quinta-feira, 11 de maio de 2017

Ambiente Natural e Ambiente Modificado - Como a Geografia Pode Contribuir para Preservar a Biodiversidade?

      O ambiente natural é o mesmo que a natureza intocada, onde o equilíbrio ecológico mantém-se até hoje e deverá perdurar assim por milhões de anos. A biodiversidade que existe nos ambientes naturais é enorme: nos mares habitam os maiores mamíferos do planeta, as baleias, juntamente com uma infinidade de espécies de peixes, de moluscos, de corais; nas florestas são encontrados os magníficos felinos, tigres, leões (savanas), panteras, onças, também os maiores mamíferos terrestres, os elefantes (savanas da África), etc.
       Os cientistas classificaram cerca de 1,5 milhão de espécies de seres vivos, mas estima-se que exitem de 10 a 50 milhões. Nosso Brasil é berço de 20% de toda a biodiversidade do mundo, e a Amazônia, bioma floresta equatorial, é a nossa maior riqueza, um verdadeiro patrimônio, um ambiente natural que precisa ser preservado.
          O ambiente modificado é bem conhecido por cada um de nós. São os lugares onde vivemos, as regiões que foram desmatadas para a construção de estradas, ou para a importante atividade da agricultura, ou que se transformaram nas grandes cidades (imagem abaixo: vista do litoral do Rio de Janeiro, Bairro São Conrado). 
        A ação do homem vem alterando a superfície geográfica, utilizando os recursos naturais para seu benefício, para obter melhor qualidade de vida e mais conforto. À medida que o poder da ação humana aumenta, devido ao desenvolvimento tecnológico, é necessário que todos se conscientizem da responsabilidade disso, pois até que ponto o desequilíbrio ecológico coloca em risco as gerações futuras? O lucro fácil e irresponsável, que enriquece uma ou um grupo de pessoas, desmatando ilegalmente, lançando rejeitos em rios e mares, traz prejuízos catastróficos a milhares e até milhões de pessoas e animais. 
         A história humana é repleta de casos de alterações do ambiente, feitas sem estudos ou mal planejados, que resultaram em catástrofes ambientais. Um caso emblemático, e que é importante ser lembrado, é o desaparecimento do outrora gigantesco Mar de Aral, que era o quarto maior lago do mundo, com 68.000 km² de superfície. 
    O Mar de Aral está localizado na Ásia central, entre o Cazaquistão e o Usbequistão, a 600 quilômetros do Mar Cáspio. No antigo regime socialista da União Soviética, por volta de 1960, foram feitos canais de irrigação utilizando águas do Mar de Aral para a plantação de algodão. No início deu certo, com safras lucrativas, mas após vinte anos tudo mudou! A agricultura não prosperou, e o Mar de Aral foi definhando trazendo enormes prejuízos aos pescadores, transformando toda a região em um deserto. Atualmente restou apenas 10% do antigo Mar de Aral. Para se ter uma ideia, a extensão territorial do estado do Rio de Janeiro é de pouco mais de 43.000 km², portanto o Mar de Aral tinha quase o dobro do tamanho do estado do Rio de Janeiro e chegava a ter 40 metros de profundidade. 
       Acima: imagens mostram o Mar de Aral, à esquerda seu tamanho original (1960) e à direita o que restou, na atualidade.


   Como a Geografia Pode Contribuir para Preservar a Biodiversidade?


     A geografia é a ciência que estuda a superfície terrestre e as interações das sociedades humanas com o meio ambiente. A geografia elabora estudos, pesquisas e abarca conhecimento sobre os mais variados aspectos dentro desse amplo ambiente que nos cerca, como a contagem das populações humanas, pesquisas estatísticas e indicadores que revelam particularidades como a extensão territorial das áreas de ambiente natural remanescentes (áreas ainda não modificadas pela ação do homem), crescimento das cidades, condições de saneamento dos ambientes urbanos, etc. 
      A geografia é utilizada, constantemente, juntamente com outras ciências, como a biologia e engenharia ambiental, para diminuir os impactos ambientais nas modificações do ambiente pela ação humana. Quando um novo empreendimento industrial vai ser instalado em determinada região, é necessária a complexa elaboração de um estudo de impacto ambiental, que será amplamente divulgado e debatido, será avaliado pelas autoridades ambientais, podendo ser modificado, até ser autorizada a sua construção. 
      Imagem acima: audiência pública de debate dos impactos ambientais decorrentes de implantação de Central de Tratamento de Resíduos, na cidade de Recife (PE), em 23 de outubro de 2012. 

    A geografia contribui nesse tipo de análise ambiental, com seus conceitos e métodos de estudo da região a ser impactada, com o objetivo de diminuir ao máximo os impactos sobre o ambiente, já que é impossível proibir as atividades humanas, pois são imprescindíveis para a melhoria da qualidade de vida. 
      O rigor com a utilização dos recursos naturais vem aumentando, mas ainda não tem sido suficiente para preservar a biodiversidade no mundo. A superfície da Terra, com suas espécies animais, em conjunto com os oceanos, recebe inúmeras substâncias nocivas (poluição) descartadas pelas atividades econômicas, sendo, infelizmente, ainda comuns grandes tragédias ambientais, como o vazamento de petróleo em rios ou nos mares, e como a tragédia acorrida no Rio Doce (nascendo e em Minas Gerais e desaguando no estado do Espírito Santo), em que o rompimento de uma barragem da Mineradora Samarco despejou uma avalanche de lama tóxica matando seres humanos e destruindo toda a vida daquele rio (com pouco mais de 800 quilômetros de extensão) que era muito importante sob todos os aspectos (imagem abaixo). 
           As leis ambientais devem ser rigorosas e políticas públicas de fiscalização e educação ambiental precisam ser mantidas e ampliadas. As áreas de proteção ambiental são muito importantes, como os parques naturais e áreas de preservação permanente, previstos e regulamentados pela Lei Federal do Sistema Nacional de Unidades de Conservação (Lei 9.985/2000), porém as medidas  mais eficazes para a preservação da biodiversidade dizem respeito à remuneração de ações positivas. Algumas dessas medidas já foram aplicadas no Brasil e vêm trazendo benefícios, como o ICM's Verde, onde os estados distribuem mais dinheiro aos  municípios que investirem na criação de parques ambientais,  em saneamento básico (coleta do lixo, tratamento do lixo - aterros sanitários, reciclagem, usinas de incineração, etc - coleta do esgoto e tratamento do esgoto, tratamento de água), e o pagamento por serviços ambientais, remunerando agricultores que contribuem com a preservação de áreas verdes nas margens do rios e nas nascentes. 
            Um pensamento antigo e ultrapassado que precisa ser elucidado é sobre a necessidade de medidas de controle da natalidade, pois a população do mundo não para de crescer e assim a biodiversidade está condenada à morte. A verdade é que a distribuição de renda é o caminho a ser almejado. Quando um país dá condições dignas de cultura, educação, saúde ao seu povo, naturalmente as famílias diminuem sua quantidade de filhos. Portanto, o equilíbrio da população mundial é realmente muito importante, mas não são necessárias medidas extremas e imediatas. A medida correta é alterar o capitalismo excludente, pois ao mesmo tempo em que se diminui a desigualdade social o crescimento populacional irá diminuindo, naturalmente e de maneira justa. 
       Somos da natureza? Pertencemos à natureza? Ou somos um tipo de alienígena que veio à Terra para acabar todas as outras espécies de vida? 


Geografia Newton Almeida http://geografianewtonalmeida.blogspot.com.br

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