Estados Unidos Indígenas
A questão da minoria indígena nos Estados Unidos da América
Ao longo da história dos Estados Unidos da América, inúmeras sociedades indígenas foram eliminadas pelos colonizadores, principalmente durante a conquista do Oeste.
A partir do fim do século XIX, após negociações com os governos do país, a maior parte das tribos sobreviventes passou a viver confinada nas reservas, onde, pelos acordos feitos, teriam autonomia e assistência social do Estado. Para isso tiveram de ceder as terras que ainda lhes restavam, as quais foram sendo ocupadas pelo próprio Estado ou por empresários capitalistas.
Hoje as comunidades indígenas somam cerca de 1,4 milhão de pessoas e constituem a minoria étnica que apresenta as piores condições de vida dos Estados Unidos. É também a mais desprezada, comparando-se com outras minorias que são igualmente discriminadas naquele país, como os negros e os latino-americanos (porto-riquenhos, mexicanos, etc.). Do total desse contingente de indígenas, 55% vivem nas reservas, 44,5% em cidades e 0,5% no meio rural.
A organização política, econômica e cultural das tribos indígenas é radicalmente diferente da organização da sociedade capitalista. Por exemplo : elas não possuem Estado, nem escolas, nem prisões, pois são contra a dominação de um homem pelo outro. Assim, é fácil compreender por que os indígenas que não foram dizimados acabaram sendo destruídos em sua identidade sociocultural. Compreendem-se, também, os dados estatísticos que registram entre os indígenas elevadas taxas de suicídio (21,8%, contra 11,3% de brancos, numa amostragem de 100 mil pessoas) e de alcoolismo.
Embora tenha sido criado o Departamento para Assuntos Indígenas, órgão federal responsável pelos programas assistenciais, os indígenas apresentam elevadas taxas de mortalidade infantil (em algumas reservas elas chegam a 10%o), o que demonstra suas precárias condições de vida. O rendimento anual de uma família indígena geralmente é pouco superior a 1.500 dólares e nem todos têm emprego permanente.
No fim da década de 1970, mais da metade do grupo Sioux Dakota estava desempregada e dependia da ajuda social do Estado. No campo, a intensa mecanização da agricultura praticamente eliminou os trabalhos temporários, como a colheita, obrigando a população indígena, principalmente os homens, a migrar para as cidades. Mas, o Departamento para Assuntos indígenas não apresentava resultados concretos para a melhoria das condições de vida das tribos, o que lhe conferiu críticas acirradas.
Esse órgão, no fim da década de 1980, perdeu 11 bilhões de dólares quando, aceitando sem verificar as falsas informações das empresas petrolíferas, permitiu a exploração de petróleo em áreas de reservas indígenas. Por direito, os recursos naturais da reserva pertencem à tribo, de maneira que esse dinheiro seria suficiente para financiar por dez anos os programas do Departamento. Sua gestão omissa motivou as sociedades indígenas a iniciar um movimento para se libertar da tutela do Estado.
Muitas tribos, porém, ainda dependem da assistência fornecida por esse órgão. Outras, em menor número, procuram de diversas maneiras se reorganizar sozinhas :
+ Em 23 estados da União, as reservas indígenas conseguiram, com jogos de bingo, os recursos financeiros necessários para a educação de seus jovens e para muitas atividades econômicas ;
+ No estado de Nova York, uma tribo resolveu seus problemas e vive melhor desde que passou a cobrar impostos territoriais dos 7 mil habitantes da cidade de Salamanca, situada em terras de sua reserva ;
+ No estado de Washington, treze tribos estão melhorando seu padrão de vida com a exportação de madeiras e frutos do mar para a China e outros países asiáticos ;
+ A tribo Puyallup já está em condições de resolver suas sérias dificuldades econômicas porque cedeu os direitos sobre um terreno de alto valor imobiliário, localizado na cidade de Tacoma, em troca de empregos, terras aráveis, dinheiro, programas de treinamento de mão de obra e construção de um porto comercial.
Portanto, podemos concluir que a minoria indígena dos Estados Unidos sabe que só conseguirá garantir uma sobrevivência digna se atuar independentemente da tutela do Estado. Isso poderá resultar na formação de uma sociedade autônoma nos Estados Unidos.
Fonte livro : VESENTINI, J. William ; VLACH, Vânia . Geografia Crítica , Geografia do mundo industrializado . Editora Ática . 4ª edição . São Paulo : 2010 .
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