Fonte : ALMEIDA, Lúcia Marina Alves de ; RIGOLIN, Tércio Barbosa . Geografia , Série Novo Ensino Médio, Volume Único. Editora Ática. São paulo : 2008 .
ORIENTE MÉDIO
SHARON ACUSA PALESTINOS DE TORPEDEAR REFERENDO : O primeiro-ministro israelense, Ariel Sharon, acusou os palestinos de querer "torpedear" o referendo sobre seu plano de separação, em votação por seu partido, o Likud, neste domingo, com o terrível assassinato de uma israelense e seus quatro filhos na Faixa de Gaza
(O NORTE , João Pessoa, 02 de maio de 2004)
" Poucos lugares do mundo ocupam tanto espaço na mídia falada e escrita como o Oriente Médio, onde estão situados Israel e a região da Palestina, cujos povos são mencionados na notícia acima. Você vai conhecer essa região e os motivos que fazem dela uma das áreas geopolíticas mais instáveis do mundo.
Uma localização estratégica
O Sudoeste da Ásia ou Oriente Médio está estrategicamente localizado entre os três continentes que compõem o Velho Mundo : Europa, Ásia e África. A região é ponto de passagem entre o Leste e o Sudeste da Ásia e a bacia do Mediterrâneo, que a coloca em contato com o mundo ocidental.
Após o término da construção do Canal de Suez, em 1869, que concretizou a ligação entre o Mar Vermelho e o Mar Mediterrâneo, passam pelo Oriente Médio rotas de comércio provenientes do Sul e do Sudeste da Ásia, do Extremo Oriente e da Oceania, em direção aos portos europeus. Por outro lado, os países do Oriente Médio são um ponto de partida das principais linhas do comércio internacional de petróleo, uma vez que os maiores produtores dessa fonte de energia encontram-se nessa região.
Além da importância econômica, esses pontos de passagem são quase sempre focos de tensão geopolítica, em razão dos inúmeros conflitos que fazem a região ser conhecida como "barril de pólvora".
Você pode observar no mapa acima, a localização desses pontos estratégicos :
Canal de Suez (assinalado com A, no mapa acima) - construído pelos ingleses em terras do Egito, liga o Mar Mediterrâneo ao Mar Vermelho.
Estreito de Ormuz (assinalado com B, no mapa acima) - liga o Golfo Pérsico ao Oceano Índico, sendo rota obrigatória dos petroleiros dos países árabes que se dirigem a todos os mercados do mundo.
Estreito de Bósforo (assinalado com C, no mapa acima) - liga o Mar Mediterrâneo ao Mar Negro, sendo ponto de passagem da Europa para vários países asiáticos.
Estreito de Tiran (assinalado com D, no mapa acima) - liga o Golfo da Aqab ao Mar Vermelho, representando a única saída de Israel para esse mar.
Estreito de Bal-el-Mandeb (assinalado com E, no mapa acima) - separa o Oriente Médio da instável região denominada "Chifre da África", onde estão a Somália, a Eritréia e a Etiópia, na entrada do Mar Vermelho.
Oriente Médio : uma visão geral
O Oriente Médio, da forma como vamos estudá-lo, ultrapassa as fronteiras do continente asiático. Podemos reconhecer alguns conjuntos regionais nessa área:
* Egito - localizado na África do Norte, sempre esteve ligado aos conflitos do Oriente Médio, por fazer parte do mundo árabe e possuir uma pequena faixa em terras asiáticas : a península do Sinai.
* Península Arábica - abriga países produtores de petróleo, entre os quais se destaca Arábia Saudita, que pode ser considerada uma potência regional. Em geral, são países que se caracterizam por possuir governos pouco democráticos e enorme diferença na distribuição de renda entre sua população.
* Os países da Mesopotâmia - palavra de origem grega que significa entre rios, a Mesopotâmia é uma região localizada predominantemente entre os rios Tigre e Eufrates. Área de ocupação muito antiga, foi o berço de civilizações como a dos assírios, dos caldeus e dos babilônios. Consideraremos nessa região a Síria e o Iraque .
