sábado, 28 de janeiro de 2012

CHINA - Aspectos Históricos Revolução Cultural Chinesa Economia e Religiões


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                     China : um universo dentro do mundo 


   Com mais de 5 mil anos de história, a China passou do artesanato e da agricultura rudimentar aos projetos aeroespaciais do século XXI, enfrentou interesses de países imperialistas e viveu uma revolução que derrubou tradições e implantou o socialismo. 
  
Figura abaixo : vista da Grande Muralha, no trecho da província Mutianyu (China, 2006) . 
Geografia Newton Almeida

                    Contrastes chineses

   Os chineses investiram US$ 2,5 bilhões de dólares no projeto da espaçonave Shenzhou. O curioso é que a nave foi lançada da Província de Gansu, uma das mais pobres do país, cuja população local possui renda um pouco superior à 1 dólar por dia. Isso prova que, na China, convivem mundos que se desconhecem, tão próximos e ao mesmo tempo tão distantes. 

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    Foto acima :  espaçonave chinesa Shenzhou, no momento de seu lançamento em 15 de outubro de 2003. 

                      O processo de modernização chinês 

    A China é o terceiro maior país do mundo em extensão (9.573.000 Km²) e abriga a maior população do planeta (1,3 bilhão de habitantes). Nela se localizam extraordinárias obras antigas, como a Grande Muralha , o Grande Canal e a faraônica e moderna usina hidrelétrica de Três Gargantas.
    Do século XIII em diante, o país passou a estabelecer contato com o Ocidente pelas rotas comerciais que o ligavam à Europa. No século XVI, os portugueses fundaram Macau, no litoral sul. No início do século XIX, iniciou-se efetivamente o domínio ocidental, com os interesses dos britânicos, com os quais a China travou duas Guerras do Ópio, droga que o inimigo conseguiu afinal impor ao grande mercado consumidor chinês. 
      O país  havia passado por grande desenvolvimento cultural entre os séculos XVII e XVIII, com o expansionismo manchu. Porém, a partir da  segunda metade do século XIX, o crescimento populacional, o aumento dos impostos e a corrupção levaram o grande império à decadência e à fragmentação de parte de seu território - controlado por rebeldes, com o apoio de potências europeias (como a Inglaterra e França), e pelo Japão.  
    Movimentos nacionalistas contrários à ocupação estrangeira intensificaram-se e em 1912 o imperador, cuja figura já estava desgastada, foi deposto. Iniciou-se então um período  republicano, no qual, no entanto, os problemas econômicos, políticos e sociais permaneceram, pois o país continuava dependente das potências estrangeiras. 
     A crise social conduziu a China a uma longa guerra  civil, opondo nacionalistas, alinhados a países estrangeiros e liderados por Chiang Kai-Shek, e comunistas, sob o comando de Mao Tsé-Tung e do Partido Comunista Chinês. A guerra civil chegou ao fim em 1949, quando os comunistas conseguiram vencer definitivamente os nacionalistas e implantar a República Popular da China, com um modelo político e econômico socialista. 
       Chiang Kai-Shek e seus comandados refugiaram-se no Arquipélago de Taiwan (Formosa), onde fundaram a República da China ou China Nacionalista, de economia capitalista.

                    Da China socialista á abertura econômica 


    Inicialmente, o modelo chinês baseou-se no da então União Soviética, sua aliada até o final da década de 1950, quando se deu o rompimento político com a então  segunda potência mundial. Durante toda a década de 1960, a China viveu um isolamento internacional. Foi nesse período que o governo realizou a Revolução Cultural, uma  tentativa de radicalização do regime comandada por Mao Tsé-Tung . 


                    A Revolução Cultural chinesa 


   A Revolução Cultural foi um período de transformações na China, implantado por Mao Tsé-Tung a partir de 1966. O plano de Mao era radicalizar o regime comunista e fortalecer seu poder pessoal. Para isso, estimulou a população, em especial a juventude, a se rebelar contra seus adversários dentro do Partido Comunista Chinês. Cerca de 20 milhões de estudantes formavam as Guardas Vermelhas, realizando perseguições em grande escala. Todos os  que não seguiam as idéias contidas no chamado Livro Vermelho eram acusados de reacionários. A morte de Mao, em 1976, abriu caminho para a ascensão do político Deng Xiaoping. Com a mudança no poder, em 1977, a Revolução Cultural foi oficialmente encerrada.  
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       Foto acima :  soldados da Guarda Vermelha, carregando a imagem de Mao Tsé-Tung, em Pequim (China, 1967) . 
            
