domingo, 18 de março de 2012

A Primeira Revolução Verde


Geografia Newton Almeida

         Por Geofrey Blainey 
          
    "  Na Síria e na Palestina, logo após os mares terem chegado a seu novo nível, uma pequena revolução parecia começar. Ao contrário da bastante conhecida Revolução Industrial, ela  foi incrivelmente lenta, e a força de seu impacto não seria sentida durante milhares de anos.  Mas a vida humana tomara uma estrada pela qual não  havia como regressar.
    Por volta de 8.000 a.C., o vilarejo de Jericó era uma amostra da revolução. Formado por pequenas casas de tijolos  de barro, lá se cultivavam trigo e cevada em minúsculos pedaços de terra. Esses cereais, que originalmente cresciam em forma  silvestre, foram selecionados para  cultivo porque seus grãos eram  grandes em comparação com os dos outros cereais encontrados na natureza. Um grão maior era mais fácil de colher e de moer, sendo transformado em uma farinha integral grosseira. Provavelmente, os  habitantes dos povoados preparavam a terra, selecionavam sementes firmes, que não se despedaçavam quando maduras, e as plantavam de forma mais concentrada do que se brotassem naturalmente. Os grãos, colhidos com facas e foices de pedra, eram armazenados. Hoje, metade das calorias do mundo vem de uma pequena  variedade de cereais, os primeiros dos quais foram cultivados pelos habitantes desses vilarejos do Oriente Médio. 
     A princípio, os habitantes de Jericó e de outros povoados semelhantes não possuíam nenhum animal doméstico.  A maior  parte  da carne que consumiam ainda vinha de gazelas selvagens e de outros animais terrestres e aves que eles diligentemente caçavam. Mas, durante os cerca de 500 anos que passaram tentando cultivar trigo, cevada e certas ervilhas e grãos  de leguminosas, começaram também a criar cabras e ovelhas em pequenos rebanhos, provavelmente nas proximidades dos vilarejos. Surgiu assim mais uma forma de provisão de alimentos, pois o rebanho servia de reserva.  Evidências sugerem que as primeiras espécies de animais foram domesticadas inicialmente em regiões distintas - ovelhas nas fronteiras dos atuais Turquia e Iraque, cabras nas montanhas do Irã, gado bovino no Planalto da Anatólia. Ovelhas e cabras viviam principalmente em rebanhos, sendo, portanto, mais fáceis de reunir : amansar um deles significava amansar muitos.
     Os primeiros humanos a domesticar ovelhas, cabras e bois e a mantê-los juntos em rebanhos provavelmente não foram os mesmos que iniciaram a agricultura. Plantar trigo ou domesticar cabras requeria a dedicação de pelo menos uma  dúzia de homens ou mulheres com olhos bem  atentos. É provável que os homens, em geral caçadores, tenham domesticado os primeiros animais e que as mulheres tenham organizado as primeiras plantações. Inicialmente, os cereais e o gado não coexistiam em harmonia. Os primeiros lavradores não queriam animais pastando perto de suas plantações, alimentando-se delas ou pisoteando-as. 
    Nas pequenas fazendas, o trabalho diário tinha de seguir uma programação mais rígida do que aquela que existia nos dias de vida nômade. Se era hora de capinar, de cavar ou de semear, a oportunidade tinha de ser aproveitada - ou poderia perder-se. A nova forma de vida exigia uma  disciplina e uma sucessão de tarefas que contrastavam com  a liberdade dos colhedores e caçadores. 
    Não se sabe ao certo por que esse duplo avanço aconteceu no mesmo ponto do Mediterrâneo, mas a região realmente oferecia vantagens. Mais para o interior, havia fartura de cereais com grãos particularmente grandes e ali também habitavam ovelhas e cabras que, por serem pequenas e viverem em rebanhos, eram mais fáceis de ser domesticadas do que a maioria dos grandes animais selvagens. Mas essas vantagens e essa sorte, em si,  não são suficientes para explicar as mudanças. Na história do mundo, oportunidades e sorte apareceram em quantidades relativamente numerosas, mas poucos foram aqueles que souberam aproveitá-las. 
    Outros fatores moldaram o início dessa nova forma de vida. A elevação dos mares alagou o litoral e levou os povos para o interior, onde, como resultado, gente, ideias e hábitos se misturaram. Além disso, o clima se tornava cada vez mais quente, fazendo proliferar certas plantas e animais. Os cereais certamente cresciam numa área maior do  que até então. Os animais de grande porte, tradicionalmente uma fonte vital de  alimentos, ficavam mais escassos, e isso serviu de incentivo para a domesticação. 
    Por longos períodos, as tribos pioneiras que plantavam e criavam rebanhos tiveram de coexistir com os povos nômades. Essa convivência impunha certa tensão. Em tempos de escassez, os nômades famintos eram tentados a atacar os vilarejos, que mantinham estoques de grãos e rebanhos  de animais. Os habitantes desses vilarejos, por sua vez, fortificavam-se e mantinham vigilância constante. Em maior número e mais organizados - a agricultura implicava coordenação -, geralmente enfrentavam os nômades de igual para igual em qualquer luta. 
    O futuro estava nas mãos dos novos fazendeiros e criadores. Ter acesso ao celeiro  em tempos de fome significava ser dono  de um patrimônio que nenhuma tribo nômade poderia possuir. Durante a seca, o vilarejo que tivesse um bom estoque de grãos e um rebanho de ovelhas ou cabras poderia sobreviver por mais tempo. 
   As pessoas podiam possuir ovelhas, mas de certa forma as ovelhas é que mandavam nas pessoas, praticamente mantendo-as presas ao vilarejo. Por isso, a forma  de vida tradicional - a busca por alimentos, o saque e as alegrias das caçadas bem-sucedidas - ainda encantava. Afinal, era também uma fonte segura de subsistência, principalmente na primavera. Assim, milhares de anos  depois do surgimento da lavoura e da criação de animais, muitos vilarejos ainda dependiam mais da caça e da coleta de alimentos em pântanos, florestas e planícies do que da produção de cereais, leite e carne. 
   A disseminação dessa nova  forma de vida pelas margens do MediterrâneoEscandinávia, podiam ser vistos pequenos trechos de terra com plantações e rebanhos . 
    Pelo menos 2 mil anos separaram as primeiras fazendas da Grécia daquelas que surgiram próximas ao Mar Báltico. Ao nos surpreendermos com esse avanço tão lento das fazendas e dos rebanhos por toda a Europa, um obstáculo deve ser lembrado : florestas,  densas ou esparsas, cobriam 80% do território. Derrubar boa parte delas com machados de pedra - os de ferro eram ainda desconhecidos - e valendo-se de milhares de pequenas fogueiras exigia paciência e muito trabalho árduo. Apanhar alimentos  era bem mais fácil. 
    Enquanto isso, o gado havia sido levado para várias partes do norte da África, desde o Egito e a Líbia até a Argélia. Embora a África tenha importado as primeiras criações de animais e o cultivo de alimentos, lá foram domesticados o burro, usado  como animal de carga, e a pequena galinha-d'angola, que acabou sendo um dos pratos favoritos nas mesas do antigo Egito e, mais tarde, de Roma. Os primeiros gatos domésticos eram africanos e tornaram-se guardiões zelosos dos estoques de grãos, que atraíam roedores. Os africanos também foram os primeiros a cultivar o painço, ou milho-miúdo, geralmente visto como um grão inferior, e os primeiros a plantar o sorgo, com seus grãos viçosos, além de arroz silvestre, inhame e palma para produzir óleo......
    Enquanto os nômades passavam a maior parte  do dia colhendo e caçando, a nova ordem criava especialistas, como pedreiros, ceramistas, padeiros, cervejeiros, oleiros, tecelões, costureiros, soldados, sapateiros, escavadores de valas de irrigação, zeladores de celeiros e, obviamente, fazendeiros e pastores de rebanhos. ......
     A capacidade de produção de alimentos em cada região multiplicou-se por três, seis ou talvez até  mais com o aperfeiçoamento do uso do solo, dos minerais e da pesca - um conjunto  de conquistas que ia além das habilidades dos povos nômades. A população do mundo aumentou drasticamente. Talvez apenas 10 milhões de pessoas habitassem o mundo inteiro  na época em que foram feitas as primeiras experiências com lavoura e criação de rebanhos. Mas é provável que por volta de 2000 a.C. a população do globo se aproximasse dos 90 milhões e que 2 mil anos mais tarde, na época de Cristo, fosse de quase 300 milhões de pessoas.      ......   "       