1- Síria - situada no litoral mediterrâneo, é beneficiada por uma posição geográfica favorável, uma vez que é ponto de passagem entre esse mar e outros países do Oriente Médio, como Iraque, Irã e outros.
2- Iraque - país rico em petróleo, o Iraque foi invadido pelos Estados Unidos em março de 2003. O motivo da invasão teria sido a suspeita de o governo do então ditador Saddam Hussein abrigar terroristas e possuir armas químicas e biológicas. Essa ação militar foi controvertida, pois o presidente americano, George W. Bush, desobedeceu às decisões da ONU (Organização das Nações Unidas) para realizá-la, contando com o apoio do primeiro-ministro do Reino Unido, Tony Blair. Recebeu ajuda militar da Espanha, Polônia, Portugal, Turquia, Kuwait, Arábia Saudita, Omã, Emirados Árabes Unidos, Jordânia, Djibuti e Austrália.
Em dezembro de 2003 foi anunciada a captura de Saddam Hussein pelo governo provisório estabelecido no país após a ocupação das tropas de coalizão anglo-americanas.
Um ano após a invasão, nada foi encontrado que provasse a existência de armas químicas e biológicas no Iraque, o que leva a pensar que o fato de esse país ser rico em petróleo pode ter sido um dos verdadeiros motivos da ação militar norte-americana. Em 08 de março de 2004, foi assinada a Constituição Iraquiana provisória.
* Turquia - Divide-se entre a Europa e a Ásia do Sudoeste, sendo a maior parte de seu território nesse continente. Na geopolítica atual, a Turquia está mais próxima da Europa, fazendo parte da OTAN e com pretensões de ingressar na União Européia. É considerada um país emergente.
* Jordânia - país fechado para o mar, não possui petróleo e vive na dependência da geopolítica regional.
* Litoral do Mediterrâneo - destacam-se Chipre, Líbano e Palestina. O Líbano é caracterizado por uma enorme variedade étnico-religiosa, o que já custou ao país uma guerra civil de vinte anos. Na região da Palestina está o Estado de Israel, que disputa com os árabes a posse da região. Por fim, outros dois países são muito importantes para a geopolítica local :
Irã - antiga Pérsia e a Primeira república Islâmica do mundo .
Afeganistão - foi controlado até 2001por um governo islâmico ultra-radical, a milícia Taleban.
Traços marcantes
Podemos considerar algumas características que dão um caráter próprio ao Oriente Médio. Veja quais são essas características :
- A riqueza do petróleo, que não contribui para a melhoria do padrão de vida da população.
- A predominância de climas áridos e semi-áridos, o que torna a água um recurso muito disputado.
- A diversidade étnica, religiosa e cultural dos povos da região.
- A existência de ódios seculares e inúmeros conflitos.
- O fato de ser o berço das três mais importantes religiões monoteístas: judaísmo, islamismo e cristianismo.
A diversidade étnica, religiosa e cultural
Todas essas diferenças são resultado das variadas influências que a região recebeu durante séculos, uma vez que é uma das áreas de ocupação mais antiga do mundo. Entretanto podemos afirmar que dois fatores foram fundamentais para a geopolítica do Oriente Médio :
- o expansionismo árabe (séculos VII a XV) ;
- e o Império Otomano (séculos XVII a XX) .
No final da Primeira Guerra (1918), com a decadência do Império Otomano, suas áreas localizadas no Oriente Médio foram partilhadas entre a França e a Inglaterra. Síria e Líbano ficaram sob mandato francês; Palestina, Transjordânia e Iraque, sob mandato britânico.
A criação do Estado de Israel e a Questão Palestina
A Palestina, uma estreita faixa de terra desértica que se estende ao longo do Mediterrâneo, entre o Líbano e o Egito, tem sido objeto, há mais de cinquenta anos, de uma violenta disputa que envolve povos profundamente ligados à região : israelenses (judeus) e palestinos (árabes).
