quarta-feira, 31 de agosto de 2011

Revoltas Populares Recentes nos Países Árabes : Primavera Árabe



Geografia Newton Almeida
    No final do ano de 2010 a África do Norte  e partes do Oriente Médio foram sacudidos por organizações pacíficas da população, clamando por melhores condições de vida e liberdade de expressão. Os países onde aconteceram, e vem acontecendo essas revoltas têm em comum pertencerem ao  chamado grupo dos países árabes , de religião predominantemente islâmica,  e com sistemas de governo totalitários, e em alguns casos com os mesmos ditadores no poder por mais de trinta anos, ou em outros com um certo disfarce democrático. 
    Outra característica dessas " revoltas populares " é que a sua organização contou com o apoio da internet, onde as redes sociais se transformaram em instrumento de organização e planejamento de movimentos, a princípio pacíficos, mas que foram violentamente rechaçados pelas forças militares de seus países. Portanto, em alguns momentos verdadeiras guerras civis eclodiram, e o caso mais dramático foi na Líbia, que colocou o país inteiro sob uma intensa guerra civil, inclusive mobilizando forças militares internacionais .  
    Sem sombra de dúvida, a globalização, sob aspecto de avanço nas telecomunicações e rede de transportes, coloca em alerta os regimes ditatoriais de todo o mundo, e por essa razão, é que a China faz investimentos  no monitoramento e censura da internet e outros veículos de comunicação. 
     Leia a seguir um pequeno resumo dessas revoltas populares em cada país. 




Líbia : Desde que assumiu o poder, em 1969, Kadafi proibiu todos os tipos de associação civil na Líbia. Não conseguiu desbaratar, no entanto, as ligações de uma sociedade tradicionalmente tribal. “Em outros países, as uniões familiares acabaram se tornando menos importantes com o surgimento de outras formas de associações civis. Na Líbia, as tribos foram a única maneira que as pessoas encontraram para se organizar e se ajudar”, explica a especialista em Oriente Médio da Northwestern Univeristy, nos EUA, Wendy Pearlman. 
  Há cerca de 30 tribos de mais influência na Líbia, mas existem inúmeras outras menores. Os grupos são independentes entre si, e, nesta revolta popular, alguns apoiam Kadafi e outros estão contra ele.
  A partir de fevereiro de 2011 o país entrou em guerra civil .  A situação é caótica, catastrófica. Há uma violência organizada do estado contra pessoas que estão protestando pela saída de Muamar Kadafi. O poder está fragmentado entre várias facções e tribos no país. A parte oriental do território está nas mãos de opositores. Kadafi e o seu governo estão se entrincheirando em Trípoli e prometeram lutar até a última gota de sangue.
  O Conselho de segurança  da ONU decidiu a composição de uma força militar para atacar as posições  de Kadafi, com objetivo de proteger os civis revoltosos.
  A Presidente Dilma Roussef se posicionou contrária aos ataques, preferindo negociações pacíficas . 
    O ocidente interveio militarmente na Líbia devido à sua posição estratégica no mediterrâneo, o histórico político de Muamar Kadafi (constantemente apontado como financiador de ações terroristas contra países do ocidente) e por ser um dos maiores produtores de petróleo do mundo. 
    Estados Unidos, França e Grã-Bretanha comandam a ofensiva com o objetivo de impor uma zona de exclusão aérea na Líbia, para proteger civis opositores de bombardeios do governo.
   Em agosto de 2011, os chamados rebeldes, integrantes de milícias que combatem as forças militares de Kadafi, venceram : conseguiram invadir o refúgio de Kadafi, a sua fortaleza.  
     Até agora  30 de agosto de 2011 o Ditador  Muamar Kadafi continuava foragido. Os rebeldes estão cercando a cidade natal de Kadafi,  Sirte, após terem efetivamente controlado a capital Trópoli, sinalizando o iminente fim da guerra civil na Líbia. 
    No dia 20 de outubro de 2011, à noite, foi anunciada a morte de Muamar Kadafi, ele teria sido feito refém em Sirte, e depois de capturado houve uma troca de tiros e Kadafi foi alvejado com dois tiros no peito. A Líbia inicia uma nova etapa da sua história, deixando mais de 20 mil mortos nessa   guerra civil . 