Fonte :     Livro -  BLAINEY, Geofrey; Uma Breve História do Mundo, Editora Fundamento, São Paulo : 2011 .


domingo, 11 de março de 2012

Argentina



                                 A  Argentina

                         Um pouco de história

    Após a Segunda Guerra Mundial, sob o governo do presidente Juan Domingo Perón (1947 – 1955), a Argentina viveu um período de intensa modernização e de melhorias no atendimento às necessidades básicas da população . O Estado passou a atuar de forma decisiva em vários setores, como transportes, serviços públicos e infraestrutura.

                           Os golpes militares
  Em 1955, depois de entrar em atrito com parte do empresariado e das Forças Armadas, Perón  foi derrubado do governo por um golpe militar que o obrigou a se exilar no Paraguai e, depois, na Espanha. 
   De volta à Argentina após um longo período no exílio, Perón candidatou-se novamente à Presidência em 1973 e foi eleito com enorme quantidade de votos. Porém, faleceu logo em seguida, e Isabelita Perón, sua terceira esposa e então vice-presidente, tomou posse.
   Em 1976, um golpe militar derrubou Isabelita e implantou na Argentina o regime ditatorial que se estendeu até 1983. Esse período ficou caracterizado pela forte repressão política imposta à população, com censura à imprensa, prisão, tortura e assassinato daqueles que se posicionavam contra o governo.
Geografia Newton Almeida
               ( Imagem acima : Membros da Associação Madres de Plaza de Mayo na 25ª Marcha da Resistência, protesto realizado anualmente pelo desaparecimento de 30 mil pessoas durante a ditadura militar.  Buenos Aires, Argentina, 2006 ) .

                        As crises econômicas
   As décadas de 1970 e 1980 foram marcadas por sucessivas crises econômicas, que forçaram o governo a diminuir os gastos com serviços públicos e a implantar um intenso programa de privatizações.
   O padrão de vida da população Argentina, que era o mais alto da América Latina, caiu drasticamente. Desemprego crescente, altas da inflação e da dívida externa, aumento da pobreza e da concentração de renda foram as principais heranças deixadas ao país pelos governos militares.
   Com o término do regime militar e a consolidação da democracia, a situação política e econômica tornou-se mais estável, a inflação caiu e o crescimento econômico foi retomado.
   Porém,de 1999 a 2002, uma nova grande crise econômica foi provocada pela queda das exportações : a moeda do país, o peso, estava valorizada em relação ao dólar, o que tornava os produtos argentinos muito caros no mercado internacional. Para agravar a situação, o Brasil – principal parceiro comercial da Argentina – promoveu a desvalorização do real em relação ao dólar e diminuiu consideravelmente as importações de produtos argentinos. Tentando contornar a crise, o governo argentino desvalorizou o peso , contraiu empréstimos junto ao FMI e adotou um modelo econômico similar ao brasileiro.

                        A potência regional    
   Desde sua independência, a Argentina busca consolidar-se como país líder na América do Sul.  Por esse motivo, já a partir do século XIX seus interesses políticos, econômicos e militares, chocam-se com as ambições de outra potência regional, o Brasil.
   A competição  entre os dois países é  tradicional. O Uruguai e o Paraguai, os maiores prejudicados por essa disputa, precisam empregar muita diplomacia no convívio com os dois vizinhos, cuja influência em seus territórios  é enorme. 
   Na década de 1990, a criação do Mercosul melhorou as relações entre Argentina e Brasil, tornando-os mais parceiros  que competidores. No entanto, a Argentina ainda disputa com o Brasil a liderança do bloco econômico, os investimentos estrangeiros e uma vaga no  Conselho de Segurança da ONU.


                          Disputas territoriais
     Outra questão geopolítica envolvendo a Argentina refere-se à disputa com o Chile pelas ilhas Picton, Nueva e Lennox, no Canal de Beagle, extremo sul do continente. Essa disputa quase chegou a um conflito armado, no início da década de 1980.   
      Em 1985, com a mediação do Vaticano, um Tratado de Paz foi assinado por representantes dos dois países. Esse documento estabelecia que as ilhas pertenciam ao Chile, mas assegurava aos argentinos os direitos sobre os recursos minerais que pudessem ser encontrados na região.
     Situadas a 500 Km do litoral sul do território argentino, as Ilhas Malvinas ou Falkland são objeto de outra disputa territorial que envolve a Argentina, neste caso com o Reino Unido. 
     No final de  março  de 1982, as Forças Armadas do país sul-americano invadiram de surpresa as ilhas com o objetivo de reaver as terras perdidas para os ingleses em 1883. Em resposta, o governo do Reino Unido enviou tropas às Malvinas e, em junho, retomou as ilhas, impondo uma rendição incondicional aos argentinos. 
    Mesmo perdendo a Guerra das Malvinas, os governantes da Argentina não desistiram das ilhas e, em 1999, reiniciaram as negociações com os  ingleses para recuperar o território  perdido. 
Geografia Newton Almeida
 (Imagem : disputas territoriais da Argentina, as Ilhas Malvinas,  e mais ao sul, as Ilhas Picton Nueva e Lennox, no Canal de Beagle) .