Os judeus descendem dos hebreus, antigos habitantes da Palestina que haviam sido expulsos pelos romanos no início da era cristã. Dispersos pelo mundo, em um movimento chamado Diáspora, ficaram conhecidos como judeus; hoje preferem ser chamados de israelenses. Alegando direitos históricos sobre a Palestina, os judeus escolheram-na para instalar o seu Estado nacional no século XIX.
Os palestinos ocuparam a região quando da expansão árabe e aí permaneceram durante todo o Império Otomano e o Mandato Britânico (1920 - 1945). Defendem seus direitos à Palestina pelo longo tempo em que nela permaneceram.
Do sionismo ao Estado de Israel (1896 - 1948)
Durante o tempo em que os palestinos, povo de origem árabe, viviam na Palestina, o escritor húngaro Theodor Herzl (1860 - 1904) fundava, na Europa, o movimento sionista, que pretendia a criação de um Estado judaico nessa mesma região. Com o início do Mandato Britânico na Palestina, intensificaram-se as imigrações de judeus, que haviam começado durante o conflito mundial.
Podemos dizer que os primeiros choques entre os judeus e os habitantes locais tiveram início nos 28 anos de controle britânico na Palestina, quando a região recebeu grandes contingentes de colonos judeus, cujo número aumentou durante a perseguição nazista na Europa, fato que coincidiu com a Segunda Guerra Mundial (1939 - 1945) .
O final da Segunda Guerra trouxe a tão sonhada criação do Estado judaico - o Estado de Israel. A instalação do novo Estado ocorreu em 14 de maio de 1948, logo após o fim do Mandato Britânico na Palestina.
Coube à recém-criada ONU a divisão ou partilha da Palestina, em 1947, que deixou a região com a seguinte configuração : um Estado árabe e um Estado judaico. Veja o mapa abaixo .
Inconformados, os palestinos, apoiados por Egito, Síria, Transjordânia e Líbano, declararam guerra aos israelenses, com a intenção de expulsá-los das terras que faziam parte do novo Estado de Israel. Derrotados, os palestinos perderam o direito ao estado que lhes fora designado pela ONU, durante a Guerra pela Independência de Israel (1948 - 1949). Observe no mapa abaixo, as fronteiras palestinas de 1949.
Você pode notar que nada sobrou para os palestinos, que se viram ou como refugiados nos países árabes vizinhos, ou no Estado de Israel. Nas duas situações, sofriam todo o tipo de preconceito.
A reação árabe: a criação da OLP
Em 1959 Iasser Arafat criou, na Jordânia, a Fatah, grupo terrorista que tinha por objetivo retomar o território perdido em 1949. Em 1964, a Fatah tornou-se a organização para a Libertação da Palestina. Reconhecida com essa nova denominação pelos países árabes, foi proclamada por seu dirigente Iasser Arafat um "Estado no exílio". Expulsos da Jordânia em 1970, os palestinos buscaram abrigo no Líbano, onde permaneceram até 1982, quando a sede da OLP, que já havia sido aceita pela ONU em 1974 como única representante do povo palestino, foi transferida para a Tunísia, país do Norte da África.
A organização, entretanto, passaria por muitos reveses até que seu líder renunciasse ao terrorismo e aceitasse a existência do Estado de Israel, o que só viria a acontecer em 1988.
Os principais conflitos entre árabes e israelenses
De 1956 até a década de 1980, os conflitos na região tomaram a proporção de verdadeiras guerras, das quais as principais foram:
- Guerra de Suez (1956), envolvendo França e Reino Unido, que tentavam recuperar parte dos antigos territórios coloniais, o Egito, aliado dos palestinos, e os Estados Unidos, que defendiam os interesses do Estado de Israel.
- Guerra dos Seis Dias (1967), esse conflito, no qual os palestinos tiveram o apoio do Egito, da Jordânia e da Síria, mudou mais uma vez o mapa da Palestina: Israel aumentou o seu território com terras do Egito (Sinai e Faixa de Gaza), da Jordânia (Cisjordânia) e da Síria (Colinas de Golan). Veja o mapa abaixo.
