Presidente Donald Trump Reconhece Jerusalém como Capital de Israel Entenda Consequências
O Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou na quarta-feira (06 de dezembro de 2017) o seu ato oficial de reconhecimento de Jerusalém como capital de Israel.
Por que isso causou tantos atos de protestos e notas de revolta e indignação dos países árabes, vizinhos à Israel? O texto abaixo é bem objetivo e esclarece sobre os conflitos entre os judeus e árabes, do Oriente Médio.
Os Conflitos no Oriente Médio
O Oriente Médio é marcado por grandes conflitos geopolíticos, em cuja origem está a disputa por um território em que árabes e judeus consideram ter direitos históricos. Desde o começo do século XX, o movimento sionista sonhou construir um Estado judeu em Israel, terra de onde os judeus foram expulsos pelos romanos no ano de 70 d.C. . O drama dos sobreviventes do holocausto nazista motivou a comunidade internacional a dividir o então protetorado britânico da Palestina em dois Estados : um para os judeus e o outro para os árabes, que haviam ocupado a região no século VII. A comunidade árabe negou-se a aceitar a criação do Estado de Israel e desde o primeiro momento lutou contra sua constituição.
Israel, com cerca de 6,4 milhões de habitantes, é o país que, proporcionalmente à sua economia, mais gastou em armamentos em todo o mundo até o início da década de 1990: 30% a 32% do seu Produto Nacional Bruto (PNB) por ano. Nem mesmo as duas superpotências (União Soviética e Estados Unidos) chegaram a se igualar a Israel nessa proporção de gastos.
O Estado de Israel foi criado em 1948, quando a ONU, recém-constituída na época, estabeleceu um plano para a divisão da Palestina em três partes : um Estado judeu, um Estado árabe e uma cidade - Jerusalém - que, por seu significado religioso, deveria ser internacionalizada, ficando sob controle da ONU. Essa área, juntamente com outra vizinha a leste (onde hoje se encontra a Jordânia e parte de Israel) pertencia ao imenso império colonial que os britânicos criaram na Ásia a partir do fim do século XIX .
Como uma das grandes vítimas da Segunda Guerra Mundial e do nazismo foi o povo judeu, a opinião pública internacional foi favorável à criação de uma pátria para esse povo, que vivia (e ainda vive, em parte) espalhado por inúmeros países, especialmente nos Estados Unidos e na Europa.
O grande problema é que a criação de Israel não ocorreu de forma prevista, pois os governos israelenses acabaram expandindo o território e ocupando toda a Palestina. A partir de então, os conflitos militares, já comuns entre judeus e árabes, passaram a ser cada vez mais frequentes e violentos, e os palestinos, expulsos de suas terras, acabaram ficando sem território.
Movimentos terroristas
As sucessivas derrotas árabes nas guerras de 1947 - 1948, 1956, 1967 e 1973 consolidaram o Estado de Israel e sufocaram qualquer possibilidade de um Estado palestino.
Foi então que extremistas optaram pelo uso do terrorismo como forma de pressão. A fundação da Al-Fatah tinha como objetivo inicial a expulsão dos judeus da Palestina. Movimentos terroristas vinculados à Organização para Libertação da Palestina (OLP), como o Setembro Negro, realizaram ações criminosas contra pessoas e interesses econômicos israelenses ou ocidentais. O sequestro e assassinato de atletas israelenses nas Olimpíadas de Munique em 1972 foi uma das ações de maior repercussão, manchando a causa palestina .
Conflitos árabe-israelenses
No contexto da guerra Fria, o Oriente foi um dos focos de tensão entre as superpotências. Enquanto Israel se aliou aos Estados Unidos, os países árabes buscaram ajuda da União Soviética.
A partir de 1948, com a criação do Estado de Israel, os conflitos entre árabes e israelenses se multiplicaram. Desde o início da criação do Estado de Israel, os israelense se impuseram à força nessa área, ampliando o território a eles destinado inicialmente. Já em 1948 e 1949 eclodiu uma violenta guerra entre Israel e países árabes vizinhos, na qual Israel conquistou novas terras, aumentando em 50% o seu território (veja os mapas abaixo ) .
O Estado israelense ocupou outras áreas que oficialmente não faziam parte de seu território : Golan (1.500 Km²), pertencente à Síria, a Cisjordânia (5.879 km²), e a parte leste de Jerusalém (70 km²). Desde 1967, Israel ocupava também a Faixa de Gaza, com 378 km², onde habitavam 8 mil colonos judeus.
