Os teóricos do socialismo
Os primeiros críticos do sistema capitalista surgiram no início do século XIX, a partir da Revolução Industrial e do aparecimento do proletariado, composto do conjunto dos operários que possuem somente a sua força de trabalho para vender para os capitalistas. Eram os socialistas utópicos, também chamados de socialistas românticos.
Antes deles Thomas Morus, em seu livro Utopia, publicado em 1516, já havia creditado à propriedade privada todas as injustiças sociais. Entre os socialistas utópicos, destacaram-se Robert Owen (1771 - 1858), Charles Fourrier (1772 - 1837) e o conde de Saint-Simon (Claude H. de Rouvray , 1760 - 1825). Esses pensadores opunham-se ao sistema de produção capitalista e ao liberalismo econômico e preocupavam-se, principalmente, com a busca de uma sociedade mais justa e mais humana.
No século XIX, porém, outros pensadores questionaram e criticaram mais profundamente a sociedade capitalista. Esses pensadores, que foram chamados de socialistas científicos por alguns autores e de materialistas históricos por outros, propuseram um modo de produção totalmente diferente do sistema capitalista. Entre eles, destacam-se Karl Marx (1818 - 1883) e Friedrich Engels (1820 - 1895). A primeira obra desses pensadores foi O manifesto comunista, publicada em 1848. Mais tarde, Marx fez uma abrangente e profunda análise do capitalismo em sua obra mais importante, O capital (1867).
A oposição de Marx ao capitalismo
Para Marx, o sistema capitalista privilegia a exploração do homem pelo homem e beneficia apenas um pequeno grupo, constituído pelos donos dos meios de produção e por pessoas que possam tirar proveito de alguma forma do mecanismo capitalista (emprestando dinheiro a juros ou comprando mercadorias mais baratas para vender por preços mais altos). Marx alertou sobre o fato de que, com o passar do tempo, essa concentração de riquezas nas mãos de poucos ficaria cada vez mais acentuada. Além disso, previu que o capitalismo, da forma como havia sido estruturado ao longo da história, também chegaria ao fim, assim como ocorreu com o feudalismo e com outros sistemas de produção anteriores. Para ele, o fim do capitalismo aconteceria com uma grande crise econômica (falências, desemprego, etc.), que desmontaria a estrutura capitalista.
A exploração do homem pelo homem foi criticada por Marx e explicada pelo conceito da mais-valia : na sociedade capitalista, o empregado produz mais lucro para o patrão do que o salário que lhe é pago. Por exemplo : o trabalhador tem uma jornada de seis horas diárias, entretanto, em cinco horas, ele produz um valor equivalente ao salário de seis horas, sendo o valor da outra hora apropriado pelo capitalista. O que é produzido a mais nessa sexta hora foi chamado de mais-valia. Portanto, a mais-valia é o trabalho que não é pago ao operário e que é transformado em lucro pelo proprietário do meio de produção.
Como pôr fim ao capitalismo
Na teoria marxista, a forma de acabar com a estrutura capitalista seria promover a luta entre as classes que formam essa estrutura: os proprietários dos meios de produção, ou burguesia, versus a força de trabalho, ou proletariado, com a vitória dessa última classe.
O proletariado chegaria ao poder e destruiria o grande mal da sociedade capitalista (a propriedade privada dos meios de produção), substituindo-a pela posse coletiva desses meios. Dessa forma, atingiria o seu objetivo final, que seria o fim de todas as desigualdades sociais.
A forma indicada por Marx para atingir esse objetivo envolveria duas etapas que, como veremos a seguir, popularizaram dois termos muito usados e muitas vezes confundidos: socialismo e comunismo.
Socialismo e comunismo
Não raro, essas duas palavras são empregadas erroneamente como sinônimos. Porém, na concepção de Marx, elas serviriam para designar as duas etapas do processo revolucionário que deveria acabar com as estruturas capitalistas e estabelecer a sociedade ideal.
Na primeira fase (o socialismo) haveria a necessidade da existência de um estado controlado pelo proletariado para organizar o funcionamento da sociedade. A propriedade dos meios de produção seria estatal e coletiva. Haveria ainda algumas desigualdades, pois cada um receberia de acordo com o seu trabalho.
A próxima fase seria o comunismo, na qual o estado seria extinto, por não ser mais necessário, e cada um seria remunerado de acordo com suas necessidades. Nessa sociedade, valores como o consumismo e o desejo de acumular dinheiro ou propriedades e ostentar símbolos de riqueza não existiriam.
Depois de conhecer essas idéias, você pode perceber que o socialismo e o comunismo idealizados pelos socialistas científicos nunca existiram de fato. E o que dizer da ex- União Soviética, dos países do Leste europeu e de alguns outros, ora chamados de comunistas, ora de socialistas, ora de Segundo Mundo ?
Na realidade esses países tentaram uma experiência socialista que, por pouco ter em comum com a teoria político-econômica de Marx, é chamada de socialismo real, que traduz o tipo de socialismo instaurado de fato nesses países.
O socialismo real
A Rússia, país de economia essencialmente agrária, apesar da extrema pobreza de sua população havia conseguido construir um império, que ocupou enorme extensão de terras no Leste da Europa e no Norte da Ásia. Coube exatamente ao povo russo, após muito sofrer a tirania dos czares (título que recebiam os imperadores russos), realizar a primeira revolução socialista da história - a Revolução Russa de 1917.