- Guerra do Yom Kippur (1973), nova vitória israelense e um duro golpe no sonho da formação de uma república árabe no Oriente Médio (os egípcios assinaram, sem a concordância da Síria e da Jordânia, os Acordos de Camp David, pelos quais receberam de volta a península do Sinai, ocupada por Israel desde 1967.
- A primeira Intifada, a "revolta das pedras" iniciou-se na década de 1980, quando crianças e jovens palestinos atacavam soldados israelenses usando pedras como armas.
Os acordos de paz
A partir de 1988, a OLP mudou seu discurso radical. Arafat renunciou ao terrorismo a aceitou participar de negociações com representantes israelenses e a intermediação dos Estados Unidos.
Em 1992, o governo trabalhista moderado de Itzahak Rabin passou a dialogar diretamente com a OLP e, em 1993, foi assinado em Washington um acordo histórico entre Arafat e Israel, após negociações realizadas em Oslo, na Noruega, onde foram firmados os acordos de Oslo.
Nessas negociações, Itzhak Rabin concordou com uma gradual devolução dos "territórios ocupados" (Gaza e Cisjordânia) para o controle palestino, em troca do reconhecimento do Estado de Israel e o fim das hostilidades. Entretanto o preço pela tentativa de estabelecer a paz na Palestina foi alto. Rabin foi assassinado por um fanático judeu em 1995, que não aceitou que fossem cedidas as "terras públicas" de Israel.
Os Acordos de Oslo
Pelos Acordos de Oslo, assinados na Noruega, os territórios palestinos são formados por duas regiões separadas por 40 Km de distância, nas quais estão assentados colonos israelenses.
Após 27 anos de exílio, Arafat voltou à Palestina para formar um governo autônomo, a Autoridade Palestina, da qual seria eleito presidente dois anos mais tarde, em 1996.
A Autoridade Palestina, encravada no Estado de Israel, não reconhecida pela ONU, significa o primeiro passo rumo ao Estado Palestino. Atualmente os palestinos ocupam 40% do território da Cisjordânia e quase toda a Faixa de Gaza, como você pode verificar nos mapas abaixo.
A eterna guerra
Entre 1998 e 2000, alguns novos acordos foram assinados pelas partes (Wye Plantation, Taba, Camp David), mas os choques entre palestinos e colonos israelenses se intensificaram na região.
A data 13 de setembro de 2000, prevista para o estabelecimento do Estado Palestino, não foi respeitada. Nesse mesmo mês começou uma nova Intifada.
Em 2003, representantes da sociedade de Israel e da Palestina assinaram o Acordo de Genebra, outra tentativa de buscar a paz na região que não teve sucesso.
No ano seguinte, morreu o líder palestino Yasser Arafat e, em 2005, foram realizadas eleições na Autoridade Palestina, vencidas pelo Hammas, grupo terrorista transformado em partido político. Nesse mesmo ano, Israel promoveu uma conturbada retirada de seus colonos na Faixa de Gaza, anunciando uma desocupação unilateral da Cisjordânia.
Em 2006, além do agravamento do conflito, houve divisões internas em ambas as partes: na Autoridade Palestina, o choque entre duas facções rivais (Hammas, que controla o governo, e Fatah do presidente Mahmoud Abbas); em Israel, a proposição de um grupo representativo de israelenses árabes para criar um governo binacional (árabe e judeu).
Em janeiro de 2007, devido ao fracasso das retiradas unilaterais de Gaza e da Cisjordânia, Israel voltou atrás e resolveu entrar em negociações com palestinos moderados para decidir o tipo de ação.
Israel e os países árabes
A Questão Palestina envolveu outros países árabes do Oriente Médio na luta contra Israel. Egito, Jordânia, Síria e Líbano participaram dos conflitos de 1956, 1967 e 1973, ao lado dos palestinos. A Jordânia selou a paz com os vizinhos em 1994, como o Egito já havia feito em 1979.