Na década de 1970, o conflito estendeu-se ao Líbano, onde coexistem comunidades árabes e cristãs. Nesse período, Israel, começou a perder o apoio da opinião pública internacional por conta da brutal repressão contra refugiados palestinos dos campos de Sabra e Shatila, no Líbano. No fim da década, a população palestina rebelou-se contra a ocupação israelense, na chamada Primeira Intifada.
Após o desgaste de uma intervenção militar norte-americana no Iraque, não autorizada pelo Conselho de Segurança da ONU, o governo do presidente George W. Bush iniciou, em maio de 2003, negociações para firmar um acordo de paz entre o premiê palestino, Abu Mazen, e o de Israel, Ariel Sharon. Porém, as organizações palestinas Hamas, a Brigada dos Mártires de Al Aqsa e o Jihad islâmico não se entenderam e decidiram continuar a resistência armada.
Paralelamente prossegue a segunda intifada (levante contra a ocupação israelense), que começou em setembro de 2000; ao contrário da primeira, ela utiliza armas de fogo e já matou mais de 1700 palestinos e 600 israelenses. A primeira intifada, que utilizou pedras como seu instrumento de luta, iniciou-se em 1987 e terminou em 1993.
Nos anos posteriores radicalizou-se a violência entre as duas partes. os terroristas palestinos usaram indiscriminadamente os homens-bomba, enquanto o Estado de Israel construía um muro para se proteger dos terroristas.
No fim de 2003, a construção de um muro de concreto, juntamente com as barreiras paralelas (arame farpado e estradas militares) que separam árabes e judeus na Cisjordânia, tornou-se um novo fator de tensão geopolítica, dificultando o processo de negociação de paz na região.
Se o muro foi concebido para impedir a passagem de militantes palestinos que cometem atentados suicidas em Israel ou idealizado como a fronteira desejada por Israel, o fato é que, com essa barreira de concreto, as duas comunidades prosseguirão isoladas na região, como se fossem guetos. Além do mais, a História registra que a paz se constrói com a criação de um mínimo de confiança entre os povos envolvidos, por meio de negociações, o que implica concessões de ambos os lados. Um muro como esse só agrava as disputas entre árabes e judeus, até porque é mais um obstáculo para o deslocamento da mão de obra, outro problema da região.
Cronologia dos conflitos no Oriente Médio
1947 - 1948 - guerra entre árabes e judeus motivada pela criação do Estado de Israel
1956 - guerra entre árabes e judeus pela posse do Canal de Suez, no Egito
1967 - Guerra dos Seis Dias
1973 - Guerra do Yom Kippur (Dia do Perdão)
1980 - 1988 - Guerra Irã - Iraque
1990 - 1991 - Guerra do Golfo, Iraque - Kwait
2001 - início da invasão dos Estados Unidos no Afeganistão
2003 - início da invasão dos Estados Unidos no Iraque
Atualmente, estamos próximos do reconhecimento de um Estado Palestino, porém o risco de o processo voltar a fracassar é ainda muito grande.
Além dos conflitos entre árabes e judeus, há outro aspecto a considerar. Cerca de 65% das reservas mundiais de petróleo estão no Oriente Médio, com destaque para a Arábia Saudita, Irã, Iraque, Kuwait e Emirados Árabes. Essa riqueza atraiu potências como França, Reino Unido, Estados Unidos e Rússia que, com a intenção de explorar as jazidas, interferiram na política da região, gerando também conflitos.
Donald Trump Reconhece Jerusalém como Capital de Israel
Os judeus consideram Jerusalém sua capital eterna e indivisível, em oposição aos palestinos que sonham em ter seu próprio estado reconhecido e Jerusalém Oriental como sua capital. O povo árabe nunca aceitou a decisão da Organização das Nações Unidas de 1947, e desde então nutrem esperanças e se esforçam para que os palestinos retomem toda a região, o que foi contrariado, novamente, com a recente decisão de Donald Trump.
Em 1995 o Congresso dos Estados Unidos aprovou lei que reconhece Jerusalém como capital de Israel, estipulando o dia 31 de maio de 1999 como data final para a mudança de sede da embaixada, de Tel Aviv para Jerusalém, porém deixando a possibilidade de adiamento por 6 meses, em salvaguardas de interesses e segurança nacional. Desde então, os Presidentes dos Estados Unidos, Bill Clinton, George W. Bush e Barack Obama foram adiando a decisão, sucessivamente, até os dias de hoje. Donald Trump adiou os atos dessa lei, por uma vez em junho de 2017, mas agora ele decidiu por implementá-la e transferir a embaixada americana de Tel Aviv para Jerusalém.
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