                          A organização do território e as atividades econômicas
     Com uma área territorial de 2.780.272 Km², a Argentina é o segundo maior país da América Latina, depois do Brasil. Para melhor compreender a organização espacial do território argentino, vamos dividi-lo em seis regiões geoeconômicas, caracterizando-as do ponto de vista dos aspectos físicos e econômicos: Cordilheira dos Andes, Puna, Chaco, Mesopotâmia, Patogônia e Pampa, que é a região economicamente mais importante da Argentina e da América Platina.  
Geografia Newton Almeida


                          A Cordilheira dos Andes
   A grande cadeia montanhosa cruza o oeste do país, estendendo-se de norte a sul por toda a fronteira com o Chile. Nessa região, as densidades demográficas são baixas, em decorrência, principalmente, do clima semiárido, na base da cordilheira, e do clima frio e relevo acidentado, nas altitudes mais elevadas.
   As principais atividades econômicas desenvolvidas ao pé dos Andes são o cultivo irrigado de frutas e a extração de petróleo, que favoreceu a instalação de indústrias petroquímicas, produtoras de combustíveis, matérias-primas e material plástico. San Juan e Mendoza, reconhecidas por sua produção de vinhos, são as mais populosas e importantes cidades da região. 
Geografia Newton Almeida
 ( Imagem acima: vinhedo na cidade de Mendoza , Argentina em 2005) . 


                            A Puna
     No noroeste do território argentino, encontra-se a Puna, um vasto planalto de clima semiárido, onde as obras de irrigação favoreceram o cultivo de cana-de-açúcar. Na fronteira com a Bolívia há jazidas de petróleo e de minérios.  


                           O Chaco
    O Chaco, no norte do país, na fronteira com o Paraguai, divide-se em duas áreas: o Chaco úmido, voltado para o Oceano Atlântico e com maior pluviosidade; e o Chaco seco, mais próximo à Cordilheira dos Andes e, portanto, com menor pluviosidade. No Chaco úmido cultivam-se milho, soja e cana-de-açúcar. Já no Chaco seco, de clima semiárido, são desenvolvidos cultivos irrigados de fumo e cana-de-açúcar. Nessa região também se explora a pecuária bovina extensiva, com grandes rebanhos. Em sua maioria, os habitantes do Chaco são de origem indígena e correspondem a menos de 5% da população total do país, que chega a cerca de 37 milhões de habitantes (* observação do Newton Almeida :  em 2010 a população total da Argentina era de pouco mais de 40 milhões de habitantes ) .  
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                        A Mesopotâmia
    Localizada no nordeste da Argentina, é uma planície úmida entre os rios Paraná e Uruguai. Nela predominam a pecuária extensiva de bovinos e os cultivos de algodão, milho e erva-mate, usada para fazer o chimarrão, tradicional bebida tomada no sul da América do Sul.   


                       A Patagônia
     No sul do país encontra-se uma região de clima frio, marcada por uma  grande planície de vegetação rasteira. O relevo contribui para a criação de gado, e as baixas temperaturas favorecem a pecuária ovina - criação de ovelhas.     
     Entretanto, as principais riquezas dessa região são o petróleo e o gás natural, extraídos do Golfo de São Jorge. Ali se encontra a cidade de Comodoro Rivadávia, responsável por 85 % do petróleo que abastece a Argentina. Na Patogônia vive apenas 2% da população argentina, por isso a região é considerada um vazio  demográfico. 
    Ao sul da região localiza-se a Terra do Fogo, arquipélago que desperta grande interesse turístico e cujo território se divide entre a  Argentina e o  Chile. 


                           O Pampa
    Corresponde a cerca de 22% do território argentino e tem a maior concentração urbana, populacional e industrial do país. Concentra por volta de 75% da população total, principalmente na região metropolitana  de Buenos  Aires, onde vivem cerca de 12 milhões de habitantes. No Pampa há  também uma grande diversidade de indústrias, com destaque para siderúrgicas, automobilísticas, mecânicas, navais, alimentícias, têxteis e refinarias de petróleo.
    O clima temperado úmido, o solo fértil e a abundância em água favorecem o cultivo de trigo, milho, soja e algodão. Destaca-se ainda a produção de hortifrutigranjeiros, responsável por cerca de dois terços da produção agrícola da Argentina. 
   No Pampa estão os  principais rebanhos bovinos e ovinos do país. A carne produzida na região, considerada de alta qualidade, é exportada em grande volume para a Europa e os Estados Unidos.    
Geografia Newton Almeida
  (Imagem acima : Avenida 9 de  Julho , Buenos Aires, Argentina, 2003) . 
                                                                                                                                                “
Fonte :  DANELLI, Sonia Cunha de;  Geografia Projeto Araribá; 8º ano; Editora Moderna, 2ª edição; São Paulo : 2007

domingo, 4 de março de 2012

Antártida



      "    Antártida : fronteiras diferentes 


   Na Antártida, com exceção de algumas poucas ilhas que margeiam a parte principal do continente, não há fronteiras definindo unidades políticas - países ou possessões coloniais -, como nos demais continentes. As fronteiras presentes num "mapa político" da Antártida têm significados diferentes.
Geografia Newton Almeida
   No mapa abaixo, cada uma das "fatias" corresponde a territórios antárticos cujas posses e soberania são reivindicadas por Argentina, Austrália, Chile, França, Grã-Bretanha, Nova Zelândia e Noruega. Além disso, vários outros países estabeleceram suas bases ao longo de toda a borda do continente.
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   O que vemos no "mapa político" da Antártida, portanto, não são países nem possessões estrangeiras, mas apenas fronteiras que indicam as pretensões de alguns países sobre um continente que, a rigor, permanece sem dono.
      As pretensões territoriais sobre a Antártida começaram a se manisfestar no começo do século XX, quando os primeiros exploradores atingiram o polo Sul. Em 1959 realizou-se a primeira Conferência Antártida, da qual participaram, além dos sete países já mencionados, outros cinco interessados em debater os destinos do continente : Estados Unidos, Japão, Bélgica, África do Sul e União Soviética.
   Os doze países celebraram um acordo que ficou conhecido como Tratado da Antártida. Esse tratado, que ainda está em vigor e tem sido atualizado sistematicamente, estabelece, entre outras coisas, a neutralização e internacionalização da Antártida e proíbe a instalação de bases militares, a realização de experiências nucleares e, também, o direito de soberania sobre qualquer parte do território antártico.
     Além dos doze países que criaram o acordo, vários outros o assinaram e reconhecem o continente como território internacional, que deve ser utilizado e ocupado apenas para fins pacíficos e de pesquisa científica. Todos os signatários do Tratado da Antártida têm o direito  de instalar nesse continente  bases permanentes de pesquisas. Não pode haver nenhuma restrição de acesso e intercâmbio, por parte  de nenhum país, a qualquer uma dessas bases. 

