A População Brasileira - formação, características, indicadores demográficos, dinâmica do crescimento, teorias demográficas, movimentos populacionais no Brasil, desigualdades Socioeconômicas, étnicas e de gênero
O que é CENSO Demográfico ? É uma pesquisa que permite conhecer a população de um país : número de habitantes , de homens, de mulheres, crianças e idosos, onde e como vivem as pessoas . No Brasil quem realiza a pesquisa do CENSO Demográfico é o IBGE ( Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) . A última pesquisa CENSO Demográfica do Brasil foi feita em 2010 .
Formação Étnica
Os ameríndios (primeiros habitantes do Brasil, povos indígenas), os negros (trazidos como escravos) e os brancos (europeus, principalmente) formam os três grupos básicos da população brasileira. A intensa miscigenação ou mestiçagem entre esses grupos originou os mulatos (brancos com negros); cafuzos (indígenas com negros) e os caboclos ou mamelucos (indígenas com brancos).
Um País Marcado pela Diversidade
Essa diversidade aparece em características culturais, como língua, religião, música, hábitos alimentares, e também nas características físicas das pessoas, como cor da pele, dos cabelos, estatura, etc. Entre os elementos mais evidentes da presença de culturas diversas na formação de nossa população, está a língua falada. Dos portugueses, herdamos nossa língua oficial. No entanto, nossa língua portuguesa não é falada da mesma forma por toda a população. Há diferenças regionais que aparecem, por exemplo, no sotaque . Além disso, na língua portuguesa falada no Brasil, há muitas palavras de origem indígena e africana.
O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) classifica o povo brasileiro entre cinco grupos: branco, preto, pardo, amarelo e indígena, baseado na cor da pele ou raça. Quem declara sua cor ou raça é o próprio entrevistado. O censo nacional de 2010 realizado pelo IBGE encontrou o Brasil sendo composto por uns 90 milhões de brancos, 82 milhões de pardos, 14 milhões de negros, 2 milhões de amarelos e 8oo mil indígenas.
Distribuição Espacial da População
A população brasileira está distribuída de maneira desigual pelo território : há regiões onde se aglomeram muitas pessoas, e em outras, o número de habitantes é muito pequeno. A atual distribuição da população brasileira reflete a desigualdade econômica entre as regiões. As maiores oportunidades de trabalho são fatores que contribuem para a concentração populacional, pois as pessoas procuram locais que possam lhes oferecer boas condições de vida. Apesar de esforços do governo brasileiro de distribuir oportunidades de trabalho por todo o Brasil, o Sudeste é a região brasileira mais povoada , com densidade demográfica de 85 habitantes por quilômetro quadrado. A região Norte é a menos povoada, com cerca de 4 habitantes por Km². A população brasileira se concentra nas áreas litorâneas e nas grandes cidades (como São Paulo, Rio de Janeiro, Salvador, Belo Horizonte, Porto Alegre , etc. ) . Nas últimas décadas o ritmo de crescimento da população vem caindo .
Brasil : um país populoso, mas pouco povoado
O Brasil é o quinto país mais populoso do Mundo ( 1º China, 2º Índia, 3º Estados Unidos, 4º Indonésia, 5º Brasil ) .
Um país populoso significa que possui muitos habitantes, ou seja a população absoluta (o mesmo que população total) é elevada . Já quando nos referimos a um país povoado estamos falando da sua população relativa, ou seja o número de pessoas que residem em determinada região. A população relativa de uma região é o mesmo que a densidade demográfica dessa região. A densidade demográfica do Brasil é baixa, em comparação com outros países do mundo.
Exemplo 1 : No Brasil vivem pouco mais de 190 milhões de brasileiros (CENSO 2010) , num território de pouco mais de 8,5 milhões de quilômetros quadrados . Qual é a densidade demográfica do Brasil ?
Densidade demográfica = população / área territorial = 190.000.000 / 8.500.000 = 1.900 / 85 = 22,4 habitantes / Km² .
Ou seja, o Brasil tem população relativa de cerca de 22 habitantes por quilômetro quadrado . Essa densidade demográfica é baixa, portanto o Brasil é Populoso, mas pouco Povoado !
