Fronteiras da natureza, limites do nosso conhecimento
( Fonte : Fonte : Livro Geografia do Mundo ; Carvalho, Marcos Bernardino de ; Pereira, Diamantino Alves Correia ; Editora FTD ; São Paulo ; 2009; 8º ano )
" Graças aos atuais estágios de nosso conhecimento científico,sabemos que o Universo teria algo em torno de 15 bilhões de anos. Ao longo de todo esse tempo é que foram se formando todas as partes que que o constituem, estabelecendo-se as diversas fronteiras que demarcam o conjunto dos fenômenos naturais.
Fronteiras da natureza, limites do nosso conhecimento
Fronteiras da natureza, limites do nosso conhecimento
No momento do Big-Bang, a grande explosão que teria dado origem à natureza, o Universo reduzia-se a uma massa compacta e mais ou menos homogênea de toda a matéria existente, é o que nos dizem os astrofísicos. Distinguir conjuntos de fenômenos, lugares geográficos e, portanto, fronteiras seria algo impraticável nesse universo.
Já nos períodos imediatamente posteriores ao Big-Bang, grandes conjuntos de poeira cósmica e gases começaram a se distinguir, dando origem às galáxias. E, no interior desses " pequenos universos " , reações químicas combinadas com o agrupamento, a fusão e o choque da matéria e dos fragmentos que compõem a poeira cósmica permitiram a formação de estrelas, planetas, satélites e demais astros presentes numa galáxia.
Várias estrelas converteram-se em espécies de centro de sistemas, e, ao redor delas, passaram a orbitar inúmeros desses planetas e satélites, além de outros astros.
Nosso sistema solar, surgido provavelmente a pouco menos de 5 bilhões de anos, é apenas um desses sistemas.
Assim foram se constituindo várias fronteiras, incluindo aquelas que delimitam o território do próprio planeta Terra. Posteriormente, a partir de seu resfriamento (há pouco mais de 4 bilhões de anos), estabeleceram-se também os limites que nos permitem distinguir as placas tectônicas, as camadas internas do planeta e suas " esferas " superficiais (hidrosfera, litosfera e atmosfera), enre outras.
O interessante é que o reconhecimento de todas essas fronteiras, que nos levam a compreender fatos ocorridos a bilhões e bilhões de anos, só tem sido possível graças aos conhecimentos científicos e aos progressos tecnológicos que apenas muito recentemente alcançamos.
O modelo que hoje utilizamos para descrever o sistema solar, por exemplo, começou a ser formulado nos séculos XV e XVI, mas até o início do século XVII acreditava-se que no Universo não existiam mais do que oito astros. Ao longo desse século e graças a descobertas proporcionadas pela luneta de Galileu, o número de astros conhecidos dobrou.
No entanto, somente na primeira metade do século XX é que se descobriu a existência de outras galáxias além da nossa. E teorias como as que são atualmente aceitas para explicar a origem do Universo (Big-Bang) ou a conformação de algumas das principais fronteiras terrestres (a tectônica de placas) só foram formuladas de maneira mais completa a partir dos anos 60 daquele século, quando os pesquisadores tornaram acessíveis evidências reforçadoras dessas teorias.
Mas as novidades nesse campo não param de aparecer.
Em anos recentes, alguns candidatos a possíveis novos planetas do sistema solar foram observados e descobertos. Tal foi o caso, por exemplo, do Sedna (observado no final de 2003 e anunciado com segurança em março de 2004) e de Éris (descoberto e anunciado em 2005). Ambos, embora muito distantes do Sol, apresentavam dimensões mais ou menos semelhantes às de Plutão, que até bem pouco tempo atrás era considerado o nono planeta de nosso sistema solar.
Sobretudo a partir da descoberta de Éris, cujas dimensões estimadas são, inclusive, um pouco maiores que as de Plutão, desencadeou-se entre os cientistas uma polêmica acerca do conceito de planeta e se deveriam ou não admitir um crescimento no número de planetas do sistema solar. Em 2006, uma reunião da IAU (sigla inglesa para União Astronômica Internacional) solucionou essa polêmica, "rebaixando" tanto Éris (que recebeu esse nome em homenagem àquela que, na mitologia grega, é considerada a deusa da discórdia) como Plutão à condição de "planetas anões". Dessa forma, ficaram limitados a oito o número de planetas do sistema solar, pois, segundo as novas definições adotadas pela IAU, para que um astro pudesse ser considerado planeta, este não só deveria apresentar dimensão compatível, mas também realizar uma órbita livre de obstáculos em torno do Sol. Graças aos poderosos telescópios e instrumentos tecnológicos de observação hoje existentes, constatou-se que os novos astros descobertos, assim como Plutão, têm suas órbitas obstruídas por um conjunto dos chamados "pequenos corpos do sistema solar" .
Polêmicas e definições à parte, o fato é que essas descobertas são algumas das mais recentes demonstrações de que a percepção e a identificação de todas as fronteiras existentes na natureza ainda estão longe de serem alcançadas. Isso depende fundamentalmente de nossa capacidade de ultrapassar os limites impostos por outro tipo de fronteira, que nos é muito familiar: a do nosso próprio conhecimento. Tais limites, como os diversos exemplos comprovam, não se revelam apenas quando nos aventuramos a investigar galáxias mais distantes ou os integrantes mais longínquos de nosso universo. São evidentes também nas investigações sobre as fronteiras e dinâmicas presentes nos entornos que nos são imediatos, tais como o próprio meio ambiente terrestre e o sistema solar.
Pensando talvez em expressar essa dependência existente entre as fronteiras do nosso conhecimento e as fronteiras da natureza e no fato que muitos dos limites que dizemos existir se devem à nossa capacidade limitada de conhecer, o físico Werner Heisenberg, Prêmio Nobel de Física em 1932, afirmou certa vez, em frase que se tornou célebre: " Na ciência, o objeto de investigação não é a natureza em si mesma, mas a natureza subordinada à maneira humana de pôr o problema " " .
Geografia Newton Almeida
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