Os problemas com o Líbano se acirraram quando esse país abrigou os palestinos expulsos da Jordânia, em 1970. O sul do Líbano foi ocupado por Israel desde 1978. Uma "faixa de segurança" foi marcada para prevenir ataques de guerrilheiros a territórios israelenses em 1985. De ambos os lados dessa faixa houve milhares de mortos. Somente em maio de 2000, Israel terminou a retirada de suas tropas do sul do Líbano.
Em 2006, nova crise envolveu Israel e seu país vizinho. O grupo terrorista Hezbollah capturou dois soldados israelenses e provocou a reação de Israel com uma série de ataques. As zonas mais atingidas foram o sul do Líbano e os subúrbios ao sul da capital Beirute.
Em 1º de outubro, Israel retirou seus últimos soldados do território libanês, cumprindo uma das principais condições da resolução de cessar-fogo da ONU, que pôs fim aos confrontos.
A Síria é o único país que não assinou nenhum acordo de paz com Israel. Como só aceita negociar se os israelenses devolverem as Colinas de Golan, território ocupado em 1967, e eles se recusam a fazê-lo, o impasse permanece. O mapa abaixo mostra essa região síria ocupada por Israel.
"
GEOGRAFIA Newton Almeida
Podemos considerar algumas características que dão um caráter próprio ao Oriente Médio. Veja quais são essas características :
- A riqueza do petróleo, que não contribui para a melhoria do padrão de vida da população.
- A predominância de climas áridos e semi-áridos, o que torna a água um recurso muito disputado.
- A diversidade étnica, religiosa e cultural dos povos da região.
- A existência de ódios seculares e inúmeros conflitos.
- O fato de ser o berço das três mais importantes religiões monoteístas: judaísmo, islamismo e cristianismo.
A diversidade étnica, religiosa e cultural
Todas essas diferenças são resultado das variadas influências que a região recebeu durante séculos, uma vez que é uma das áreas de ocupação mais antiga do mundo. Entretanto podemos afirmar que dois fatores foram fundamentais para a geopolítica do Oriente Médio :
- o expansionismo árabe (séculos VII a XV) ;
- e o Império Otomano (séculos XVII a XX) .
No final da Primeira Guerra (1918), com a decadência do Império Otomano, suas áreas localizadas no Oriente Médio foram partilhadas entre a França e a Inglaterra. Síria e Líbano ficaram sob mandato francês; Palestina, Transjordânia e Iraque, sob mandato britânico.
A criação do Estado de Israel e a Questão Palestina
A Palestina, uma estreita faixa de terra desértica que se estende ao longo do Mediterrâneo, entre o Líbano e o Egito, tem sido objeto, há mais de cinquenta anos, de uma violenta disputa que envolve povos profundamente ligados à região : israelenses (judeus) e palestinos (árabes).
Os judeus descendem dos hebreus, antigos habitantes da Palestina que haviam sido expulsos pelos romanos no início da era cristã. Dispersos pelo mundo, em um movimento chamado Diáspora, ficaram conhecidos como judeus; hoje preferem ser chamados de israelenses. Alegando direitos históricos sobre a Palestina, os judeus escolheram-na para instalar o seu Estado nacional no século XIX.
Os palestinos ocuparam a região quando da expansão árabe e aí permaneceram durante todo o Império Otomano e o Mandato Britânico (1920 - 1945). Defendem seus direitos à Palestina pelo longo tempo em que nela permaneceram.
Do sionismo ao Estado de Israel (1896 - 1948)
Durante o tempo em que os palestinos, povo de origem árabe, viviam na Palestina, o escritor húngaro Theodor Herzl (1860 - 1904) fundava, na Europa, o movimento sionista, que pretendia a criação de um Estado judaico nessa mesma região. Com o início do Mandato Britânico na Palestina, intensificaram-se as imigrações de judeus, que haviam começado durante o conflito mundial.
Podemos dizer que os primeiros choques entre os judeus e os habitantes locais tiveram início nos 28 anos de controle britânico na Palestina, quando a região recebeu grandes contingentes de colonos judeus, cujo número aumentou durante a perseguição nazista na Europa, fato que coincidiu com a Segunda Guerra Mundial (1939 - 1945) .