                               Interesses que a Antártida desperta  

   O continente antártico possui dimensões que equivalem à soma das áreas da Europa e da Austrália. Apresenta as médias de temperatura mais baixas do globo, inclusive com o registro do recorde mundial de - 89°C em 1983. Apresenta relevo extremamente acidentado, com altitudes que chegam até a 5.000 m . Na sua orla, os ventos atingem frequentemente a velocidade de 80 a 120 Km/h. A única vegetação existente em alguns lugares são os musgos e os líquens, e a sua fauna se resume a pinguins, elefantes-marinhos e lobos-marinhos. 
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            A Antártida concentra 90% de todas as geleiras do planeta. Em algumas áreas, a espessura da camada de gelo atinge quase 5.000 m e estima-se que, se todo esse gelo derretesse, em função do aquecimento global, poderia ocorrer um aumento considerável no nível dos oceanos. 
   Considerando apenas as aparências, poderíamos estranhar tanto interesse. No entanto, os mares que circundam o continente não apresentam os mesmos rigores climáticos e são ótimas zonas de pesca. Além do mais, já se constatou no subsolo antártico a existência de jazidas minerais importantes. 
   Entre os recursos minerais encontrados na Antártida, os que apresentariam maior potencialidade são o carvão mineral, localizado nas Montanhas Transantárticas, o minério de ferro e o petróleo, também presente em grande quantidade ao longo de quase toda a plataforma continental. Para se ter uma ideia, as estimativas são de que as reservas de petróleo correspondam a cerca de 15% das reservas calculadas no Oriente Médio que, como sabemos, é a principal região petrolífera do globo. 
   Como se vê, não são poucas as razões que levam os diversos países a reivindicar possessões ou instalar bases nesse aparente "deserto de gelo". 
   O mais interessante de tudo isso, no entanto, é que, pelo Tratado Antártico , nenhum país tem o direito de se apropriar com exclusividade dessas riquezas, já que elas seriam uma espécie de patrimônio internacional.     
   É possível que o Tratado tenha sido firmado até mesmo por aqueles que pretendiam se apropriar de uma parte da Antártida - justamente pelo receio de que um outro país se beneficie sozinho das potencialidades econômicas do continente. 
   Embora essa situação seja aparentemente contraditória, ela é bastante reveladora da forma como os países têm se relacionado no plano mundial e traz à tona uma discussão muito importante, que diz respeito ao direito de soberania que cada país tem sobre o território que ocupa. 
   Hoje em dia, as ameaças constantes ao ambiente do planeta levaram muitas pessoas, organismos e associações, preocupados com a questão ambiental ou ecológica, a questionar o direito consagrado aos países de fazerem o que bem entendem nos seus territórios em que são soberanos. A poluição atmosférica, o lixo jogado nos rios e mares, as florestas destruídas etc. não afetam apenas os locais onde a degradação ocorre, mas repercutem em vastas regiões do planeta. Isso tem levado à negociação de uma série de tratados entre os países, com vista a alcançarem objetivos comuns. 
   É sobre a atmosfera da Antártida, por exemplo, que está localizado o maior buraco da camada de ozônio (camada que protege o planeta da ação direta da luz solar). Acredita-se que ele se formou devido às substâncias que nossas sociedades industrializadas lançam todos os dias no ar. 
Geografia Newton Almeida
   Segundo um dos últimos acordos celebrados entre os signatários do Tratado da Antártida - a Convenção de Wellington, de 1988 - , o país que quiser permanecer como participante do Tratado deverá, necessariamente, realizar pesquisas científicas voltadas sobretudo para o desenvolvimento de medidas de proteção ambiental, com vistas a regulamentar prováveis futuros projetos de extração dos minérios existentes no continente.   Em 1991, foi assinado o protocolo de Madri, que entrou em vigor em 1998, no qual os países concordaram em proibir a exploração dos minérios do subsolo antártico por um período de cinquenta anos. 
   Como se vê prevalece na Antártida o que poderíamos chamar de "gestão internacionalizada do território ": as regras que valem são apenas as adotadas de comum acordo por vários países.  Trata-se assim do único lugar do mundo onde os direitos de soberania de um único país sobre parte do território não são exercidos nem têm validade. 
   Para entender isso, é preciso considerar que a disputa pelo território antártico tornou-se mais acirrada exatamente numa época de declínio e desgaste, em todo o mundo, do processo colonial que ocorreu nos outros continentes. Essa circunstância, de certa forma, acabou impondo uma espécie de administração comum aos países com pretensões na Antártida. 
   Supõe-se que, caso tivesse prevalecido na Antártida, o mesmo tipo de "gestão fragmentada", em que cada país exerce sua soberania nos territórios onde estabelece fronteiras, há muito tempo existiriam regiões degradadas também no interior do continente antártico, como as que se avistam nas paisagens dos demais continentes.     
   Baseados nessa  consciência e, principalmente, no sucesso do modelo de "gestão multinacional" adotado para a Antártida, diversas organizações e movimentos ecológicos do mundo inteiro têm defendido a preservação integral do continente, propondo que ele seja declarado "reserva internacional de vida natural". Isso, evidentemente, afastaria a possibilidade de extração dos  recursos minerais lá presentes, e não só pelos próximos cinquenta anos.  
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                                                                                                                    "

Fonte : CARVALHO, Marcos Bernardino de; PEREIRA, Diamantino Alves Correia; GEOGRAFIA - Fronteiras; 8º Ano; Editora FTD, 1ª edição ;  São Paulo : 2009 .

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quinta-feira, 1 de março de 2012

O Que É Regionalização do Espaço Geográfico ?

   