Exemplo 2 : No Japão a população é de pouco mais de 130 milhões de habitantes, que vivem no território de pouco mais de 377 mil Km² .
Qual é a densidade demográfica do Japão ?
população / área territorial = 130.000.000 / 377.000 = 130 / 0,377 = 340 habitantes / Km ² . O Japão possui a densidade demográfica 15 vezes maior que a do Brasil.
Dinâmica do Crescimento Demográfico
Taxa de natalidade : é o número de nascimentos em cada grupo de mil habitantes . A taxa de natalidade no Brasil em 2010 está em cerca de 19 %o (19 nascimentos para cada grupo de mil pessoas ao ano) . As taxas de natalidade vêm diminuindo no Brasil : por causa da urbanização (crescimentos das cidades; nas cidades o número de filhos é menor do que no campo, os casamentos acontecem mais tarde, as mulheres trabalham e tem menos filhos , pensando na carreira profissional, facilidade de planejamento familiar devido ao acesso a meios contraceptivos = pílula, camisinha, etc. ). A população brasileira vive em cidades, hoje em dia, apenas uns 20 % é que ainda moram no campo .
Taxa de mortalidade : representa o número de óbitos para cada grupo de mil habitantes . A taxa de mortalidade do Brasil está em torno de 7 %o(7 mortes por grupo de mil pessoas ao ano) .
Expectativa de vida : também denominada esperança de vida ao nascer , corresponde a quantos anos as pessoas poderão viver (em 1940 era de 42 anos , atualmente está em torno de 73 anos) .
Crescimento natural ou vegetativo : é a diferença entre os nascimentos e os óbitos (mortes) . O crescimento natural pode ser :
positivo = quando nascem mais pessoas do que morrem ;
negativo = quando o número de nascimentos é menor do que o de mortes ;
nulo = quando a taxa de natalidade é igual a taxa de mortalidade.
No ano de 1900 a população brasileira era de 17 milhões de habitantes, 1960 era de 70 milhões, em 2000 era de 170 milhões, em 2010 da ordem de 190 milhões.
Nas últimas décadas, Houve uma queda na taxa de crescimento da população brasileira, que pode ser explicada pelo maior acesso a informações sobre métodos contraceptivos, pela crescente participação da mulher no mercado de trabalho, pela urbanização, principalmente. Ao mesmo tempo, avanços na medicina e melhorias das condições de saúde pública ajudaram a diminuir a taxa de mortalidade , aumentando a expectativa de vida, e consequentemente o número de idosos .
Estrutura Populacional
A queda combinada das taxas de fecundidade e mortalidade vem ocasionando uma mudança na estrutura etária brasileira, com diminuição relativa da população jovem e o aumento proporcional do número de idosos. No ano de 2010 podemos considerar o Brasil um país maduro, ou seja, com predomínio de sua população na faixa etária de 20 a 59 anos . Os países maduros apresentam expressivo desenvolvimento industrial, mas enfrentam problemas para manter boas condições de vida para o grupo populacional crescente de idosos. E como conseqüência da baixa natalidade, em poucos anos poderão faltar pessoas para o mercado de trabalho, o que poderá comprometer a previdência social.
Teorias Demográficas
Teoria Malthusiana - Elaborada pelo economista inglês Thomas Malthus, por volta de 1798, esse pesquisador defendia que a alta taxa de natalidade colocava em risco o futuro da humanidade. Segundo Malthus, a população mundial crescia em um ritmo rápido, comparado por ele a uma progressão geométrica (1,24,8,16,32,64,128...), e a produção de alimentos crescia em um ritmo lento, comparado por ele a uma progressão aritmética (1, 2, 3, 4, 5, 6 ...). Sendo assim, em um determinado momento, não existiriam alimentos para todos os habitantes da Terra. As maiores constetações a essa teoria são que, na realidade, ocorre grande concentração de alimentos nos países ricos e, consequentemente, má distribuição nos países pobres. Porém. em nenhum momento a população cresceu conforme a previsão de Malthus. E o desenvolvimento de novas técnicas agrícolas aumentou consideravelmente a produção de alimentos.