Com a vitória dos revolucionários e depois de alguns anos de guerra, que incluiu desavenças entre os vitoriosos, foi criado o primeiro país socialista do mundo, a URSS - União das Repúblicas Socialistas Soviéticas, em 1922, compreendendo a princípio áreas que pertenciam ao antigo Império Russo. Leia uma notícia veiculada pelo Jornal do Brasil, do Rio de Janeiro, em sua edição especial, o Jornal do Século.
Desde a sua formação até o ano de 1940, a URSS anexou outras áreas ao seu território, tornando-se também o país mais extenso do mundo, com mais de 22.400.000 Km².
Observe, no mapa abaixo, a formação do país que se tornaria uma das superpotências mundiais a partir de 1945.
O socialismo soviético
O socialismo real, na URSS, teve muito pouco dos ideais dos teóricos do socialismo científico. Instalou-se um governo autoritário, uma ditadura de partido único, autodenominado Partido Comunista, e uma economia em que o Estado ditava as leis do mercado: a economia planificada.
A denominação do partido que governava a URSS levou muitas vezes esse país e todos os que seguiram seu caminho a serem erroneamente chamados de comunistas. Erroneamente, pois não conseguiram chegar sequer à fase do socialismo marxista, quanto mais do comunismo pregado por esse pensador.
O governo socialista russo exercia um rígido controle sobre a sociedade : censurava os meios de comunicação e vetava o direito de as pessoas entrarem e saírem livremente do país. Os burocratas - dirigentes do Partido Comunista (o único na legalidade) - e seus familiares tinham regalias, como carros, casas maiores que as da população, lojas especiais para fazer compras e até mesmo casas de campo ou de praia, evidenciando a existência de uma classe dominante.
O Estado era dono das terras, das minas de ouro, carvão, etc. e de todos os meios de produção. Não havia propriedade privada, livre concorrência de mercado e muito menos lei da oferta e da procura.
A economia planificada
Se a economia não era regida pelas leis do mercado, o Estado deveria assumir todo o seu planejamento. Conheça alguns dos mecanismos da economia planificada :
- Planejamento da produção e do consumo. Não havia livre aplicação de capital nem busca de lucro. Tudo era rigorosamente planejado pelos burocratas, que visavam controlar o mercado.
- Garantia das necessidades básicas. Ao Estado cabia garantir os meios essenciais para uma sobrevivência decente - educação, saúde, aposentadoria, emprego. Essas garantias eram entendidas como uma forma de redistribuição da renda.
- Planos quinquenais. Havia um órgão central de planejamento que estabelecia as principais diretrizes econômicas do país por cinco anos - o Gosplan, Comitê Central de Planejamento. Sua atuação foi mais centralizadora até 1957, quando havia um planejamento em escala nacional, em cada república e em cada região das repúblicas. A execução desses planos ficava a cargo dos ministérios.
A produção industrial era controlada pelas Direções Gerais das Indústrias, que dividiam essa produção em dois grupos:
- Os trustes, grupos de integração de indústrias similares em uma determinada região.
- Os combinados, formados por indústrias que complementavam a produção uma das outras. Existiam combinados metalúrgicos, químicos, etc.
Após a reforma agrária inicial que cedeu terras aos camponeses, logo depois da Revolução Russa, o governo soviético adotou dois modelos coletivos de exploração agrária:
- Os kolkhozes, cooperativas rurais onde os camponeses cultivavam a terra com máquinas e tratores do Estado.
- Os sovkhozes, fazendas estatais onde os camponeses trabalhavam para o Estado.
Depois de um período de descentralização econômica (1957 - 1965), quando o Gosplan se tornou mais um órgão de pesquisa do que de execução, a planificação em escala nacional voltou a ser adotada, mas com maior participação dos ministérios das repúblicas do que do ministério central.
O mundo socialista
O socialismo não ficou restrito à URSS. Muitas outras nações adotaram esse sistema para dirigir seus destinos. Observe o mapa abaixo .
Países socialistas do Leste Europeu (no mapa ): Polônia, Alemanha Oriental, Hungria, Tchecoslováquia, Bulgária, Albânia, Iugoslávia .
Nem sempre os países que adotaram o socialismo permaneceram aliados à União Soviética durante todo o tempo de existência da potência socialista. Iugoslávia e Albânia, na Europa, e China, na Ásia, são exemplos de países socialistas que romperam com a União Soviética e passaram a seguir orientações próprias.
Quais países são socialistas atualmente ?
(* inserção do Newton Almeida,
fonte :http://pt.wikipedia.org/wiki/Predefini%C3%A7%C3%A3o:Pa%C3%ADses_socialistas)
Cuba, Vietnã, China, Coréia do Norte , Laos .
Capitalismo X Socialismo
A partir do momento em que a URSS passou a existir como potência mundial (após 1945) e outras nações adotaram o socialismo real, chega ao fim a existência do capitalismo como único sistema socioeconômico do mundo. Começa, então, um período histórico marcado pela rivalidade entre capitalismo e socialismo (real), que ficou conhecido como guerra fria. Esses sistemas têm ideologias completamente antagônicas cujos interesses não podiam ser conciliados.
Fonte : ALMEIDA, Lúcia Marina Alves de ; RIGOLIN, Tércio Barbosa . Geografia , Série Novo Ensino Médio, Volume Único. Editora Ática. São paulo : 2008 .
GEOGRAFIA Newton Almeida