domingo, 4 de março de 2018

A Energia Eólica Não É Limpa de Acordo com o Professor Heitor Scalambrini Costa

       

     Eu (Newton Almeida)  recebi um email do professor Heitor Scalambrini  Costa que detalha sobre o engano de classificar a energia eólica como fonte de energia limpa, pois quando são instaladas as usinas ou parques eólicos ocorrem diversos impactos ambientais.
        Espero que a leitura contribua para um alerta à sociedade e autoridades sobre a importância da criteriosa gestão e licenciamento ambiental. 
     Agradeço ao professor Heitor Scalambrini Costa e transcrevo na íntegra o texto recebido, ainda há pouco, por email. 

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Encaminho uma breve contribuição ao debate energético. Caso considere interessante gostaria que divulgasse,

Grande abraço,

Heitor

Energia eólica NÃO é limpa
Heitor Scalambrini Costa
Professor aposentado da Universidade Federal de Pernambuco

Usualmente as fontes de energias renováveis solar e eólica são tratadas como fontes limpas. O que realmente significa adjetivar de limpas tais fontes energéticas?

Limpa é o antônimo de suja, e as fontes sujas são bem conhecidas. São as fontes não renováveis como o petróleo e seus derivados, o carvão mineral e o gás natural. Constituem as maiores fontes emissores do gás carbônico, conhecido como gás que provoca o efeito estufa, o aquecimento global, e consequentemente as mudanças climáticas. Além destes combustíveis lançarem para a atmosfera outros resíduos altamente poluentes e danosos a vida no planeta.

A energia eólica não gera gases tóxicos, que causam o efeito estufa durante o processo de conversão/geração de energia. Dai, talvez assim, serem chamadas de limpas. Todavia é um grande equivoco e incorreto no estrito sentido de fonte sustentável. Assim, aqueles que propagam esta meia verdade acabam iludindo, confundindo e distorcendo a verdade dos fatos. A quem interessa ficar repetindo como um mantra, que a energia elétrica produzida em grandes parques eólicos é energia limpa, sustentável?.

A fisica nos ensina que NÃO existe processo de conversão de uma fonte de energia em outra que não gera, poluição, resíduos, afeta pessoas, enfim algum tipo de impacto. O que temos que escolher, diante do maior desafio da humanidade, que é o aquecimento global, as fontes renováveis, e a configuração, o modelo de implantação menos impactante de gerar energia.

O que deve ser analisado portanto, ao priorizarmos as fontes renováveis de energia (Sol, água, vento, biomassa) é como a energia é gerada, o modelo de implantação destas tecnologias. Existem duas configurações possíveis de geração de energia, chamado geração descentralizada (distribuída) e geração centralizada.

As grandes usinas, os parques eólicos, constitui uma maneira de geração concentrada. Também conhecida como geração “industrial” de energia, onde grandes “pacotes” de energia são gerados e transmitidos até os locais de consumo através de linhas de transmissão, e posteriormente distribuida nas residências, no comércio, para as diferentes atividades econômicas.

Outra forma de geração de energia elétrica é a descentralizada, também chamada de distribuída, onde a geração está próxima do seu consumo, sem que haja necessidade de construir grandes linhas de transmissão, percorrendo milhares de quilômetros. Neste caso, o consumo de energia se dá próximo a geração. São menores as quantidades de energia produzidas neste caso.

Portanto, dependendo da escolha feita, a energia eólica pode acarretar mais ou menos efeitos negativos (sociais, econômicos e ambientais). Como por exemplo, supressão de vegetação, problemas causados a fauna (morcegos, passáros), alterações do nível hidrostático do lençol freático no processo de instalação da estrutura das torres, aterramento e devastação de dunas, impacto sonoro afetando a saúde das pessoas (distúrbios do sono, dor de cabeça, zumbido e pressão nos ouvidos, náuseas, tonturas, taquicardia, irritabilidade, problemas de concentração e memória, episódios de pânico com sensação de pulsação interna ou trêmula, que surgem quando acordado ou dormindo), deslocamentos forçados de populações com destruições de modos de vida de populações tradicionais, expropriação de terras (com contratos draconianos de arrendamento), entre outros efeitos negativos.

Inúmeros estudos acadêmicos mostram os danos sociais, econômicos e ambientais causados; além das sistemáticas denúncias sobre agressões cometidas contra o meio ambiente e pessoas, relatando verdadeiras tragédias (perdas, prejuízos, danos, privações, destruições, de vidas e de bens, muitas vezes permanentes e irreversíveis),que estão sendo cometidas com as instalações de parques/usinas eólicos. Em particular, no nordeste brasileiro onde mais de 80% dos mais de 500 parques eólicos (6.500 aerogeradores) estão instalados.

Não há dúvidas que grandes instalações, ocupando grandes áreas, atentam mais gravemente contra o meio ambiente e as pessoas, do que pequenas instalações eólicas. Em pouco mais de 5 anos a potência instalada no país, devido a instalação de parques eólicos, multiplicou por 100, atingindo atualmente a 8ª colocação no ranking mundial de capacidade instalada. Em 2017 o Brasil atingiu 12.640 MW.

Não se pode mais escamotear os problemas que estão sendo denunciados pelos atingidos, relatados nos trabalhos científicos. Faz se necessário uma ampla revisão da conduta dos orgãos públicos a respeito das inúmeras violações que estão sendo cometidas pelos “negócios do vento”. Lembrando que omitir, retardar ou deixar de praticar indevidadamente ato de investigação é prevaricação. Crime funcional praticado por funcionário público contra a Administração Pública.

                                                                      "


Geografia Newton Almeida http://geografianewtonalmeida.blogspot.com.br

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