Teoria Neomalthusiana - Elaborada após a Segunda Guerra Mundial (1939 - 1945), argumentava que, se o crescimento demográfico não fosse contido, os recursos naturais da Terra se esgotariam em pouco tempo. Foi sugerida uma rigorosa política de controle da natalidade aos países subdesenvolvidos .
Teoria Reformista - Diverge das teorias Malthusiana e Neomalthusiana. Os reformistas atribuem aos países ricos ou desenvolvidos a responsabilidade pela intensa exploração imposta aos países pobres ou subdesenvolvidos, que resultou em um excessivo crescimento demográfico e pobreza generalizada. Defendem a adoção de reformas socioeconômicas para superar os graves problemas. A redução do crescimento demográfico seria consequência dessas reformas. Portanto, isso se aplica ao Brasil. A diminuição da desigualdade social, através da distribuição de renda aos mais carentes, tem que ser o objetivo, inclusive como instrumento para equilibrar o crescimento vegetativo no Brasil.
Movimentos Populacionais no Brasil
Migrações são deslocamentos da população no espaço. Podem ser classificadas em diversas categorias. No Brasil são quatro principais tipos de migração :
- a imigração, entrada de estrangeiros no Brasil foi muito importante no período de 1850 até 1934, atualmente é menor do que a emigração, que á saída de brasileiros para outros países;
- as migrações internas ou inter-regionais, que ocorreram durante toda a nossa historia, mas assumiram maior importância após 1934, com o declínio da imigração e uma maior integração entre todas as regiões do Brasil ;
- a migração rural-urbana ou êxodo rural, que se acelerou após 1950 ;
- e as migrações pendulares nas grandes cidades, é o deslocamento diário da residência para o trabalho, e do trabalho para casa, atravessando cidades.
Imigração
O Brasil possui parte da população formada por imigrantes ou descendentes destes. A chegada desses imigrantes se deu principalmente entre meados do século XIX e meados do século XX , quando muitos europeus (principalmente portugueses, italianos, espanhóis e alemães) e asiáticos (sírios, libaneses, japoneses, entre outros) chegaram ao país.
Os italianos, que formaram um dos grupos mais numerosos de imigrantes estabelecidos no Brasil, a partir do final do século XIX , dirigiram-se principalmente para o estado de São Paulo. Na capital desse estado, a influência italiana pode ser notada, por exemplo, nos hábitos alimentares dos paulistanos.
A imigração, ou seja, a vinda de estrangeiros para residir no Brasil, foi resultado tanto da crise em outros países (da Europa, e o Japão, em especial no final do século XIX e nas primeiras décadas do século XX) como dos esforços do governo brasileiro em incentivar a vinda de imigrantes para cá. Este segundo fator decorreu da necessidade de o país atrair mão de obra para as lavouras cafeeiras, em um momento em que escravidão tornava-se ilegal no Brasil. A partir de 1850, quando o tráfico de escravos cessou ( a lei Eusébio de Queirós proibiu a vinda de novos escravos ) a imigração se intensificou . Antes disso já ocorria imigração, mas em número pouco expressivo.
O período áureo da imigração para o Brasil ocorreu entre 1850 e 1934. A Constituição promulgada em 1934 estabeleceu medidas restritivas à vinda de estrangeiros, razão pela qual a imigração para o Brasil diminuiu consideravelmente. Uma dessas medidas foi o sistema de cotas , de acordo com o qual, a cada ano, não poderiam ingressar no país mais de 2% do total de entradas de imigrantes de cada nacionalidade nos últimos cinqüenta anos.
O momento de maior incentivo à vinda de imigrantes foi a abolição da escravatura, em 1888, que impulsionou o governo brasileiro a buscar nova força de trabalho na Europa e no Japão. As maiores entradas anuais de imigrantes ocorreram no período entre 1888 e 1914-1918 (anos da Primeira Guerra Mundial).
Migrações Internas
Em 1877 a 1880 ocorreu a grande seca do Nordeste e muitos foram para a Amazônia aproveitar o ciclo econômico da borracha, sendo o Brasil o maior exportador de látex das seringueiras (matéria-prima da borracha) do mundo, nesse período.