Geografia Newton Almeida

    O mundo é imenso, tendo como referência nossa vivência cotidiana. O relevo do planeta Terra tem dimensões enormes, mesmo em relação aos outros planetas do sistema solar, variando de mais de 8.000 metros , nos cumes mais altos do Himalaia, como no Monte Everest, a até mais de 11.000 metros abaixo do nível do mar, nas fossas abissais das Marianas, a leste das Filipinas, totalizando variação de até 20 quilômetros. 
    Para percorrer toda a volta da Terra, ao longo da Linha do Equador, é necessário viajar por mais de 40.0000 quilômetros, até atingirmos o ponto de saída. E se fosse possível alcançar a China, furando o subsolo a partir do Brasil, o comprimento do buraco não seria menor que 12.000 quilômetros. 
   Esses exemplos mostram as enormes dimensões do foco principal de estudo da Geografia, a superfície terrestre (a geografia estuda a superfície terrestre e as interações das sociedades humanas com o meio ambiente), com mais de 500 milhões de quilômetros quadrados. Sendo que essa superfície terrestre compreende os mares, rios, lagoas e oceanos, as florestas, com todos os seres vivos que nela interagem, além da atmosfera.
   De que maneira podemos estudar essa imensidão toda? Temos que dividir os assuntos para podermos estudar cada pedaço. Temos que selecionar determinadas regiões, segundo critérios específicos, que tenham  características semelhantes , para então iniciar as pesquisas, análises, enfim o estudo detalhado de uma parte da superfície terrestre.  Essa escolha , essa divisão ou seleção de uma porção do espaço geográfico  é chamada de regionalização .
    Portanto, por exemplo, para estudar os países do mundo, é costume utilizar uma regionalização, ou seleção, em países desenvolvidos e países subdesenvolvidos .  Para estudar o Brasil, ainda como outro exemplo, o IBGE dividiu-o em cinco regiões  que possuem características humanas, político-administrativas e econômicas semelhantes (região sul, sudeste, centro-oeste, nordeste e norte).  
  O espaço geográfico é uma determinada porção da superfície terrestre que foi construída, reconstruída, explorada, alterada, pelos seres humanos com o objetivo de suprirem suas necessidades básicas de moradia e alimentação, e também para obterem melhor qualidade de vida.   
    A regionalização do espaço geográfico é a organização, classificação ou divisão de determinadas porções, desse espaço, segundo critérios pré-estabelecidos, tornando possível o estudo detalhado das semelhanças e diferenças das regiões.  



GEOGRAFIA Newton Almeida


     



sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

Camadas da Terra A Origem dos Continentes




Geografia Newton Almeida

    A Terra é formada por três camadas principais: a crosta terrestre, o manto e o núcleo.

            Crosta Terrestre

    É a camada externa, formada por rochas e minerais, também chamada de litosfera. Trata-se da camada mais fina e mais importante para nós, pois a vida se desenvolve sobre ela. Na crosta, os  seres humanos e a natureza constroem e reconstroem o espaço geográfico.
    A crosta terrestre está dividida em duas partes, que têm espessuras diferentes: a crosta oceânica e a crosta continental. A crosta oceânica situa-se abaixo dos oceanos e mares. A crosta continental, mais espessa que a oceânica, fica  acima das águas, formando os continentes e as ilhas. 

            Manto 

    É a camada intermediária, situada entre a crosta e o núcleo, e dividi-se em duas partes : manto superior e manto inferior, que apresentam temperaturas diferentes. 
    O Manto também é formado por rochas sólidas; porém, sob condições especiais, pode se tornar uma massa pastosa e extremamente quente. Nesse caso, chama-se magma. 
    Você já viu a imagem da erupção de um vulcão ? Esse fenômeno acontece quando o magma sobe até a superfície. Nessa situação, é denominado lava. 

          Núcleo da Terra 

    É o centro  da Terra. Ele é composto principalmente de ferro e níquel e apresenta temperaturas muito  elevadas, cerca de 6.000° C. 


Geografia Newton Almeida

                                  A origem dos Continentes

Geografia Newton Almeida
   A atual configuração dos continentes na superfície da Terra originou-se de um  processo que resultou na fragmentação e no afastamento das terras emersas, a partir de um bloco único denominado Pangéia. 
    Duas teorias, que se complementam procuram explicar as etapas desse processo, responsável também pela formação do relevo terrestre e pelas transformações que ocorrem na crosta :
  - Teoria da deriva dos continentes, defendida pelo geofísico alemão Alfred Wegener, em 1912.
 - Teoria das placas tectônicas, que comprovou e explicou melhor a teoria da deriva dos continentes. Foi desenvolvida na década de 1960 pelos geólogos americanos Harry Hess e Robert Dietz.  


Fonte : DANELLI, Sonia Cunha de Souza. Projeto Araribá Geografia 6º ano. Editora Moderna. 2ª edição. São Paulo : 2007 . 


ALMEIDA, Lúcia Marina Alves de; RIGOLIN, Tércio Barbosa. GEOGRAFIA - série novo ensino médio. Editora moderna. 3ª edição . São Paulo : 2008 .


     Imagens : http://pt.wikipedia.org/wiki/Manto ;   http://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:Physical_world.jpg




             GEOGRAFIA Newton Almeida

A Origem da Terra



Geografia Newton Almeida

     A história geológica da Terra teve início há cerca de 4,6 bilhões de anos e a teoria que explica a origem do planeta é apenas uma hipótese. 
    A Terra é o resultado do acúmulo de poeira cósmica e de fragmentos gerados pelo Big Bang. Esses materiais se atraíram e se compactaram, formando nosso planeta.
  No início, o nosso planeta foi, muito provavelmente, uma grande massa incandescente, que apresentava em alguns pontos frias camadas rochosas.
     Envolta em gases, a Terra sofria ataques de pedaços  de rochas, talvez restos de planetas mais antigos. Eram os meteoritos, que abriam grandes crateras na superfície  terrestre.
    Com o passar do tempo, a crosta tornava-se mais grossa, ao mesmo tempo que perdia pequenos pedaços que afundavam no manto derretido e se fundiam novamente.
    Quando isso acontecia, eram emitidas nuvens de gases que envolviam nosso planeta. Essa "primeira atmosfera" da Terra caracterizou-se por não conter oxigênio.
    Vulcões lançavam lava e gases sobre a superfície que se formava. As lavas ajudavam a engrossar a crosta. Os gases eram lançados na  atmosfera juntamente com o vapor proveniente do resfriamento da Terra. As nuvens formadas condensavam-se e caíam as primeiras chuvas que se acumulavam na crosta já resfriada, formando lagos e os primeiros oceanos. Nessa ocasião, sem que se saiba o motivo, formaram-se duas crostas bem distintas entre si: uma continental e outra oceânica. Posteriormente, surgiram os primeiros continentes e as primeiras montanhas.


Fonte : DANELLI, Sonia Cunha de Souza. Projeto Araribá Geografia 6º ano. Editora Moderna. 2ª edição. São Paulo : 2007 . 


ALMEIDA, Lúcia Marina Alves de; RIGOLIN, Tércio Barbosa. GEOGRAFIA - série novo ensino médio. Editora moderna. 3ª edição . São Paulo : 2008 . 


