequadamente a população, industrializar as matérias-primas (minerais, agrícolas) para que as exportações não sejam quase somente de produtos primários, cujo valor é baixíssimo no mercado internacional. 
   Mas, como fazer tudo isso se não há recursos ? Como investir nesses setores se a população cresce em ritmo intenso e a produção econômica, salvo raríssimas e temporárias exceções, não acompanha esse ritmo ? E como tentar modernizar o Estado-Nação se não existe nacionalismo ? Praticamente todos esses países são artificiais, ou seja, uma  junção arbitrária de inúmeras etnias que têm idiomas e culturas diferentes.  
   Esses são os principais dilemas da África subsaariana para o século XXI. O grande laboratório dessa região do globo, o Estado que poderá indicar o caminho para os demais, é a África do Sul, a verdadeira potência regional desse conjunto de países. Além de ser a economia mais industrializada do continente, a África do Sul é o lugar onde atualmente se tenta construir a primeira experiência de democracia multiétnica, em que brancos, asiáticos e africanos de diversas etnias ou culturas procuram viver em harmonia e com eleições periódicas e livres. Se essa experiência for bem sucedida, pois ela ainda está começando, poderá servir de exemplo para a África subsaariana, onde o autoritarismo e os  permanentes conflitos étnicos geralmente atrapalham enormemente a modernização da  sociedade. 
    A situação da América Latina não é tão precária. Existem aqui economias bastante industrializadas - notadamente no Brasil, no México e na Argentina - e também alguns bons sistemas escolares, universidades e institutos de pesquisas, que em parte foram semidestruídos nos anos 1970 e 1980, principalmente pelas ditaduras militares, mas que podem ser recuperados e expandidos. O grande desafio é modernizar o poder público, os governos em todos os níveis, que salvo raras exceções, são extremamente ineficazes e corruptos - eles mais atrapalham que ajudam a modernização da economia e da sociedade -, e distribuir melhor a renda, de forma que não haja tanta desigualdade. As reformas necessárias para o desenvolvimento da América Latina em geral não são tão problemáticas quanto na África - elas são possíveis e desagradam apenas a grupos extremamente minoritários. Ademais, o crescimento populacional nesse continente é em média bem menor que na África e na maior parte da Ásia, e o crescimento econômico, que praticamente não existiu durante pelo menos quinze anos (1980 a 1995), parece que começa novamente a ocorrer. Mas aqui as diferenças nacionais são bem mais pronunciadas: há países com péssimas condições (Haiti, República Dominicana, Nicarágua) e países com boas condições de vida (Costa Rica, Bahamas, Uruguai, Chile). 
     Apesar de sua enorme variedade, o chamado "mundo islâmico" tem vários traços em comum. Seu centro é o Oriente Médio, ou sudoeste da Ásia, mas ele também abrange o norte da África e algumas nações do sul e do sudeste da Ásia (Bangladesh, Paquistão, Indonésia e outros). Existem nessa imensa região as maiores taxas de crescimento populacional do mundo na atualidade. A religião muçulmana é a principal responsável  por isso, já que não admite qualquer forma de controle de natalidade, nem mesmo a pílula ou os preservativos. Isso é desvantajoso do ponto de vista socioeconômico, pois mais importante que o número de pessoas é  a sua qualidade de vida, o seu poder aquisitivo .  E o crescimento econômico dificilmente consegue acompanhar as altas taxas de crescimento demográfico. Também a situação das mulheres é precária, pois existe uma tradição que afirma que elas não podem ter funções de liderança, não podem dar prioridade ao estudo ou à profissão e sim à família e aos filhos. Tudo isso limita as perspectivas dessa região, pois as áreas e nações mais dinâmicas no século XXI serão aquelas que, entre outras coisas, utilizarem mais intensamente o enorme potencial feminino. Como o mais importante são os recursos humanos qualificados e as mulheres representam mais da metade da população mundial, uma nação ou região que subutilizar (isto é, usar mal, não aproveitar adequadamente) o trabalho e a criatividade feminina estará disputando um jogo muito competitivo em condições de desvantagem.
    Assim, o grande desafio dessa imensa região é reformar as tradições religiosas, ser mais tolerante ou mais liberal com o controle de natalidade e com as mulheres. Já existem lutas ou movimentos internos (por exemplo no Egito, a principal economia do norte da África) que tentam modificar essas tradições. Mas existe também o movimento oposto, os grupos fundamentalistas radicais, que procuram reprimir violentamente toda mudança nessas tradições e que, se vitoriosos, poderão levar a uma  multiplicação de conflitos e movimentos terroristas em nome da propagação do islamismo. 
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  Fonte :  VESENTINI, J. William ; VLACH, Vânia. Geografia Crítica 9º ano. Editora Ática. 4ª edição.  São Paulo: 2010.

        
    


        

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