Problemas Urbanos no Brasil - Moradias Precárias, as Favelas, Mobilidade Urbana, Poluição, Falta de Saneamento Básico, Ilhas de Calor nas Grandes Cidades
A rápida urbanização que aconteceu no Brasil, sem planejamento, trouxe diversos problemas nas grandes e médias cidades.
A Urbanização no BrasilNo Brasil aconteceu um dos maiores processos de êxodo rural do mundo. A população do campo foi diminuindo e a população que vive nas cidades foi crescendo. Isso aconteceu, basicamente, porque as condições de vida no campo estavam menos atrativas ou mais difíceis, e o início da industrialização brasileira, a partir de 1930, ofereceu melhores oportunidades fazendo crescer os núcleos urbanos, ou cidades.
Esse processo de urbanização é consequência de mudanças na economia. Ao longo do século XX o perfil da economia brasileira foi se modificando: de predominantemente agroexportador, nosso país passou a ser também industrializado. Foi a industrialização que intensificou o processo de urbanização, pois a produção industrial favorece o crescimento das cidades.
Uma nova indústria (ou fábrica) atrai outras atividades para a região onde foi implantada. Os trabalhadores preferem morar próximo ao trabalho, portanto novas casas são erguidas, desenvolvendo a construção civil. Essas pessoas que passaram a circular na região precisam se alimentar, e logo surgem restaurantes, padarias. Depois é claro que aparecerão novas lojas, oficinas mecânicas, salão de cabeleireiro, cinemas, lan- houses, ou seja, o crescimento do setor secundário da economia vai atrair o setor de serviços, ou setor terciário da economia, também. O Brasil deixou de ser um país com economia predominantemente do primeiro setor (agropecuária, extração de matérias-primas) e desenvolveu também o segundo e o terceiro setor econômico, o que teve como consequência a urbanização no Brasil.
A urbanização brasileira, que ocorreu em seguida ao êxodo rural, não foi planejada, acarretando vários problemas, que atingem o espaço urbano do Brasil, principalmente nas grandes e médias cidades, que concentram parcela significativa da população. O estudo desses problemas é importante para o planejamento de políticas públicas que permitam o encaminhamento das suas soluções.
Veja, abaixo, um gráfico que mostra o crescimento da população urbana brasileira, que em 1940 somava quase 13 milhões de habitantes, sendo bem menor do que a população rural que somava quase 29 milhões de habitantes. Ao passo que no ano de 2.000 a população urbana registrava o número de 138 milhões de habitantes, enquanto que nesse mesmo ano de 2.000 a população rural somava apenas pouco mais de 31 milhões de pessoas. Segundo a ONU (Organização das Nações Unidas), ao ano de 2050 a população urbana no Brasil estará somando pouco mais de 237 milhões de habitantes, quase 15 vezes a população rural que deverá somar pouco menos de 17 milhões de habitantes. Atualmente, o total de habitantes do Brasil é de cerca de 206 milhões (maio de 2016).
Problemas Urbanos no Brasil
Moradias Precárias, as Favelas
Na maioria das grandes e médias cidades do Brasil, muitas pessoas vivem em moradias precárias. Quanto maior a parcela de pessoas pobres de uma cidade, tanto maior será o número de moradias em precárias condições. Esse problema é resultado de desigualdades sociais, construídas desde o período de colonização no Brasil, que tinha o objetivo claro de levar as riquezas para a metrópole Portugal, em detrimento do real desenvolvimento de uma nova nação.
As favelas são conjuntos de moradias aglomeradas, construídas utilizando-se técnicas e materiais frágeis, e geralmente em terrenos sujeitos a enchentes ou desmoronamentos, sobre córregos ou à margem de rios e nas encostas e topos de morros. De modo geral, as favelas não contam com coleta de lixo, rede de esgoto, ruas asfaltadas, iluminação, serviço dos correios, e outros. Além disso, devido à aglomeração das moradias nas favelas, a incidência de luz solar e a circulação de ar são dificultadas, o que torna as favelas ambientes insalubres.
Em décadas atrás a opinião pública defendia a erradicação das favelas, no Brasil. Mas, a quantidade delas cresceu muito, tornando isso impossível. Ao mesmo tempo, observou-se a necessidade de respeitar e procurar diminuir as dificuldades de vida das pessoas que não têm outra alternativa, senão de viverem em uma favela. Com isso, o termo favela está sendo substituído pela palavra comunidade, a fim de resgatar a auto-estima das pessoas que lá vivem. O termo comunidade humaniza a favela, fazendo lembrar que na favela vivem pessoas trabalhadoras que lutam para criar e educar seus filhos, mantendo laços de união com seus vizinhos, mantendo vivos traços culturais marcantes.
O esforço individual das famílias que vivem em favelas é significativo e vem conseguindo erguer moradias mais seguras e dignas. Programas sociais persistentes no Brasil, como o Bolsa Família, aliados ao crescimento progressivo do salário mínimo, vêm trazendo uma diminuição da desigualdade econômica no Brasil, o que reflete em melhorias nas condições de vida nas comunidades.
Se o aspecto visual arquitetônico foi pouco alterado, para quem observa de fora, dentro das moradias das comunidades as famílias puderam melhorar a sua alimentação e adquirirem eletrodomésticos e mobiliário.
É importante que sejam ampliados os programas de habitação popular pelos municípios, e também o Minha Casa Minha Vida do Governo Federal, para dar a oportunidade de mudança das famílias, rapidamente, para um bairro. Ao mesmo tempo, as comunidades precisam receber os serviços de saneamento básico, para que definitivamente venham a se tornar bairros, e garantir condições dignas de vida aqueles brasileiros que lá vivem.