                  Crescimento e autoritarismo


    Deng Xiaoping iniciou amplas reformas econômicas na China, visando à abertura para um futuro modelo capitalista. As mudanças possibilitaram a obtenção de lucros por meio da entrada do capital  estrangeiro, das relações comerciais com vários países e de  acordos de cooperação técnica e científica. 
    Durante a década de 1980, foram criadas, em determinados pontos do território chinês, as ZEE's (Zonas Econômicas Especiais), com o principal objetivo de atrair grandes empresas estrangeiras, com seus capitais, tecnologia e know-how. 


                 Zonas Econômicas Especiais  - ZEE's


   Criadas na década de 1980 por Deng Xiaoping, as ZEE's visavam atrair investimentos de empresas estrangeiras para estimular com isso a exportação e, ao mesmo tempo, a expansão do mercado doméstico. As empresas estrangeiras foram atraídas pela farta mão-de-obra barata e pela   possibilidade de venda de seus produtos para o imenso mercado consumidor chinês.  


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Foto acima : vista panorâmica do Porto de Xangai (China, 2005). A China passou a ser um país exportador e importador de grande porte no século XX . 


     As reformas implantadas proporcionaram à China altas taxas de crescimento econômico e aumentos significativos da renda per capita, que beneficiaram cerca de 270 milhões de chineses, tirando-os da situação de pobreza. Contudo, não houve mudanças no sistema político, e o poder permanece centralizado no Partido Comunista. As manifestações  populares por maior liberdade de expressão e democracia foram duramente reprimidas e resultaram em perseguições políticas e execuções sumárias. 
     Apesar do grande crescimento econômico, do desenvolvimento tecnológico e da abertura do país  aos capitais estrangeiros, sua população ainda apresenta enormes disparidades sociais e econômicas. Abaixo, algumas disparidades existentes na China. 


                       China moderna                                              
  É a terceira potência aeroespacial do mundo.   Recebeu 53 bilhões de dólares de                           investimentos estrangeiros em 2002.  Cresceu 10% em média na década de 1990. É a segunda produtora de eletricidade no mundo. Tem 111 milhões de pessoas com acesso à internet. 


                      China arcaica
    Possui 637 milhões de chineses vivendo com menos de 2 dólares por dia . Ocupava em 2005, a 81ª posição do IDH. Tem 6 de cada 10 habitantes sem saneamento básico. Polui três vezes mais que os EUA em proporção ao PIB, em parte devido à queima de carvão. Exige que todos os provedores de internet tenham filtros  que neguem acesso a páginas sobre direitos humanos, o Tibete e o massacre na Praça da Paz Celestial.  
   Fonte : Veja, nº 1.825. são Paulo: Abril, 22 out. 2003, p. 128-129 (Atualizado) .


                      Desenvolvimento econômico, recursos minerais e energia


      Dispondo de enorme quantidade de mão-de-obra e abundantes recursos energéticos e minerais, no final da década de 1950 a China lançou a política econômica do Grande Salto para a Frente. O projeto, inspirado no modelo econômico e industrial soviético, estabeleceu a criação de um parque industrial pesado e diversificado, com indústrias de base e bélicas. As indústrias mecânica e siderúrgica receberam atenção especial e passaram a se desenvolver de forma acentuada. 
     No entanto, outros aspectos revelaram-se  um fracasso colossal. A implantação de uma reforma agrária estatal, com a criação das Comunas Populares, desorganizou a produção de alimentos e contribuiu para a grande fome que entre  1959 e 1962 matou cerca de 20 milhões de chineses. 
    Em 1966, a economia chinesa sofreu o impacto de nova desorganização, dessa vez associada à Revolução Cultural. A crise contribuiu para que o modelo industrial apresentasse graves problemas na década de 1970 : um quadro geral de obsolescência, baixas qualidade e produtividade, com os trabalhadores submetidos a péssimas condições de trabalho, geralmente mal remunerados e sem leis trabalhistas nem proteção sindical.


               Mudança de rumo     


    A partir da década de 1980, as reformas econômicas introduzidas por Deng XiaoPing facilitaram a expansão da atividade industrial, possibilitando o desenvolvimento das indústrias de bens de consumo, que têm recebido vultosos investimentos das empresas estrangeiras com filiais nas ZEE's - destacando-se as de Xangai (o mais importante centro industrial chinês) e Guangzhou. 
    Em 2001, de todas as exportações chinesas, cerca de 90% já eram de produtos industrializados, 20% dos quais de alta tecnologia, o que propiciou a entrada do país na OMC (Organização Mundial do Comércio), sinalizando o desenvolvimento de uma economia competitiva e de índole nitidamente capitalista. 
    A industrialização em qualquer país exige grande quantidade de recursos minerais. A China possui grandes reservas de carvão, sua principal fonte de energia, e destaca-se também na extração de tungstênio, estanho, cobre, chumbo, zinco e ferro. Isso sem contar que o petróleo é um importante produto de exportação do país e que as reservas de urânio favoreceram a implantação de usinas nucleares.    


