sábado, 5 de abril de 2014

Europa ocidental : Neonazismo : Racismo : Geografia para 9º Ano Ensino Fundamental

   
Geografia Newton Almeida

    Esse texto aborda questões muito preocupantes sobre a intolerância contra os imigrantes. A Europa luta para enterrar na história as atrocidades cometidas na Segunda Guerra Mundial, mas parece que  um longo caminho ainda tem de ser percorrido.  Se movimentos que pregam a intolerância radical se mostram crescentes em países desenvolvidos, imaginem pelo resto do mundo o que  de ruim pode estar acontecendo. 
     A análise  dos movimentos sociais , deixando de lado  a neutralidade científica, é amplamente defendida pela chamada Geografia Crítica. Leia o texto com atenção e procure desvendar maneiras para que possamos conviver pacificamente, nesse espaço geográfico. 

              O texto foi transcrito do Livro : VESENTINI, J. Wiliam ; VLACH, Vânia. Geografia Crítica , o espaço brasileiro . 9º Ano. Editora Ática . 4ª edição . São Paulo : 2009. 
                
"    O preconceito em relação aos trabalhadores migrantes

   Desde meados da década de 1970, o racismo - questão social extremamente complexa - vem se agravando na Europa ocidental, particularmente em alguns países, como França, a Bélgica e a Alemanha. Muitas vezes os grupos ou movimentos racistas assumem a ideologia neonazista, ou seja, procuram se inspirar nas ideias nazistas de Hitler e nos preconceitos contra certos grupos étnicos - negros, judeus, turcos e outros - , religiosos e também contra estrangeiros em geral. 
   O amplo desenvolvimento econômico de vários países da Europa ocidental, entre os últimos anos da década de 1950 e o início da década de 1970, fez com que esses países precisassem de um grande número de trabalhadores para exercer tarefas mais pesadas e de menor remuneração, às quais a sua população não se sujeitava mais. Assim, milhões de pessoas procedentes de países menos industrializados da própria Europa ocidental, como Grécia, Espanha e Portugal, e também da Turquia e de algumas ex-colônias africanas e asiáticas, migraram para os países altamente industrializados. Essas migrações se intensificaram a partir de 1989, com a abertura das fronteiras de países da Europa oriental, o que provocou o deslocamento em massa de alemães-orientais, poloneses, albaneses, húngaros, romenos, etc. para a Europa ocidental. 
   Contudo, a partir de meados dos anos 1970, houve uma enorme mudança na economia capitalista, com menor necessidade de mão de obra barata. Iniciou-se a Terceira Revolução Industrial, que substitui maciçamente trabalhadores pouco qualificados por máquinas ou robôs e, consequentemente, aumenta o desemprego, que atingiu tanto a população nacional quanto os imigrantes. Com isso, parte desses imigrantes teve de retornar aos países de origem. 
   Desde então o desemprego vem sendo o grande problema social em todos os países desenvolvidos. Ele é uma consequência da atual fase da economia moderna, baseada  na  informática e na robotização  : há  menor necessidade de mão de obra, em especial de trabalhadores pouco qualificados. No entanto, as migrações internacionais prosseguem, com milhões de pessoas entrando todos os anos (legal ou clandestinamente) na Europa e nos Estados Unidos tentando encontrar emprego.
   Isso aumenta a mendicância e o subemprego, que esses países desenvolvidos praticamente não conheciam até os anos 1970. A criação de novas atividades ou de empregos poderia solucionar esses problemas. Outra forma de solucioná-los, principalmente o problema do desemprego, seria estabelecer uma jornada de trabalho menor (quatro horas por dia, e não mais sete ou oito), sem perdas salariais, o que permitiria a mais pessoas trabalhar.
   Essas mudanças, porém, são demoradas e, provavelmente, exigirão muita luta, muitas greves, tal como ocorreu na passagem do século XIX (quando se trabalhava em média catorze ou dezesseis horas por dia, até mesmo aos sábados) para o século XX . Hoje, a jornada média é de oito horas diárias ou menos, como é o caso da maioria dos países desenvolvidos. 
   Investir nos países e nas regiões mais pobres, criando empregos nessas áreas, pode ajudar a resolver esses problemas, pois eles são a fonte dos novos imigrantes que chegam a cada ano nos países ou regiões desenvolvidas.
   Contudo, classes sociais com determinados interesses políticos e partidários conservadores usaram a etnia para explicar o desemprego. Em outras palavras, responsabilizaram os trabalhadores migrantes pela falta de emprego  pela redução do padrão de vida do trabalhador local. Trata-se na verdade de um simplismo, pois, em vez de examinar os verdadeiros motivos do aumento do desemprego (as mudanças econômicas e tecnológicas), tenta-se encontrar um bode expiatório, um "culpado" a ser punido e banido do país.
   Jogando os trabalhadores uns contra os outros, esses grupos racistas tentam dividir as classes populares e despertar o ódio, a desconfiança, a antipatia e o temor na população, problema que marcou as duas últimas décadas do século XX na França, na Itália, na Bélgica e, em especial, na Alemanha. Há partidos políticos conservadores que são explicitamente racistas, que apregoam a "limpeza étnica", isto é a expulsão dos estrangeiros como solução para os problemas do país.
   No século XXI as manifestações da intolerância continuam. Movimentos contrários a essa violência têm se organizado, sem, contudo, conseguir reduzi-la.  

                                                         Geografia Newton Almeida      


Foto : jovem neonazista assiste a discurso durante marcha pelo Neonazismo em outubro de 2006, na cidade de Leipzig, Alemanha, que reuniu cerca de 200 ativistas e simpatizantes do movimento. 
                                           
                                                                                                                                     

GEOGRAFIA Newton Almeida

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