Infelizmente, a partir do ano de 2014, a economia do país entrou em crise, fazendo com o desemprego aumentasse significativamente e colocando em risco os avanços sociais recentes.
Mobilidade Urbana
Os moradores das grandes e médias cidades no Brasil gastam muito tempo no deslocamento diário da sua casa ao trabalho, já que o trânsito nas horas de pico fica congestionado. O investimento em transportes de massa, sistemas de trens e metrô, pode ser aliado a outras medidas simples, como o escalonamento de horários de entrada e saída dos trabalhadores, a fim de diminuir a saturação no trânsito. A partir de um entendimento entre o setores empresariais, poderia-se experimentar que as grandes empresas alternassem os turnos de seu funcionamento, a fim de que a ida e volta ao trabalho não se desse totalmente ao mesmo tempo. Outra medida administrativa que está aos poucos sendo implementada pelas empresas, é que o profissional realize suas tarefas de trabalho na própria residência, pela internet.
Um outro problema que vem crescendo, devido ao intenso tráfego nas rodovias são os acidentes envolvendo motociclistas, que fazem os números de atendimentos de politraumatismos crescerem nas emergências médicas das grandes cidades. A frota de motocicletas cresceu muito, como alternativa de deslocamento nos constantes engarrafamentos das grandes cidades, mas a imprudência e desrespeito às leis de trânsito têm levado a trágicos acidentes.
Poluição
A poluição do ar não afetou tanto as grandes cidades brasileiras, como aconteceu com outras tantas pelo mundo. Principalmente porque a matriz energética no Brasil utiliza os seus volumosos recursos hídricos. Na China, por exemplo, a poluição do ar é um gravíssimo problema, devido à queima do carvão, muito abundante lá, amplamente utilizado na geração de energia elétrica.
A principal fonte de poluição atmosférica, nas grandes cidades brasileiras é o escapamento das descargas dos automóveis, ônibus e caminhões e as indústrias. De maneira geral, a poluição atmosférica, diminuiu a partir do avanço das leis e normas ambientais. Uma indústria, por exemplo, para funcionar precisa obter a licença ambiental, devendo diminuir ou mesmo erradicar o lançamento de gases tóxicos ao ambiente. Os caminhões, ônibus e automóveis diminuíram muito a emissão de gases tóxicos, também por conta de maiores exigências para a diminuição do lançamento de poluição, devendo manter a frequente manutenção de seus motores.
Falta de Saneamento Básico
As formas de poluição mais agressivas, que se mantém nos ambientes urbanos das grandes e médias cidades do Brasil, são o acúmulo de lixo e a descarga de esgotos domésticos nos rios e mananciais. Isso se deve à precariedade nos serviços de saneamento básico no Brasil.
A população brasileira, com raras exceções, joga ao chão todo o tipo de lixo, o que contribui para a proliferação de vetores de doenças e para as enchentes e alagamentos. Em cidades com precária coleta de lixo o problema se torna insuportável, inclusive exalando mau cheiro nas suas ruas.
Em muitas cidades do Brasil, o esgoto não recebe qualquer tipo de tratamento e acaba contaminando o solo, os rios, os oceanos e até mesmo os mananciais que abastecem as cidades com água. Segundo dados da ONU (Organização das Nações Unidas), de 2006, cerca de 1,1 bilhão de pessoas no mundo não tem acesso à água potável e 2,4 bilhões não dispõem de condições sanitárias básicas. A consequência disso é o aumento do número de mortes por doenças como diarreia. De acordo com um estudo realizado pelo Instituto Trata Brasil, em 2011, embora o Brasil esteja entre as 10 maiores economia do mundo, ocupa, ainda, a 112ª posição no quesito saneamento básico.
Ilhas de Calor nas Grandes Cidades
Nas aglomerações urbanas em que há poucas áreas com vegetação, em geral ocorre o aquecimento da camada de ar mais próxima ao solo. Por causa desse fenômeno, chamado Ilha de Calor, os centros urbanos chegam a apresentar diferenças de até 10°C em relação às áreas vizinhas. O aumento da temperatura em dias de sol, se deve à utilização de materiais que absorvem o calor com maior intensidade, como o asfalto das ruas e avenidas, o concreto das calçadas e paredes de casas, o ferro das pontes e gradeamentos dos equipamentos urbanos, e o vidro presente em abundância nos prédios .
A Ilha de Calor é uma das mais evidentes consequências da ação do homem sobre o microclima de uma região. Em comparação com as áreas rurais, as temperaturas médias das cidades são mais elevadas. As variações térmicas, entre elas, pode chegar até a 7°C e ocorrem basicamente por causa das diferenças de irradiação de calor entre as áreas urbanizadas e as áreas verdes, e também por causa da concentração maior de poluentes (que bloqueiam a irradiação de calor da superfície) nas zonas centrais das grandes cidades. Citando como exemplo, a expansão da área urbana da cidade de São Paulo provocou um aumento de 1,3 ° C da temperatura média anual : 17,7 °C em 1920 para 19°C em 1995.
A elevação da temperatura em uma grande cidade, que chamamos de Ilha de Calor, é explicada pelo grande número de construções, uma vez que o concreto e o asfalto absorvem o mais o calor do Sol. Outro fato que contribui para a elevação da temperatura em grandes cidades é devido à concentração de gases poluentes, que são lançados na atmosfera por indústrias e automóveis, que contribuem para o aquecimento. Por fim, a Ilha de Calor é também formada pela dificuldade de a cidade dissipar os poluentes e o calor acumulado na sua atmosfera, pois a circulação do ar é barrada pelos prédios.
GEOGRAFIA Newton Almeida
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