O Mundo Após a Guerra Fria
A partir de 1989, a humanidade assistiu, perplexa, a uma série de acontecimentos até então inpensáveis. A derrubada do Muro de Berlim era um fato inimaginável, pelo menos a curto prazo, assim como a reunificação da Alemanha Ocidental (RFA) e da Oriental (RDA) em 1990, dadas as disparidades políticas, sociais e econômicas que as mantinham separadas.
O muro que dividia Berlim e a separação das Alemanhas constituíram os principais símbolos da Guerra Fria. De um lado havia uma democracia pluripartidária, a hegemonia da propriedade privada e da livre iniciativa, a rica sociedade de consumo que apresentava altos índices de produtividade e elevada competitividade. Do outro, uma ditadura de partido único, a exclusividade da propriedade estatal e da planificação centralizada, o consumo limitado e baixos índices de produtividade e de competitividade.
Em julho de 1991, outro símbolo da Guerra Fria desapareceu. Reunidos em Praga, na então Tchecoslováquia, representantes dos países-membros do Pacto de Varsóvia formalizaram a sua dissolução. Era o fim do conflito Leste x Oeste . Esses pontos cardeais retomavam, assim, seu significado intrinsecamente geográfico.
Finalmente, em dezembro de 1991, foi selada a desagregação geopolítica e territorial da União Soviética. Após declarar a independência da Rússia, o presidente Boris Yeltsin reuniu-se com os chefes de Estado da Ucrânia e de Belarus em Minsk, capital deste último país. Nesse encontro, foi firmado o Acordo de Minsk, que criou a Comunidade de Estados Independentes (CEI) em substituição à extinta União Soviética. Composta por 12 ex-repúblicas soviéticas, a CEI não é um Estado, mas uma aliança de estados independentes . Era o fim do “império vermelho” ou do “império do mal”, como o ex-presidente Ronald Reagan chamava a superpotência socialista que aterrorizou os capitalistas do mundo inteiro.
Uma ordem multipolar ou unipolar ?
No mundo bipolar da Guerra Fria, o poder se baseava sobretudo na capacidade militar das duas superpotências. No mundo pós-Guerra Fria, o poder é medido mais pela capacidade econômica : disponibilidade de capitais, avanço tecnológico, qualificação da mão-de-obra, nível de produtividade e índices de competitividade. Esses são os novos padrões de poder e influência no mundo, que explicam a ascensão do Japão e da Alemanha (principalmente após a sua reunificação) à posição de grandes potências e, ao mesmo tempo, a decadência da Rússia, que, embora seja a herdeira principal do poderoso arsenal nuclear soviético, tem um parque industrial obsoleto e pouco produtivo. Além disso, o país mergulhou em profunda crise social, política e econômica ao longo dos anos 1990, da qual só agora, início do século XXI, começa a se recuperar.
Com a reconstrução do Japão - cuja economia foi a que mais cresceu no mundo até os anos 1980, quando o país se transformou no grande competidor dos Estados Unidos e passou a influenciar o Leste Asiático – e a consolidação da União Européia com base nas economias alemã e francesa, muitos passaram a falar na emergência de um mundo multipolar .
A China também emerge como uma nova potência, reforçando a tese da multipolaridade. O país possui a maior população do planeta e, portanto, um gigantesco mercado consumidor em potencial. Além da mão-de-obra barata, oferece facilidades para atrair capitais estrangeiros ; por isso é a economia que mais cresce no mundo há duas décadas. Além disso, seu podre militar é crescente : possui armas nucleares e é membro permanente do Conselho de Segurança da ONU.
Os países economicamente mais poderosos do mundo atualmente são os Estados Unidos, o Japão, a Alemanha e a China, com destaque para o primeiro, que cresceu ininterruptamente durante a década de 1990, reforçando sua hegemonia. Por isso, segundo muitos analistas, vivemos num mundo unipolar, sobretudo após a eleição de George W. Bush e a reafirmação do poder da máquina militar norte-americana. Essa tese ganhou força após os ataques de 11 de setembro de 2001, episódio que levou os Estados Unidos à guerra no Afeganistão em 2002 com objetivo de capturar Osama Bin Laden e destruir as bases da organização Al Qaeda naquele país e, em seguida, em 2003, à guerra contra o Iraque para depor Sadam Hussein, que supostamente armazenava armas de destruição em massa . Essa última guerra, na realidade uma invasão os moldes do antigo imperialismo, ocorreu sem a legitimação de uma resolução do Conselho de Segurança da ONU, reforçando o unilateralismo norte-americano. Essas mediadas refletem a chamada Doutrina Bush, que consiste em desencadear ataques preventivos contra países que, segundo o Pentágono, podem abrigar ou apoiar terroristas e ameaçar a segurança norte-americana.
Além do Afeganistão e do Iraque, já atacados, constam da listado Pentágono, entre outros, o Irã e a Coréia do Norte, países que compõem o chamado eixo do mal , no linguajar maniqueísta e belicista do presidente Bush, que em um de seus discursos chegou a ameaçar : “ Cada nação e cada religião têm de tomar uma decisão agora. Ou estão conosco ou estão com os terroristas “ .
Embora os Estados Unidos tenham emergido como única superpotência mundial, as polaridades no mundo pós-Guerra Fria ainda não estão claramente definidas.
Fonte : Livro Geografia – Ensino Médio ( Volume Único) ; Moreira, João Carlos ; Sene, Eustáquio de ; Editora Scipione ; 1ª edição ; 2010 .
Geografia Newton Almeida
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