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O UNIVERSO Astronomia




Geografia Newton Almeida

"   Para ouvir, ver e entender estrelas 
            A mais antiga das ciências, astronomia é também a ciência do futuro

                             João Steiner, especial para a Folha de S. Paulo (27/02/2004)


   Os antigos chineses e egípcios já  sabiam calcular a ocorrência de eclipses. Os gregos calculavam as órbitas dos planetas com razoável precisam. 
  Galileu Galilei (1564 - 1642) avançou a arte e a ciência de observar os astros ao construir a primeira luneta, predecessora dos telescópios. Com esse instrumento simples e engenhoso, ele descobriu que Júpiter tem luas. Não parou nisso. Apontou a luneta para o Sol e viu que o astro-rei tem manchas, nunca antes suspeitadas. Ao observar a Via Láctea com esse pequeno instrumento, viu que ela é composta de  um número espantoso de estrelas. 
   Foram tempos gloriosos, em que poucos pesquisadores provocaram revoluções expressivas. 
   Johannes Kepler (1571 - 1630) descobriu as leis dos  movimentos das órbitas dos planetas. Isaac Newton (1642 - 1727) forneceu novos avanços tecnológicos, ao mostrar que espelhos podiam ser polidos de forma a focalizar a luz. Sem essa tecnologia os modernos telescópios não poderiam existir. 
    No século XIX, a ciência astronômica avançou na observação e na catalogação de estrelas, nebulosas e cometas sem que se tivesse clareza sobre sua natureza. Essa natureza se revelou só na primeira metade do século XX, quando se descobriu que o Sol é uma estrela típica entre 100 bilhões de outras, que giram em torno de um  centro comum, formando uma estrutura que denominamos galáxia, a nossa Via Láctea, visível a olho nu. 
    Logo depois, Edwin Hubble (1889 - 1953) mostrou que há muitas galáxias que se afastam umas das outras, o que é conhecido  como a expansão do  Universo. Essa descoberta deu origem à teoria do Big Bang, segundo a qual o Universo se iniciou com uma explosão há cerca de 14 bilhões de anos. Em 1965, a descoberta da radiação  de fundo em microondas, comprovaria, com grande detalhe e precisão, não só que o Big Bang existiu mas que ele ocorreu  de forma inflacionária, o que quer dizer que, nas primeiras frações de segundo, houve uma expansão extraordinária. Por isso existem as galáxias e seus aglomerados. 
    Em 1998 descobriu-se que o Universo está em expansão, mas ao contrário do que se imaginava, essa expansão está  em aceleração. É uma comprovação  de  que a maior parte da energia do Universo está sob a forma  de uma misteriosa energia de  repulsão, que faz com que as galáxias tendam a se afastar uma das  outras.   
    O mais espantoso é  que todos os objetos e toda a matéria que conhecemos no Universo  - os  cerca de 100 bilhões de galáxias, cada uma com 100 bilhões de estrelas - são a ponta do iceberg. Tudo somado forma somente 4,6% da  massa do Universo. Os 95,4% restantes, não temos a mais vaga idéia do que sejam. Isso sugere que a astronomia, a mais antiga  das ciências, seja também a ciência  do futuro. 

         De onde viemos ? Onde estamos ? Para onde vamos ? 

    São questões fundamentais que a astronomia procura responder. A humanidade sempre se fez essas perguntas e sempre encontrou respostas, ora de natureza filosófica, ora religiosa. Os avanços da astrofísica permitem obter respostas com base em métodos e rigor científicos.
    O Universo surgiu há cerca de 14 bilhões de anos com uma grande explosão : o Big Bang. Nas primeiras frações de segundo, criaram-se as grandes estruturas, que dariam lugar às galáxias e aos aglomerados de galáxias; no primeiro segundo, já existiam as partículas elementares; nos três primeiros minutos, formaram-se os núcleos que dariam origem aos átomos. As primeiras galáxias, as primeiras estrelas e os primeiros planetas só surgiram quando o Universo tinha 1 bilhão de anos. 
    Vivemos numa ilha. Nela, há 100 bilhões de estrelas, entre as quais o Sol. Todas essas estrelas giram em torno de um centro  comum, um buraco negro com uma massa muito  grande (cerca de 3 milhões  de vezes a massa do Sol). A essa ilha chamamos de  galáxia. A luz leva 90 mil anos para atravessá-la de uma ponta a outra. Como a nossa, há 100 bilhões de  outras galáxias no Universo. Nossa galáxia  surgiu há 13 bilhões de anos. 
    O Sol é uma estrela comum. Como o Sol, existem cerca de  100 bilhões de  estrelas em cada uma das  galáxias que podemos estudar. A fonte de  energia que faz todas essas estrelas brilharem é nuclear : no centro das  estrelas, onde a densidade e a temperatura  são mais elevadas (20 bilhões  de graus centígrados), os átomos  de hidrogênio se fundem para formar átomos  de hélio e também átomos de elementos químicos mais pesados. Isso libera uma energia gigantesca. Ao explodirem, as estrelas jogam no espaço restos, que enriquecidos de novos elementos químicos, dão origem a novas gerações de estrelas. O Sol e o sistema solar  têm cerca de 5 bilhões de anos. 
    O sistema solar tem nove planetas ( * a partir de 2006, Plutão não é mais classificado como planeta, portanto, atualmente são oito  planetas no sistema solar - nota do Newton Almeida) . Para ver belas imagens desses corpos  celestes, acesse http://pds.jpl.nasa.gov/planets, da NASA. Não se sabe ao certo quantos  planetas existem no Universo. É difícil observá-los : eles não têm luz própria 
e são ofuscados pelo brilho de uma estrela próxima. Técnicas recentes, porém, permitem que certos planetas sejam detectados. Com isso, já  foram descobertos mais de 100 deles. É provável que existam cerca de 500 bilhões de  planetas somente na nossa galáxia. 


           E os elementos químicos como se formaram ? 
    O hidrogênio  e o hélio se formaram nos primeiros minutos do Universo. Todos os outros elementos mais pesados, como carbono, oxigênio, etc. , essenciais para a vida como a conhecemos, foram criados nos núcleos das estrelas e, depois, expelidos para o espaço. Somos  filhos das estrelas e netos do Big Bang. Não sabemos como a vida surgiu na Terra nem se existe vida em outros planetas. Algumas teorias sugerem que a vida se iniciou em outros sistemas planetários e que sementes dela foram trazidas  para a Terra por grãos de poeira. Outras sugerem que a vida surgiu nos oceanos  terrestres. 
    Mesmo que apenas uma fração de planetas seja semelhante à Terra, o número de planetas em todo o  Universo que possuem condições de abrigar vida dever ser muito grande. Também é  provável que, caso existam, as formas de vida extraterrestres sejam muito menos ou muito mais avançadas  que a do Homo sapiens ; esse é um estágio muito efêmero na evolução. Mas não há evidência científica de  que outras civilizações tenham visitado a Terra.   "
                                                                               
              (Texto adaptado)   

Fonte : ALMEIDA, Lúcia Marina Alves de; RIGOLIN, Tércio Barbosa. GEOGRAFIA - série novo ensino médio. Editora moderna. 3ª edição . São Paulo : 2008 . 