O final da Segunda Guerra trouxe a tão sonhada criação do Estado judaico - o Estado de Israel. A instalação do novo Estado ocorreu em 14 de maio de 1948, logo após o fim do Mandato Britânico na Palestina.
Coube à recém-criada ONU a divisão ou partilha da Palestina, em 1947, que deixou a região com a seguinte configuração : um Estado árabe e um Estado judaico. Veja o mapa abaixo .
Inconformados, os palestinos, apoiados por Egito, Síria, Transjordânia e Líbano, declararam guerra aos israelenses, com a intenção de expulsá-los das terras que faziam parte do novo Estado de Israel. Derrotados, os palestinos perderam o direito ao estado que lhes fora designado pela ONU, durante a Guerra pela Independência de Israel (1948 - 1949). Observe no mapa abaixo, as fronteiras palestinas de 1949.
Você pode notar que nada sobrou para os palestinos, que se viram ou como refugiados nos países árabes vizinhos, ou no Estado de Israel. Nas duas situações, sofriam todo o tipo de preconceito.
A reação árabe: a criação da OLP
Em 1959 Iasser Arafat criou, na Jordânia, a Fatah, grupo terrorista que tinha por objetivo retomar o território perdido em 1949. Em 1964, a Fatah tornou-se a organização para a Libertação da Palestina. Reconhecida com essa nova denominação pelos países árabes, foi proclamada por seu dirigente Iasser Arafat um "Estado no exílio". Expulsos da Jordânia em 1970, os palestinos buscaram abrigo no Líbano, onde permaneceram até 1982, quando a sede da OLP, que já havia sido aceita pela ONU em 1974 como única representante do povo palestino, foi transferida para a Tunísia, país do Norte da África.
A organização, entretanto, passaria por muitos reveses até que seu líder renunciasse ao terrorismo e aceitasse a existência do Estado de Israel, o que só viria a acontecer em 1988.
Os principais conflitos entre árabes e israelenses
De 1956 até a década de 1980, os conflitos na região tomaram a proporção de verdadeiras guerras, das quais as principais foram:
- Guerra de Suez (1956), envolvendo França e Reino Unido, que tentavam recuperar parte dos antigos territórios coloniais, o Egito, aliado dos palestinos, e os Estados Unidos, que defendiam os interesses do Estado de Israel.
- Guerra dos Seis Dias (1967), esse conflito, no qual os palestinos tiveram o apoio do Egito, da Jordânia e da Síria, mudou mais uma vez o mapa da Palestina: Israel aumentou o seu território com terras do Egito (Sinai e Faixa de Gaza), da Jordânia (Cisjordânia) e da Síria (Colinas de Golan). Veja o mapa abaixo.
- Guerra do Yom Kippur (1973), nova vitória israelense e um duro golpe no sonho da formação de uma república árabe no Oriente Médio (os egípcios assinaram, sem a concordância da Síria e da Jordânia, os Acordos de Camp David, pelos quais receberam de volta a península do Sinai, ocupada por Israel desde 1967.
- A primeira Intifada, a "revolta das pedras" iniciou-se na década de 1980, quando crianças e jovens palestinos atacavam soldados israelenses usando pedras como armas.
Os acordos de paz
A partir de 1988, a OLP mudou seu discurso radical. Arafat renunciou ao terrorismo a aceitou participar de negociações com representantes israelenses e a intermediação dos Estados Unidos.
Em 1992, o governo trabalhista moderado de Itzahak Rabin passou a dialogar diretamente com a OLP e, em 1993, foi assinado em Washington um acordo histórico entre Arafat e Israel, após negociações realizadas em Oslo, na Noruega, onde foram firmados os acordos de Oslo.