Argélia : uma série de protestos vem aconteceram  em toda Argélia a partir de Janeiro de 2011. As causas citadas pelos manifestantes incluem o desemprego, a falta de habitação, a inflação dos alimentos, a corrupção, a liberdade de expressão e de más condições de vida. Enquanto os protestos localizados já eram comum nos anos anteriores,  uma sequência sem precedentes de protestos simultâneos e tumultos eclodiram em todo o país a partir de janeiro de 2011,  e  foram seguidos por uma onda de auto-imolações (atear fogo ao próprio corpo), a maioria delas na frente de prédios do governo. Os partidos da oposição, em seguida, começaram a realizar manifestações, ilegais na Argélia, sem a permissão do governo no âmbito do estado de emergência , em curso desde o golpe de Estado de 1992.     
    O presidente da Argélia, Abdelaziz Bouteflika,  prometeu iniciativas para ajudar a criação de empregos , o acesso da oposição às mídias oficiais, e   medidas imediatas do governo para reduzir os preços dos alimentos .
   
    Marrocos :  milhares de  marroquinos foram às ruas, em fevereiro de 2011, protestando nas principais cidades do país, principalmente em Rabat e Casablanca, pedindo reformas constitucionais e dissolução do parlamento. 

   Tunísia :  Desde o último dia 16 de dezembro a Tunísia vive uma grande onda de revolta que vem se espalhando por todo o país. Tendo início nas cidades do interior, a rebelião contra o governo central chegou nos últimos dias à capital do país, Túnis.
  O estopim da revolta popular se deu após o jovem Mohammed Bouazizi atear fogo ao próprio corpo como protesto. O jovem Bouazizi, que estava desempregado e trabalhava como vendedor ambulante, se revoltou após a polícia apreender a mercadoria que ele vendia.
   Apontada como modelo de estabilidade na região, a Tunísia, sob o regime ditatorial imposto por Ben Ali, tem sido um dos pilares de sustentação dos interesses do imperialismo na região. Depois de assumir o poder no lugar do nacionalista Habib Burguiba por meio de um golpe de Estado em 1987, o atual presidente do País fez uma série de reformas "neoliberais", aumentando a presença do capital estrangeiro no país e privatizando empresas públicas.
   Os acontecimentos na Tunísia são mais uma prova da tendência a uma intensa mobilização revolucionária que começa a se desenvolver em todo o mundo. Todos os acontecimentos do último mês mostram que atual crise capitalista faz a situação política mundial caminhar a passos largos no sentido da  revolução proletária.
   Em 14 de janeiro de 2011,  Ben Ali não teve outra alternativa senão fugir do país e da cólera do seu povo. Ele e os seus colaboradores mais próximos fugiram em quatro helicópteros para a ilha mediterrânica de Malta. Como Malta se recusou a recebê-los, apanharam um avião para França. Ainda no ar, os franceses fizeram saber que não lhes permitiriam a entrada. Então o avião voltou para trás, para a região do Golfo, até que finalmente foi autorizado a aterrizar e foi bem recebido na Arábia Saudita.