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Formação do Relevo Processos Endogenéticos


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 "    Processos Endogenéticos  na Formação do Relevo 

                                                Hélio Monteiro Penha 

  No planeta Terra, as forças geodinâmicas externas e internas interagem para produzir distintas topografias. 
  A interação da litosfera móvel terrestre com os fluidos da atmosfera e hidrosfera guia a formação de uma variada paisagem, única no sistema solar. Nessa condição, as forças exógenas e endógenas derivadas de diferentes fontes de energia modelam  a superfície do planeta, numa constante busca de equilíbrio que já monta mais de quatro bilhões de anos.
  Face a sua peculiaridade geodinâmica em termos de planetologia comparativa, o planeta Terra é o que apresenta as mais variadas formas de relevo e desníveis topográficos conhecidos, tornando seus estudos geomorfológicos fascinantes e intimamente ajustados à sua evolução geológica. 
  Se apenas os agentes externos atuassem sobre a sua superfície sólida, caso inexistisse uma dinâmica interna, ter-se-ia o planeta coberto por um único oceano cuja profundidade deveria ser de aproximadamente 2,6 Km. Na realidade, os oceanos cobrem 71% da superfície do mundo, de tal forma que a profundidade é bem maior do que 2,6 Km; 3,8 Km, em média. Essa  profundidade é, contudo, muito irregular, sendo a maior, de 11.033m na fossa Challenger, nas Marianas a sudoeste do Pacífico. 
  Os remanescentes 29% da superfície do planeta são ocupados por terra emersa, com média de 840m acima do nível do mar e com 8.848m no ponto mais elevado (Pico Everest, no Himalaia). Assim, a maior diferença altimétrica registrada no planeta, entre o ponto mais alto e o mais profundo está em torno de 20Km. Vênus, o planeta mais semelhante à Terra, tem relevo de apenas 13Km. 
  Grande parte da topografia terrestre é o resultado de processos de diferenciação que produzem crosta oceânica e continental respectivamente, sendo mais de 65% da superfície sólida  da Terra formada por crosta oceânica com idades inferiores a 200 milhões de anos. Isso indica ser a crosta oceânica extremamente jovem com respeito ao tempo geológico e, portanto, continuamente renovada. Por outro lado, idades superiores a três bilhões de anos são encontradas em alguns continentes.
  Todas as atividades que envolvem movimentos ou variações químicas e físicas das rochas, no interior da Terra, são denominadas processos internos. A energia que os induz provém basicamente do calor interno da Terra, em grande parte produzido através do decaimento radioativo de isótopos instáveis. É a energia derivada de reações nucleares que propicia a formação dos grandes relevos terrestres, como os Alpes, os Andes, as Rochosas, o Himalaia, as cordilheiras meso-oceânicas e as fossas. Também o magmatismo que produz plútons e vulcões, os terremotos, os dobramentos e fraturamentos da crosta,  e a mobilidade das placas litosféricas a ela estão relacionados. 
  Por outro lado, o relevo não é criado instantaneamente, e tampouco suas variações dimensionais são constantes. Milhões de  anos são necessários para que as montanhas sejam erguidas ao passo que em poucos minutos se foram marcas de ondas na areia da praia. Da mesma forma, a magnitude  espacial dos principais componentes do relevo terrestre varia significativamente em escala segundo suas dimensões, estando os mais representativos associados aos fenômenos endógenos. "     

Fonte : GUERRA, Antonio José Teixeira; CUNHA, Sandra Baptista da. GEOMORFOLOGIA - UMA ATUALIZAÇÃO DE BASES E CONCEITOS. Editora Bertrand Brasil. 5ª edição. Rio  de Janeiro : 2003  .  

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terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

Revolução Industrial e Evolução do Trabalho Humano




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     "               Do artesanato ao robô

                         Da produção manual às máquinas

     Desde suas origens, os seres humanos transformam os recursos naturais em bens ou objetos que atendem às suas necessidades diárias de sobrevivência. Podemos reconhecer três estágios nessa transformação: o  artesanato, a manufatura e a indústria. 

                          O artesanato 

     É a forma mais antiga de transformação dos recursos naturais, conhecida há milhares de anos. Objetos e utensílios, como roupas, panelas, instrumentos de trabalho, cadeiras, mesas, etc., eram produzidos manualmente, com utilização de ferramentas simples. O artesão realizava sozinho todas as etapas do processo. Por exemplo, para a produção de  um sapato, ele executava o corte do couro, a costura, a colagem da sola, etc.
     O artesanato foi a principal atividade de transformação até meados do século XVI e ainda existe em vários lugares, constituindo a principal fonte de renda de muitas comunidades. 

                        A manufatura

     Com o crescimento das populações e das cidades, o artesanato não conseguia atender às necessidades cada vez maiores dos seres humanos. Assim, por volta do século XV, homens de negócios agruparam artesãos em galpões para controlar a produção.  Surgiu dessa forma a manufatura, caracterizada pelo uso de máquinas simples e pelo trabalho em grupo com divisão de tarefas. Cada artesão passou a trabalhar recebendo um salário.
     Houve então aumento da quantidade de mercadorias produzidas e a diminuição do tempo  de produção. Em outras palavras, produzia-se mais em menos tempo, mas o trabalho ainda era predominantemente manual. 

                       A indústria

   O desenvolvimento da manufatura ampliou o número de produtos e possibilitou o desenvolvimento do comércio. Os lucros obtidos com a venda das mercadorias incentivaram então os comerciantes a solicitar ainda maior quantidade e variedade de produtos. 
     Os donos das oficinas manufatureiras começaram a investir em novas técnicas de produção e em novas tecnologias, como a máquina a vapor e o tear mecânico. 
     A introdução cada vez maior de máquinas nas oficinas manufatureiras provocou uma  revolução na produção de mercadorias. Foi assim que surgiu a indústria, atividade econômica que se caracterizava por : 
   * grande divisão do trabalho e especialização do trabalhador em determinada tarefa  ;
   * emprego de máquinas movidas a energia calorífica do carvão mineral ;
   * trabalho assalariado ;
   * produção em massa e padronizada, ou seja, de grande quantidade de bens exatamente iguais.
     O século XVIII marcou o início do processo de industrialização da produção e, a partir daí, sucederam-se as chamadas revoluções industriais. 

                        As revoluções industriais

                       Primeira Revolução Industrial 

     A revolução no modo de produzir teve início na Inglaterra, na segunda metade do século XVIII, e ficou conhecida como Primeira Revolução Industrial. O destaque nesse período foi a indústria têxtil. 
     A partir da Primeira Revolução Industrial, o desenvolvimento científico e tecnológico foi acompanhado de grandes transformações não só na produção de bens, mas também nos transportes, nas comunicações, nas relações sociais e nas relações entre os seres humanos e a natureza. 

                       Segunda Revolução Industrial

     A partir da segunda metade do século XIX, a industrialização expandiu-se para França, Alemanha, Rússia, Japão e Estados Unidos, ameaçando a hegemonia inglesa. Iniciava-se uma nova fase da produção industrial, que  ficou conhecida como Segunda Revolução Industrial.
     Na Segunda Revolução Industrial, o carvão mineral foi aos poucos sendo substituído pelo petróleo, que se tornou a fonte de energia mais usada no mundo. As indústrias petroquímicas, siderúrgicas e automobilísticas superaram em importância a indústria têxtil. O minério de ferro, o aço e o petróleo tornaram-se mais importantes que as matérias-primas têxteis (algodão, lã, etc.). 
     A especialização do trabalhador ampliou-se ainda mais com a criação da linha de montagem, na qual cada operário realiza uma tarefa específica. 

