O texto foi transcrito do Livro : VESENTINI, J. Wiliam ; VLACH, Vânia. Geografia Crítica , o espaço brasileiro . 7º Ano. Editora Ática . 4ª edição . São Paulo : 2009.
" O Sertão nordestino, imensa área interior, apresenta clima semiárido e vegetação de caatinga. É também conhecido como "Polígono das Secas", caracterizado por índices de pluviosidade baixos e irregulares e pela ocorrência periódica de secas. Abrange a maior parte da área do Nordeste, mas abriga apenas uma pequena parcela da população nordestina : os índices de densidade demográfica são os mais baixos de toda a região.
A principal atividade econômica do Sertão é a pecuária extensiva e de corte. Os brejos, locais mais úmidos por se situarem em encostas e vales fluviais, são as principais áreas agrícolas. Neles, cultivam-se milho, feijão e cana-de-açúcar. Em algumas áreas, como no Vale do Cariri cearense, cultiva-se o algodão de fibra longa, de altíssima qualidade, denominado seridó. Nas áreas litorâneas do Ceará e Rio Grande do Norte pratica-se a extração do sal, exportado principalmente pelos portos de Macau e Areia Branca, no Rio Grande do Norte.
O que marca o Sertão nordestino para a imprensa e a opinião pública em geral são as secas, que ocorrem desde o século XVI. Daquela época até o ano de 2005, registrou-se um total de 44 secas no Sertão nordestino; treze ocoreram no século XX. Algumas duram um ano; outras se prolongam por dois ou três anos. No século XVIII houve um período de seca que durou seis anos. De 1979 a 1984 ocorreu uma violenta seca, talvez a maior do século XX, prevista em meados da década de 1970 por um estudo realizado pelo Centro Tecnológico da Aeronáutica, localizado em São José dos Campos, no estado de São Paulo.
Desde a época do Império, o governo federal adota uma política de combate aos efeitos da seca, construindo açudes para represar os rios locais e, conseguir reservatórios de água para tornar perenes os rios temporários. Em 1909, foi criada a Inspetoria de Obras Contra as Secas (Iocs), mais tarde transformada em Departamento Nacional de Obras Contra as Secas (Dnocs), o qual foi incorporado à Sudene (Superintendência do Desenvolvimeno do Nordeste) em 1959.
Essas medidas não resolveram o problema, mas beneficiaram grandes proprietários de terras, os chamados "coronéis", e políticos ligados ao partido no poder. Geralmente construídos com recursos públicos em grandes propriedades particulares, os açudes acabam sendo controlados pelo fazendeiro, que os utiliza em proveito próprio. As verbas federais destinadas ao combate dos efeitos das secas são distribuídas a políticos ligados ao partido no poder, que as empregam, muitas vezes, apenas para garantir votos.
Utiliza-se a expressão "indústria da seca" para se referir aos interesses econômicos e políticos de grupos que lucram com as secas. Esses grupos procuram divulgar ao máximo a imagem de uma seca exagerada, que exigiria constantes recursos financeiros do restante do país para ajudar os flagelados. "
GEOGRAFIA Newton Almeida
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