      Egito : Os motivos para as Manifestações são que os egípcios se queixam dos altos índices de desemprego, do autoritarismo do governo, dos níveis elevados de corrupção, da violência policial, leis de estado de exceção, o desejo de aumentar o salário mínimo, falta de moradia, inflação, falta de liberdade de expressão e más condições de vida.  Sendo o principal objetivo dos protestos  derrubar o regime do presidente Hosni Mubarak.
  As manifestações no Egito foram convocadas pela Internet sob o nome de “Dia da Ira”, sendo que as redes sociais vinham sendo uma das principais fontes de informação para o mundo exterior.
  O conflito no Egito parece até repetir o que aconteceu há duas semanas na Tunísia (outro país árabe do norte da África), onde uma rebelião popular derrubou o presidente Zine al Abidine Ben Ali, após 23 anos no poder. Além disso, está repercutindo em outros países, onde manifestantes também têm se insurgido contra o governo, como no Iêmen e no Gabão.
   Parecia que esse dia, ainda fosse demorar muito, no entanto, ontem , 11 de fevereiro de 2.011 Omar Suleiman o vice presidente do Egito, em nota curta anunciou que Hosni Mubarak , acabara de renunciar ao cargo de presidente do Egito. A euforia tomou conta de todo o pais, marcando o fim da agonia de 30 anos de mandato marcado pela corrupção, repressão e pobreza.
    O Presidente do Egito Hosni Mubarak renuncia e uma junta militar assume o poder no país. Atualmente (agosto de 2011) Hosni Mubarak está enfrentando julgamento, juntamente com dois de seus filhos, sob acusações de corrupção, abuso de poder e pela morte de centenas de pessoas nos conflitos que o depuseram do poder. Hosni Mubarak era um aliado dos  Estados Unidos e de Israel, estava no poder há trinta anos no Egito, e tem 83 anos de idade.  
   
    Iraque : em fevereiro de 2011 centenas de jovens saem às ruas de Bagdá, com balões e cartazes vermelhos para exortarem amor ao país e criticarem a ganância dos dirigentes. O Primeiro Ministro do Iraque, Nouri al-Maliki diz que a manifestação é  legítima e que continuaria trabalhando para melhorar as condições de vida no país. 
   Posteriormente, manifestações aconteceram nas cidades de Basra e Nasir, no sul do Iraque, clamando por reformas políticas. Em Bagdá, as manifestações foram combatidas por forças policiais, inclusive provocando a morte de pelo menos cinco manifestantes. 


     Jordânia : da mesma que na Tunísia e Egito, grupos organizados de sindicalistas e militantes da esquerda insuflam a população, tomam  as ruas de Amã e outras seis cidades e  exigem  a renúncia do Primeiro Ministro Samir Rifai . Com a continuação dos protestos o Rei Abdullah demite o primeiro-ministro, em fevereiro de 2011. Mesmo assim as manifestações continuaram, e   em julho de 2011 resultaram em 130 feridos e um morto. 


        Iêmen : o país é varrido por ondas de protestos, desde janeiro  de 2011, pedindo a renúncia do Rei Ali Abdullah Saleh, no poder há 32 anos. O Rei do Iêmen é um aliado do ocidente contra o terrorismo na região.  Mesmo após as declarações do Rei Ali Abdullah Saleh de que não permaneceria no poder e nem ao menos colocaria seu filho no seu lugar, os protestos continuaram e deixaram dezenas de mortos e centenas de feridos. 


     Síria  :  A revolta popular na Síria é, segundo o governo do país, resultado de uma insurreição armada, disse o Ministério do Interior na segunda-feira do dia 18 de abril de 2.011, após milhares de manifestantes pró-democracia terem realizado marcha na cidade de Homs exigindo a saída do presidente Bashar al- Assad. 
    Os movimentos populares tiveram início com dois adolescentes que pintaram a frase : O Povo Quer Derrubar o Regime. Esses dois jovens foram presos.  Essa frase tem sido usada em todas as marchas populares .  Segundo imagens e relatos dos manifestantes, os movimentos populares  encontram violenta repressão por parte das forças de segurança.
     A Sexta-Feira do Dia  6 de Maio de 2011 foi até agora  a manifestação mais expressiva, pois mobilizou cerca de 10 mil pessoas nas ruas, em cidades de todo o país. A autoridade Síria, seu Presidente Bashar al- Assad, filho do ex-presidente Hafez al - Assad, comanda o país com severa censura e opressão, sem qualquer tipo de eleição.
    Comenta-se que mais 800 pessoas tenham sido mortas, nas manifestações, pelas forças de segurança e que mais de 8.000 estão desaparecidas.  

Geografia Newton Almeida



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