                       Terceira Revolução Industrial 
  
    A partir da década de 1970, o desenvolvimento da eletrônica e o surgimento da informática possibilitaram a introdução de novas técnicas de produção. Iniciou-se, assim, uma nova fase da indústria, conhecida como a Terceira Revolução Industrial.
     A Terceira Revolução Industrial caracteriza-se pela grande importância da tecnologia  avançada, ou de ponta, presente em muitas indústrias, e pelo uso do silício, mineral empregado na fabricação de placas de computador. Nas fábricas, é  cada vez maior a robotização, isto é, o uso de robôs no lugar da mão-de-obra humana. Os robôs executam tarefas repetitivas, perigosas ou de precisão, em ambientes quentes, sem ar ou muito escuros, sem correr o risco de adquirir doenças ou de sofrer acidentes.
     É também nessa fase da indústria que se destaca o desenvolvimento das telecomunicações e da biotecnologia, sobretudo a engenharia genética.
     Na Terceira Revolução Industrial, buscam-se fontes alternativas de energia, como a solar, a eólica e a de origem orgânica, em substituição ao ainda importante e indispensável petróleo.
     Apesar de toda a sua evolução e expansão, desde que se desenvolveu na Inglaterra, no século XVIII, a indústria é uma  atividade bastante concentrada em algumas regiões do mundo. Veja o mapa abaixo.


     A partir das últimas décadas do século XX, muitas indústrias dos países ricos passaram a transferir parte de suas fábricas para países mais pobres. Essas indústrias, em geral, são as que necessitam de grande disponibilidade de matéria-prima e de fontes de energia, e de mão de obra barata e abundante. Por esses fatores, algumas nações subdesenvolvidas vêm se transformando em novos pólos industriais. 
                                                                                                                                                 "

Fonte :  DANELLI, Sonia Cunha de Souza. Projeto Araribá Geografia 6º ano. Editora Moderna. 2ª edição. São Paulo : 2007 .


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sábado, 4 de fevereiro de 2012

Estados Unidos Indígenas



Geografia Newton Almeida


                A questão da minoria indígena nos Estados Unidos da América

     Ao longo da história dos Estados Unidos da  América, inúmeras sociedades indígenas foram eliminadas pelos colonizadores, principalmente durante a conquista do Oeste.
     A partir do fim do século XIX, após negociações com os governos do país, a maior parte das tribos sobreviventes passou a viver confinada nas reservas, onde, pelos acordos feitos, teriam autonomia e assistência social do Estado. Para isso tiveram de ceder as terras que ainda lhes restavam, as quais foram sendo ocupadas pelo próprio Estado ou por empresários capitalistas. 
     Hoje as comunidades indígenas somam cerca de 1,4 milhão de pessoas e constituem a minoria étnica que apresenta as piores condições de vida dos  Estados Unidos. É também a mais desprezada, comparando-se com outras minorias que são igualmente discriminadas naquele país, como os negros e os latino-americanos (porto-riquenhos, mexicanos, etc.). Do total desse contingente de indígenas, 55% vivem nas reservas, 44,5% em cidades e 0,5% no meio rural.
     A organização política, econômica e cultural  das tribos indígenas é radicalmente diferente da organização da sociedade capitalista. Por exemplo : elas não possuem Estado, nem escolas, nem prisões, pois são contra a dominação de um homem pelo outro. Assim, é fácil compreender por que os indígenas que não foram dizimados acabaram sendo destruídos em sua identidade sociocultural.  Compreendem-se, também, os dados estatísticos que registram entre os indígenas elevadas taxas de suicídio (21,8%, contra 11,3% de brancos, numa amostragem  de 100 mil pessoas) e de alcoolismo. 
     Embora tenha sido criado o Departamento para Assuntos Indígenas, órgão federal responsável  pelos programas assistenciais, os indígenas apresentam elevadas taxas de mortalidade infantil (em algumas reservas elas chegam a 10%o), o que demonstra suas precárias condições de vida. O rendimento anual de uma  família indígena geralmente é pouco superior a 1.500 dólares e nem todos têm emprego permanente.
     No fim da década de 1970, mais da metade do grupo Sioux Dakota estava desempregada e dependia  da ajuda social do Estado.  No campo, a intensa mecanização da agricultura praticamente  eliminou os trabalhos temporários, como a colheita, obrigando  a população indígena, principalmente os homens, a migrar para as cidades. Mas, o Departamento para Assuntos indígenas não apresentava resultados concretos  para a melhoria das condições de vida das tribos, o que lhe conferiu críticas acirradas.
    Esse órgão, no fim da década de 1980, perdeu 11 bilhões de dólares quando, aceitando sem verificar as falsas informações das empresas petrolíferas, permitiu a exploração de petróleo em áreas de reservas indígenas. Por direito, os recursos naturais  da reserva pertencem à tribo, de maneira que esse dinheiro seria suficiente para financiar por dez anos os programas do Departamento. Sua gestão omissa motivou as sociedades indígenas a iniciar um movimento para se libertar da tutela do Estado.
     Muitas tribos, porém, ainda dependem da assistência fornecida por esse órgão. Outras, em menor número, procuram de diversas maneiras se reorganizar sozinhas :
   +  Em 23 estados da União, as reservas indígenas conseguiram, com jogos de bingo, os recursos financeiros necessários para a educação de seus jovens e para muitas atividades econômicas ; 
    + No estado de Nova York, uma tribo resolveu seus problemas e vive melhor desde que passou a cobrar impostos territoriais dos 7 mil habitantes da cidade de Salamanca, situada em terras de sua reserva ;
    + No estado de Washington, treze tribos estão melhorando seu padrão de vida com a exportação de madeiras e frutos do mar para a China e outros países asiáticos ;
    + A tribo Puyallup já  está em condições de resolver suas sérias dificuldades econômicas porque cedeu os direitos sobre um terreno de alto valor imobiliário, localizado na cidade de Tacoma, em troca de empregos, terras aráveis, dinheiro, programas de treinamento de mão de obra e construção de um porto comercial.
     Portanto, podemos concluir que a minoria indígena dos Estados Unidos sabe que só conseguirá garantir uma sobrevivência digna se atuar independentemente da tutela do Estado. Isso poderá resultar na formação de uma sociedade autônoma nos Estados Unidos. 


      Fonte livro :  VESENTINI, J. William ; VLACH, Vânia . Geografia Crítica , Geografia do mundo industrializado . Editora Ática . 4ª edição . São Paulo : 2010 .