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Mapa  acima : MARTINELLI, Marcello, Atlas geográfico: natureza e espaço da sociedade. São Paulo: Brasil, 2003, p. 61 . 


                 Hidrelétricas e termelétricas


      Merece destaque o grande potencial hidrelétrico chinês, cuja baixa exploração pelo país está  sendo resolvida em parte com a construção da gigantesca hidrelétrica de Três Gargantas, no Rio Yang-Tsé (Azul). Na foto abaixo : a usina hidrelétrica de Três Gargantas, cuja obra terminou em 20 de maio de 2006, levou seis anos para ser construída e consumiu cerca de US$ 24 bilhões. A potência gerada em suas 26 turbinas deve atingir 18.200 megawatts, ultrapassando a de Itaipu (Brasil, Rio Paraná), atualmente a maior do mundo. Por sua vez, a vazão de Três Gargantas equivalerá à da hidrelétrica brasileira de Tucuruí, no Rio Tocantins, a maior do mundo nesse aspecto. 
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      A maior parte da energia consumida na China é produzida por termelétricas, que empregam o carvão mineral e geram intensa poluição nos grandes centros urbanos chineses.  
   
                     A agropecuária chinesa 


    O setor agrícola da China é  responsável pela ocupação de  quase 60% da população economicamente ativa, sendo a agricultura uma atividade econômica estratégica do país. Apesar dos esforços do governo para modernizar a produção agrícola, a atividade é pouco mecanizada e apresenta baixa produtividade.
       A China é um grande importador de alimentos, como a soja e a carne, tendo os estados Unidos e o  Brasil entre os fornecedores mais importantes. 


                  Rebanhos 


      Na pecuária, destaca-se a criação de suínos,  -  a china tem o maior rebanho do mundo, com mais de 400 milhões de cabeças. Também têm grande importância os rebanhos de equinos, ovinos, bovinos e o setor avícola.
              
                  Cultivos 
     
       A grande extensão do território, associada à diversidade de solos e climas, favoreceu o desenvolvimento de diferentes culturas agrícolas. As principais áreas produtoras estão na parte oriental do país, onde o relevo pouco acentuado e a abundância de água favoreceram o desenvolvimento da agricultura.   
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Fonte: FERREIRA, Graça M. L., Atlas geográfico: espaço mundial. São Paulo : Moderna, 2003. p. 71. 

        A China é o maior produtor mundial de arroz, cultivado principalmente no vale do Yang-Tsé. O trigo, outro produto agrícola muito importante para a economia chinesa, é cultivado em associação com a soja no vale do Huang-Ho (Amarelo). O algodão sustenta uma produção têxtil que hoje atende a 30% do mercado mundial. Outros produtos que se destacam na agricultura do país são a cana-de-açúcar, o chá, a cevada, o milho e a seda.  


                     População e desenvolvimento social


      A população da China se caracteriza pela diversidade étnica e cultural. existem no país 56 etnias reconhecidas oficialmente, embora 92% dos chineses pertençam à etnia han. São falados no país diversos idiomas, e as diferenças religiosas também são consideráveis. 
     Um grande desafio para o governo chinês consiste em manter a unidade nacional diante das desigualdades sociais e disparidades regionais. 


                  Etnias mais numerosas  -  2006   
Han      1,138 bilhão
Zhuang      16 milhões
Manchu      11 milhões
Huí               9,9 milhões


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Fonte: FERREIRA, Graça M. L., Atlas geográfico: espaço mundial. São Paulo : Moderna, 2003. p. 71.


                     Religiões   -  2006 


Budismo         106 milhões
Cristianismo    74 milhões
Islamismo         17 milhões    


                         Línguas 
Mandarim  :  falado do norte ao sul do país, os dialetos do mandarim são compreendidos por 70% dos chineses . 


       Principais línguas meridionais 
Wu  : com o dialeto de Xangai  ( 90 milhões)
Cantonês   :  80 milhões 


          Fatores de coesão     


       Escrita 
Harmonia :  com mais de 3 milênios, é a mais antiga escrita em uso contínuo no planeta.


      Confucionismo   ( YIN - YANG ) 
Mais de 20% dos chineses declaram basear seu comportamento na doutrina sistematizada por Confúcio no século VI a.C., que enfatiza a unidade familiar, o respeito aos mais velhos e o culto aos ancestrais.   (Fonte : Calendario Atlante de Agostini 2009. Novara: Instituto Geográfico de Agostini, 2008. p. 423 ). 
                   
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Fonte: FERREIRA, Graça M. L., Atlas geográfico: espaço mundial. São Paulo : Moderna, 2003. p. 71.
                                                                                                                                           "                                                                                                                                                                 
 Fonte :DANELLI, Sônia Cunha de Souza . Projeto Araribá , Geografia 9º ano  . Editora Moderna . 2ª Edição  .  São Paulo : 2007  .  


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