China
Fonte : Livro Geografia – Ensino Médio ( Volume Único) ; Moreira, João Carlos ; Sene, Eustáquio de ; Editora Scipione
A China é hoje um país com dois sistemas econômicos : o socialista, que resiste nas regiões mais distantes dos grandes centros e sobretudo nas relações de propriedade - os meios de produção, em sua maioria permanecem nas mãos do Estado - , e o capitalista, que organiza cada vez mais as relações de produção e de trabalho, sobretudo nas regiões mais modernas. Esses dois modelos econômicos estão amalgamados por um sistema político próprio : a ditadura do partido único, o Partido Comunista Chinês.
A economia chinesa foi a que mais cresceu no mundo ao longo dos anos 1980 a 1990, enquanto a da União Soviética, seu modelo inspirador, encolheu significativamente. O país já é a sexta economia do planeta, e o mercado mundial é invadido num ritmo crescente por produtos made in China ( "feitos na China") . Para explicar essa realidade é necessário fazer uma pequena retrospectiva da história da China .
Da China Imperial à Revolução Comunista
A China é um país milenar. Ao longo de seus séculos de história, alternou períodos de maior e de menor produção cultural, artística e tecnológica : basta lembrar a pólvora e a bússola, ali desenvolvidas durante a Idade Média Européia, ou a Grande Muralha e as cerca de 7.000 estátuas dos guerreiros de Xi ' an , construídas dois séculos antes da era cristã e descobertas somente em 1974. Várias dinastias governaram a China, mas no final do século XIX, sob o governo da dinastia Manchu, o império estava decadente. A figura do Imperador era apenas pro forma, decorativa, porque naquela época o país fora partilhado entre diversas potências estrangeiras.
No início do século XX, sob liderança de um jovem médico chamado Sun Yat-sen, foi organizado um movimento nacionalista hostil à dinastia Manchu e à dominação estrangeira. Esse movimento culminou em uma revolução, em 1911, que atingiu as principais cidades do país. Tal revolução pôs fim ao império e instaurou a república em 1912. Sob a direção de Sun Yat-sen, foi organizado o Partido Nacionalista, o Kuomitang.
Apesar da proclamação da República, o país continuava mergulhado no caos político, econômico e social. O poder permanecia fragmentado. Muitas regiões estavam sob controle de lideranças locais, os chamados " senhores da guerra " . Pequim controlava apenas uma pequena parte do país, e mantinham-se laços de dependência com as potências estrangeiras.
Foi por aquela época que começou a se desenvolver uma incipiente industrialização, com a chegada de capitais estrangeiros interessados em aproveitar a mão-de-obra muito barata e a grande disponibilidade de matérias- primas. Começaram a ser instaladas algumas fábricas nas principais cidades do país, sobretudo em Xangai. No conjunto, porém, a China continuava a ser um país de camponeses dominado por estrangeiros. A tímida industrialização foi interrompida pela invasão e ocupação da China pelo Japão, na década de 1930, e pela guerra civil , que se estendeu de 1927 até 1949. Entre os intelectuais chineses, desiludidos com a ideologia liberal, e ante a impossibilidade de desenvolvimento dentro de um modelo capitalista dependente, as idéias revolucionárias ganharam força. Além de receber a influência da Revolução Russa, essas idéias agora se juntavam ao sentimento nacionalista e anticolonial que deu origem, em 1921, ao Partido Comunista Chinês (PCC), do qual fazia parte, entre seus fundadores, Mao Tse-tung , seu futuro líder.
Com a morte de Sun Yat-sen, em 1925, o Kuomitang passou a ser controlado por Chiang Kai-shek . Depois de uma curta convivência pacífica, em 1927 o governo nacionalista colocou o PCC na ilegalidade, iniciando uma guerra civil entre comunistas e nacionalistas, que se estenderia, com breves interrupções para combater os japoneses, até o fim da década de 1940. Depois de unificar o país em 1928, Chiang Kai-shek passou a liderar o Governo Nacional da China com mão-de-ferro. Assim, na década de 1930, paralelamente à ocupação japonesa na Manchúria (região onde se localiza Pequim, atual capital chinesa, também conhecida por Beijing), o enfrentamento entre comunistas e nacionalistas persistia. Em 1934, os japoneses implantaram na Manchúria, com a conivência das potências ocidentais, o Manchukuo (Reino Manchu), um país apenas formalmente independente, tendo como governante Pu Yi, o último imperador chinês, que ficara aprisionado ainda criança na Cidade Proibida desde a proclamação da República, em 1912. Pu Yi, porém, era um imperador fantoche. Quem governava Manchukuo de fato eram os japoneses, que tinham se apoderado de uma das regiões mais ricas em minérios e combustíveis fósseis de toda a China.
Em 1937, os japoneses declararam guerra total contra a China, atacando-a maciçamente. Chegaram a ocupar, próximo do fim da Segunda Guerra Mundial, em 1945, cerca de dois terços do território chinês. As cidades mais importantes do país estavam sob seu controle. Somente nesse curto período houve um apaziguamento entre comunistas e nacionalistas, empenhados em derrotar os invasores japoneses. Bastou, no entanto, que o Japão assinasse sua rendição para que o conflito interno na China se agravasse.
Depois de 22 anos de guerra civil, com breves interrupções, os comunistas do Exército de Libertação Popular, liderados por Mao Tse-tung, saíram vitoriosos. Em outubro de 1949 foi proclamada a República Popular da China. O país foi unificado sob controle dos comunistas, comandados por Mao Tse-tung, então secretário geral do PCC : nascia a China Comunista. Os membros do Kuomitang, comandados por Chiang Kai-shek, ao se refugiarem na Ilha de Formosa, ali fundaram a República da China Nacionalista, também conhecida como Taiwan.
Geografia Newton Almeida
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