As migrações internas ou regionais vem ocorrendo desde a época colonial, mas se intensificaram a partir do século XX, após Primeira Guerra Mundial (1914-1918). Durante toda a história do Brasil a economia passou por ciclos econômicos, cana-de-açúcar no século XVI e XVII, mineração século XVIII, do café no final do século XIX e início do século XX e da borracha de 1870 a 1910, fazendo com as populações se deslocassem para as regiões mais atrativas .
Na década de 1940 aconteceu a marcha para o oeste A Marcha para o Oeste foi criada pelo governo de Getúlio Vargas para incentivar o progresso e a ocupação do Centro-Oeste, que organizou um plano para que as pessoas migrassem para o centro do Brasil, onde havia muitas terras desocupadas.
Com o auge da industrialização do Brasil, entre as décadas de 1950 e 1980, a migração nordestina para a região Sudeste, em especial para os estados de São Paulo e Rio de Janeiro, foi intensa, tornando as capitais destes estados (São Paulo e Rio de Janeiro) grandes polos de atração para essas populações. Além disso, foi nesse período que ocorreu o êxodo rural, onde as pessoas migraram do campo para as cidades em busca de melhores condições de vida. A estrutura agrária brasileira, concentrando a propriedade de terras na mão de poucos, a mecanização da agricultura, a maior oportunidade de trabalho nas crescentes indústrias, facilidade de transporte e acesso aos serviços de saúde nas cidades, foram as principais do êxodo rural. Atualmente cerca 80 % dos brasileiros vivem nas cidades.
Desigualdades Socioeconômicas, étnicas e de gênero
Um dos aspectos levantados pelos CENSOS brasileiros é a distribuição da população segundo cor ou raça. Para realizar esse levantamento, o IBGE apresenta cinco grupos étnicos, definidos, de modo geral, pela cor da pele, para que as pessoas se autoclassifiquem .
Durante muito tempo acreditou-se que a “mistura” de povos fazia do nosso país uma democracia racial, isto é, um país sem racismo, onde todos seriam tratados da mesma forma e teriam as mesmas oportunidades. No entanto, em nosso país há um racismo disfarçado contra negros , pardos e indígenas, levando grande parte da população a não reconhecer sua própria origem. Prova disso é que muitas pessoas que poderiam ser classificadas como pardas ou negras se autodeclaram brancas.
Ao comparar, por exemplo as taxas de analfabetismo da população brasileira, dividida pela cor ou raça, verificamos a enorme desigualdade : 7% da população branca é analfabeta, e entre a população parda e negra esse valor dobra, sendo 15,6% e 14,6% respectivamente. A renda média da pessoa de cor branca no Brasil é de quase o dobro da renda das pessoas de cor preta . Os avanços alcançados nos níveis de educação e rendimento dos últimos anos, no Brasil, não alteraram significativamente o quadro de desigualdades raciais.
Com relação aos sexos, a população de homens e mulheres no Brasil é praticamente a mesma, embora nasçam mais homens, a taxa de mortalidade deles é maior e as mulheres atingem maiores idades, e portanto são em maior número no Brasil (quase 3 milhões mais de mulheres do que homens).
Ainda hoje é comum ver que existem diferenças entre homens e mulheres no mercado de trabalho, segundo pesquisas estatísticas as mulheres ganham salários menores do que os homens, comparativamente mesmo quando ocupam o mesmo cargo. Refletindo uma discriminação por parte dos empregadores e empresários.
Fonte : ALMEIDA, Lúcia Marina Alves de ; RIGOLIN, Tércio Barbosa . Geografia , Série Novo Ensino Médio, Volume Único. Editora Ática . 3ª edição. São Paulo : 2008.
DANELLI, Sonia Cunha de Souza. Projeto Araribá Geografia 7º ano. Editora Moderna. 2ª edição. São Paulo : 2007 .
VESENTINI, J. William ; VLACH, Vânia. Geografia Crítica 9º ano. Editora Ática. 4ª edição. São Paulo: 2010.