Nessas negociações, Itzhak Rabin concordou com uma gradual devolução dos "territórios ocupados" (Gaza e Cisjordânia) para o controle palestino, em troca do reconhecimento do Estado de Israel e o fim das hostilidades. Entretanto o preço pela tentativa de estabelecer a paz na Palestina foi alto. Rabin foi assassinado por um fanático judeu em 1995, que não aceitou que fossem cedidas as "terras públicas" de Israel.
Os Acordos de Oslo
Pelos Acordos de Oslo, assinados na Noruega, os territórios palestinos são formados por duas regiões separadas por 40 Km de distância, nas quais estão assentados colonos israelenses.
Após 27 anos de exílio, Arafat voltou à Palestina para formar um governo autônomo, a Autoridade Palestina, da qual seria eleito presidente dois anos mais tarde, em 1996.
A Autoridade Palestina, encravada no Estado de Israel, não reconhecida pela ONU, significa o primeiro passo rumo ao Estado Palestino. Atualmente os palestinos ocupam 40% do território da Cisjordânia e quase toda a Faixa de Gaza, como você pode verificar nos mapas abaixo.
A eterna guerra
Entre 1998 e 2000, alguns novos acordos foram assinados pelas partes (Wye Plantation, Taba, Camp David), mas os choques entre palestinos e colonos israelenses se intensificaram na região.
A data 13 de setembro de 2000, prevista para o estabelecimento do Estado Palestino, não foi respeitada. Nesse mesmo mês começou uma nova Intifada.
Em 2003, representantes da sociedade de Israel e da Palestina assinaram o Acordo de Genebra, outra tentativa de buscar a paz na região que não teve sucesso.
No ano seguinte, morreu o líder palestino Yasser Arafat e, em 2005, foram realizadas eleições na Autoridade Palestina, vencidas pelo Hammas, grupo terrorista transformado em partido político. Nesse mesmo ano, Israel promoveu uma conturbada retirada de seus colonos na Faixa de Gaza, anunciando uma desocupação unilateral da Cisjordânia.
Em 2006, além do agravamento do conflito, houve divisões internas em ambas as partes: na Autoridade Palestina, o choque entre duas facções rivais (Hammas, que controla o governo, e Fatah do presidente Mahmoud Abbas); em Israel, a proposição de um grupo representativo de israelenses árabes para criar um governo binacional (árabe e judeu).
Em janeiro de 2007, devido ao fracasso das retiradas unilaterais de Gaza e da Cisjordânia, Israel voltou atrás e resolveu entrar em negociações com palestinos moderados para decidir o tipo de ação.
Israel e os países árabes
A Questão Palestina envolveu outros países árabes do Oriente Médio na luta contra Israel. Egito, Jordânia, Síria e Líbano participaram dos conflitos de 1956, 1967 e 1973, ao lado dos palestinos. A Jordânia selou a paz com os vizinhos em 1994, como o Egito já havia feito em 1979.
Os problemas com o Líbano se acirraram quando esse país abrigou os palestinos expulsos da Jordânia, em 1970. O sul do Líbano foi ocupado por Israel desde 1978. Uma "faixa de segurança" foi marcada para prevenir ataques de guerrilheiros a territórios israelenses em 1985. De ambos os lados dessa faixa houve milhares de mortos. Somente em maio de 2000, Israel terminou a retirada de suas tropas do sul do Líbano.
Em 2006, nova crise envolveu Israel e seu país vizinho. O grupo terrorista Hezbollah capturou dois soldados israelenses e provocou a reação de Israel com uma série de ataques. As zonas mais atingidas foram o sul do Líbano e os subúrbios ao sul da capital Beirute.
Em 1º de outubro, Israel retirou seus últimos soldados do território libanês, cumprindo uma das principais condições da resolução de cessar-fogo da ONU, que pôs fim aos confrontos.
A Síria é o único país que não assinou nenhum acordo de paz com Israel. Como só aceita negociar se os israelenses devolverem as Colinas de Golan, território ocupado em 1967, e eles se recusam a fazê-lo, o impasse permanece. O mapa abaixo mostra essa região síria ocupada por Israel.
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GEOGRAFIA Newton Almeida